Livre comércio Brasil-China é um delírio suicida

Um tratado de livre comércio entre Brasil e China, com a abolição de todos os impostos de importação de parte a parte só pode passar pela cabeça de quem desejasse, no espaço de poucos anos, transformar o Brasil numa colônia extrativista completa.

Procure por aí um industrial – mesmo de áreas mais simples, como têxteis, confecções, calçadistas – e pergunte a eles qual a condição que teriam de concorrer com importados chineses com tarifa zero de importação.

As respostas só variarão entre quebrar, falir, fechar e arruinar-se.

A China exporta mais de dez vezes o que o Brasil vende para o exterior: US$ 2,5 trilhões, 30% disso em várias categorias de eletroeletrônicos. A China responde por 50% da produção mundial de têxteis e por 47,2% das confecções. O Brasil, mesmo sendo o 5° maior produtor do mundo, responde por apenas cerca de 2,5 de cada um dos dois setores. No aço, a exportações chinesas do produto direto e no indireto (produtos onde há uso intensivo do material) sobem a taxas de 10% ao ano.

O caminho para um tratado deste tipo teria obstáculos geopolíticos imensos, criando condições para um exportador de grãos para a China – soja e milho – que em nada interessa aos EUA ter como competidores. Um eventual efeito negativo para o acordo Mercosul-União Europeia, que parece ter “melado” antes de nascer nem teria tanta importância, justamente por isso.

Nossa relação de comércio com a China, como você vê no gráfico, não precisa ser expandida a qualquer preço, precisa é focar em pontos que nos tragam mais que a simples receita cambial, mas investimentos, “matéria-prima” que os chineses têm sobrando, sobretudo numa quadra de juros baixos pelo mundo.

É muito mais vantajoso, com os chineses, firmar acordos de compras diretas, em condições tarifárias especiais, envolvendo investimentos em infraestrutura no Brasil – onde interessa à China ter participação em extração de petróleo, produção de energia, ferrovias e portos, em troca de cotas a preço firme de petróleo, minérios e grãos. Importar produtos industriais do Brasil – afora na área de aviação ( e ainda assim com joint-ventures na China, isso se a compra da Embraer pela Boeing não arrefecer seu interesse) – não está no radar chinês.

Como propaganda, porém, entrou na visita dos Brics como uma conversa xingling sobre um acordo fadado a não sair.

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