Rejeição à ditadura é a rejeição a Bolsonaro

A pesquisa Datafolha publicada hoje pelo jornal é, na prática, mais expressiva do que a divulgada dias atrás, na qual se registrava que Jair Bolsonaro contava com 32% de apoio, contra 44% de rejeição.

Pois o apoio à democracia (75%) e à intangibilidade dos outros poderes (59% e 56% em relação ao Congresso e ao STF) não apenas subiram fortemente desde a posse o ex-capitão como os indicadores opostos, (simpatia a ditadura, 13%, fechamento do Congresso, 11%, e do Supremo, 14%) mostram que o “programa” bolsonarista é amplamente recusado pela opinião pública, mesmo no momento de crise e insatisfação que atravessamos.

É isso, afinal, o que está em jogo: não é possível, como pretende Fernando Henrique Cardoso e parte da mídia, “ter um pouco mais de tolerância” com o bolsonarismo, desde que ele fique dentro dos marcos formais da democracia.

Porque, na fronteira do autoritarismo, ele é uma permanente ameaça às liberdades, sempre foi e sempre será, porque o autoritarismo é a sua própria natureza.

Apenas os muito tolos – ou pior, os dissimulados, que não assumiram em 2018 que suportariam até a ascensão de um protofascista ao poder em nome da destruição da esquerda – podem crer que Bolsonaro pode ser “contido” pelas instituições.

Seu recolhimento dos últimos dias não é uma conversão recente ao Estado de Direito que ele atacou durante toda a sua vida política, defendendo a ditadura, a tortura, a brutalidade. É apenas uma trégua para rearmar-se, um recuo para fortalecer-se, um passo atrás para tentar avançar dois na sua caminhada insana, que a direita e seu braço midiático tolerou e facilitou em nome do desmonte de um Estado, ainda que timidamente, nacional e social.

Mesmo nesta quadra horrorizante de História, com brasileiros morrendo como moscas diante de uma conduta totalmente insana do governo brasileiro ante a pandemia do novo coronavírus, parte dos “tolerantes” mitiga sua opinião de olho na consumação total do projeto de aniquilação dos direitos sociais e da soberania nacional, a “parte boa”, para eles, do atual governo.

Não existe, na política, a história dos “males que vêm para o bem”. Não podem haver, para um país, políticas positivas que venham de um regime político excludente e opressor.

Afinal, porque reprimir e esconder aquilo que seria bom para este povo sofrido e esta economia em ruínas?

Dizer não, sempre não, a Jair Bolsonaro é a única forma de dizer “sim” ao Brasil e a seu povo.

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15 respostas

  1. Perfeito ! O monstro conteve sua fúria e isto foi suficiente para canalhas como FHC voltarem a apoia-lo.

    1. FHC diz uma coisa de manhã e outra à tarde, terminará por não dizer coisa com coisa. O Jairzinho paz e amor não tem sustentabilidade sequer a curto prazo. Confiar no Bolsonaro, desligar todos os seus fanáticos e parar todas as investigações sobre seus filhos e sobre o Queiroz e seus anfitriões? Não vai rolar. A casa vai desabar e sua queda vai ser espetacular. O problema é que esta casa é construída juntinho da Casa Grande, e sua queda vai abalar também os alicerces da vizinha.

  2. A única coisa que está protegendo o Brasil da ameaça do bozo é a própria incompetência dele e de seus capangas

  3. Mesmo se tomarmos uma definição mínima e procedimental da democracia, a história da Democracia no Brasil é marcada por uma série de interrupções provocadas por toda sorte de oportunismos políticos conforme as necessidades, as vontades e até mesmo os caprichos de certos grupos dominantes da sociedade brasileira, que acabam impondo ou mudanças ao sabor das conveniências (reeleição ou prolongamento do mandato) ou a aplicação seletiva do Direito e da Constituição (“impeachment”) , ou por último na eliminação total ou parcial das próprias regras do jogo.

    Essas constantes interrupções não permitem que as instituições democráticas como, por exemplo, os partidos políticos, fundamentais para o seu bom funcionamento (aqui são visto com desconfiança, hostilidade ou ojeriza), possam estabilizar, decantar, deitar raízes, criar uma cultura política que possa organizar a representação política e o universo político democrático. Para piorar inexiste no país uma série de condições que ou são necessárias ou que favorecem o bom funcionamento de todo o edifício democrático, por exemplo,:
    1. o nível de desigualdade existente na sociedade: não era no O Capital de Marx, mas na Política de Aristóteles, que esse problema era considerado a causa primeira de todas as revoluções, e nem Marx muito menos Aristóteles podiam prever e imaginar uma sociedade distópica como a brasileira)
    2. a existência de um clima de pluralismo político: não existe no mundo democrático nada parecido com nosso sistema de comunicação social, controlado por um par de famílias, ou que opera como a Rede Globo, caso único no mundo, um quase monopólio que funciona como agência de propaganda e imprensa oficiosa dos governos que apoia e partido político subversivo em tempos “oposição”, que pratica um sub-jornalismo que mente, manipula e esconde informações e que portanto é incompatível com os padrões mínimos do debate político democrático e pluralista,
    3. uma série de outra garantias relacionados ao Estado de Direito (por exemplo, a Lava Jato é incompatível não só com a Democracia, mas com o próprio conceito moderno e iluminista de Justiça, pertence não a Itália do Juiz Falcone ou da Operação Mãos Limpas, ma a Europa medieval e a seu direito inquisitorial e ao Tribunal do Santo Ofício no qual o tribunal e o juiz, ao invés de ser uma instância imparcial, é parte interessada no resultado do próprio processo que instrui, onde a coincidência do acusador e do juiz em uma única pessoa implica um amplo e discricionário poder do juiz que julga, investiga, exerce poder de polícia, acumula provas, e acaba por fim a diminuir notoriamente a sua imparcialidade, e resulta em clara desproporção ou poder das partes constituintes do processo (o acusado só tem os advogados de defesa, fiscais procuradores e juiz (e no nosso caso a Imprensa!) trabalham todos juntos, como imaginávamos e como viemos a saber com as filtrações das conversas da “força tarefa”, (bota “forçar” e bota encomenda, quero dizer “tarefa” nisso!), onde o processo se apresenta como “especial” (inclusive os órgãos fiscalizadores assim confirmavam) e está envolto em secretismo e baseado na suspeita, na denúncia secreta, na delação, onde a “presunção de inocência” é substituída pela “presunção de culpabilidade” invertendo assim o ônus da prova onde o acusado tem de comprovar e demonstrar sua inocência.

    E tudo isso para não falar no nível da cidadania que vive sob o tacão de um estado de mal estar social permanente como atestam nossas polícias, sistemas prisionais, sistema educacional, nosso sistema judicial.

    Precisamos instituir de uma vez por toda a Democracia Representativa e o Estado Democrático de Direito antes que nossas mal chamadas “elites”, o Donos do Poder, passem o ponto!!!!!!

    1. Policarpo,

      Já pensastes em desenvolver seu próprio canal de informações e debates.

      Terias muito a contribuir, fazes ponderações aqui sempre muito bem embasadas e com conhecimento teórico e prático (este último é o que mais falta a 95% dos atuais blogueiros/youtubers progressistas da atualidade).

      Pense com carinho, quem sabe começando com uma coluna em algum canal.

  4. Esta pesquisa está aí para forrar a campanha da Folha pela Democracia. Como se fosse possível pregar democracia sem antes reconhecer a completa inocência do Lula nos processos espúrios da Lavajato.

  5. “…as chamadas ‘ditabrandas’ -caso do Brasil entre 1964 e 1985…”

    https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz1702200901.htm

    Eu que não embarco nessa mudança desse jornal escravocrata. Da mesma forma que o Bozo, eles estão recuando pra emplacar o candidato deles. Já tem a entrevista logo embaixo da Batata Liberal falando que PT e Bozo são iguais. Lixo. Por mim, que falem sozinhos!

  6. Interessante é que por que o Datafolha não faz uma pesquisa sobre quem é favorável ao impeachment do bozo…

  7. Parabéns BRITO…VOCÊ conseguiu desvendar e verbalizar essa pesquisa.
    O restante dos analistas estão ainda patinando nas causas do resultado da pesquisa, ou seja, descobriram que o povo pobre é a”L”tamente dependente de uns trocados numa crise medonha como diria o Tio Briza e ainda, como tem excelente coração e personalidade, mais “ALTAMENTE” grato pela minoração de seu sofrimento.
    Então, PARABÉNS!

  8. Não nos deixemos nos enganar com esses números.

    A totalidade dos 10% que apoiam a ditadora estão totalmente a favor do Bozo.

    Os que dizem que tanto faz também. Só aí já tempos 22%. Faltam mais 10%.

    Agora, entre os 75% que dizem ser contra a ditadura, existem muitos alienados que falam que vivemos sob a “ditadura do STF” e outros que dizem “ditadura” foi o governo do PT, e o governo Bolsonaro está lutando pela democracia (“vamos fazer a vontade das maiorias, as minorias que se curvem”) e pela “verdadeira independência entre os poderes”;

    Somando tudo, encontramos fácil os 32% de “bom e ótimo” que insistem em apoiar o déspota.

  9. FHC e seus “genéricos”, tudo cancerígeno, estão ai pra matar, destruir esta nação. Sao o inseticida que a elite econômica e seus muchachos usam pra obter o crescimento de seus saques. Precisa desenhar? O que precisamos fazer?

  10. Por muito menos Collor foi defenestrado. E por nada, Dilma sofreu o golpe. Por que Aturar esse cidadão no poder? Até quando o país aguenta?

  11. Excelente pesquisa e análise! Brito ficou tão feliz que até se esqueceu da sempre oportuna advertência inicial da cautela que se deve ter com esse tipo de pesquisa por telefone. Acrescentaria que, não tivesse havido os governos do partido dos trabalhadores, os números ainda seriam os mesmos lá de 1989: metade pró democracia e metade contra. 2002/2003 foi a virada: dois pró para um contra. E, agora, depois das experiências exitosas do PT e do desastre que é deixar um déspota tomar o poder, a mudança que veio pra ficar: três pró para um contra!

  12. Batam palmas na próxima vez que um imbecil apoiador do Bozo for preso. Tudo o que eles querem é acabar com índios e pobres e acharam o capataz perfeito! Frente ampla é o caramba!!! Acordem! Se o Bozo vai cair, não vai ser pela dúzia de crimes de responsabilidade que ele já cometeu, mas sim pela mesma campanha que derrubou a Dilma! O Bozo é um imbecil que giraria uma escada pra trocar uma lâmpada e com esse QI de jumento lobotomizado ele vai aglutinar quem pra dar golpe de Estado??? Só um STF mais frágil que cristal líquido seria derrubado por fogos de artifício! Não batam palma pra Moraes, Dantas, FHC, Mandetta e outros golpistas! Se eles quiserem tirar o Bozo sem rever a pauta de direitos, que façam isso sozinhos!

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