Previdência: sem corrida (por falta de corredores) e sem pedidos abusivos

A editoria de economia do G1 abre manchete para uma matéria que se autodesmente e desmente o discurso oficial de que as pessoas estariam “forçando a barra” para aposentar-se antes da reforma bolsonariana da Previdência.

Os números estão todos lá, e cá embaixo, também.

Os pedidos de aposentadoria (por idade ou tempo de contribuição) estão em quantidades menores.

No total, foram 2 milhões 934 mil em 2017; 3 milhões 404 mil em 2018 e este ano, segundo os números que o G1 reproduz, 1 milhão 614 mil, arredondando, até 25 de setembro.

Ora, projetando a média para o resto do ano (e é claro que quem pode dar entrada deu ou está dando, porque está por dias a reforma) isso dá 2 milhões 152 mil pedidos em 2019.

Um queda de quase 37% em relação ao ano passado.

Estranho (eu mesmo me supreendi), mas são os números que constam da tabela dada pelo INSS ao site da Globo. Podem ter “tatu no toco”, como diz Ciro Gomes, mas tomemo-los como verdadeiros.

O único fator que pode explicar a queda é que, desde a apresentação da primeira tentativa de reforma previdenciária de Michel Temer, quem tem possibilidade de requerer aposentadoria, requereu, para garantir direitos que se procurava cassar.

Aliás, até de um pouco antes, porque a PEC 287, apresentada em dezembro de 2016, já era tema de debates desde a chegada do golpista (agora confesso) à Presidência, em maio.

Parte da redução se explica, portanto, porque o “estoque” de pessoas aptas a solicitar o benefício (que já contava com a idade ou o tempo de contribuição) minguou.

E as pessoas estão pedindo aposentadoria “malandramente”, mesmo sabendo que não contam o tempo necessário?

Nos pedidos por idade, a taxa de aprovação (benefício concedido sobre solicitado) foi de 52,4%; caiu para 39,4% em 2018 e agora, até setembro, está, diz a matéria, em 55%. Aumentou e não diminuiu, o que significa que os requerentes tinham os requisitos completados em grau maior que antes.

O mesmo ocorre nos pedidos e concessão por tempo de contribuição: a taxa de aprovação foi de 29% em 2017, 21,5% em 2018 e passou, até 25 de setembro, para 32,9% este ano.

O que está havendo na Previdência não é uma corrida, é um represamento e a razão é bem simples.

haverá, a partir da promulgação da reforma, uma queda significativa nos pedidos e concessões de benefícios e “soltar” o valor represado .

E tome represa: em 2016, o prazo médio de análise dos pedidos era de dois meses, ainda assim maior do que os 45 dias determinados pela Justiça. Agora, está em seis meses.

Os números dados ao G1 estão aí embaixo, para você conferir.

 

 

 

 

 

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9 respostas

  1. A explicação só pode ser a que o artigo descreve como única possível:
    “…desde a apresentação da primeira tentativa de reforma previdenciária quem tem possibilidade de requerer aposentadoria, requereu…”.
    Até quem é a favor dessa reforma não iria correr o risco de perder um direito adquirido. Inclusive, porque o direito adquirido é uma garantia relativa. Se a lei retira um direito adquirido, o prejudicado tem que entrar na justiça para reavê-lo. E a decisão da justiça, ainda que favorável, provavelmente levará anos. Quem vai arriscar e trabalhar mais alguns anos, para obter uma aposentadoria melhor? Melhor um pássaro na mão, do que dois voando…

  2. Brito bom dia, a previdência social está sem servidores.
    De 2015 para 2015, metade dos servidores se aposentaram e os governos Temer e agora Bolsonaro não estão repondo o quadro de servidores.

  3. G1 é um site da Globo. Portanto, não é notícia o fato de que a Globo manipula informação para ludibriar os brasileiros. Não é notícia, porque a manipulação pela Globo é mais antiga do que andar pra frente. Brizola estava certo !

  4. Daqui a alguns anos o governo não precisará mais se preocupar com aposentadoria. Todos serão “empreendedores”. Todos vendendo coxinha e dirigindo Uber.

  5. Pois a minha requisição levou 15 meses para ser analisada, 16 para ser concedida e o INSS ainda não reconheceu quase dois anos de contribuição sonegados pelo empregador – o Jornal do Brasil – embora o tempo conste na carteira do trabalho

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