O MP nasceu para ser o médico, mas acabou virando o monstro

Durante a ditadura, o Ministério Público, sem nenhuma independência, era uma instituição acovardada, oprimida.

A redemocratização a fez florescer: a independência de ação fez, durante anos, muito por este país e pelo convívio social, protegendo direitos coletivos, a dignidade humana, o meio ambiente, combatendo o abuso do poder econômico, a violência policial e tantas pragas que nós, brasileiros, queríamos abolir no rumo de uma sociedade justa e, senão fraterna, ao menos civilizada em suas diferenças.

O Ministério Público de hoje, capturado pela sanha punitivista e pela vaidade descontrolada dos seus membros, tornou-se uma deformidade monstruosa, uma espécie de Mr. Hyde da instituição que os redemocratizadores do Brasil, na Constituição de 1988 pensaram e fizeram para o país.

Que se pode esperar de uma instituição que foi dirigida, por quatro anos, por um homem que se deformou ao ponto de invadir, armado de pistola, a Suprema Corte de seu país disposto a assassinar um de seus ministros?

Não aconteceu nada, além de um tweet do quase assassino, ontem à noite, lamentando o pênalti perdido pelo Atlético Mineiro, numa demonstração de patética frieza.

E o que dizer de um país que nem a isso reage ou, no máximo, tem uma nota de Gilmar Mendes, o que ia morrer a bala, recomendando que ele procure ajuda psiquiátrica?

Muito pouco. Se fosse possível pensar esta situação em um país civilizado, certamente não ficaria por isso mesmo, produzindo o efeito prático de ajudá-lo a vender mais livros sobre sua imundície mental.

É pior, é a instituição que tem de tomar mudanças urgentes em seu comportamento, porque assiste sem reagir seus integrantes mais notórios, o “Intocáveis” da Lava Jato, entregarem-se , abertamente, à exploração de prestígio, a ódios políticos e pessoais e a ilegalidades, como a manipulação de provas para obter prisões e delações.

Chegamos a uma situação tão paradoxal que a Nação sente alívio em que o procurador geral da República seja escolhido por uma figura abjeta como Jair Bolsonaro e não por seus pares.

Ainda que haja gente lúcida entre eles, é forçoso reconhecer que, para o público – exceto para a matilha fanática que só tem a lamentar não ter sido disparada a pistola janotiana – o Ministério Público tornou-se um bando que tomou conta deste Brasil “Velho Oeste” a que regredimos.

 

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21 respostas

  1. A pior parte é a falta de reação de uma nação que assiste anestesiada o país caminhando celeremente em direção à decadência e, em seguida, à barbárie de volta à sua origem.

    “O Brasil é o único país do mundo que passou da barbárie à decadência sem conhecer a civilização” (Lévi-Strauss).

    1. Não acho nada disso. O que está a acontecer é um enorme salto do Brasil rumo ao que há de melhor da civilização. Foi Deus que nos deu esta provação tão completa e tão precoce, onde o Diabo parece ter jogado todas as suas cartas limpas e mais as escondidas na manga. Provação igual nem a dos horrores das piores guerras, e veio para que surjamos como uma nação que do mundo já sofreu de tudo e que não foi destruída. Sairemos dessa muito, muito mais fortes!

      1. Com todo respeito ,a sua confiança no futuro baseia-se na fé,portanto é pessoal,única e intransferível .
        Em termos de praticidade,lógica e posibilidades concretas ,carece de fundamento.É a fé no seu pastor que levou milhares de eleitores evangêlicos que “acreditam” num líder pacífico e amoroso ,a votar num defensor da tortura e da violência .

        1. Não tenho pastor. E minha confiança não vem de fé. É resultado de toda uma vida dedicada ao estudo da História.

          1. Correção: nã falei de seu pastor,me refería aos evangêlicos.
            A sua tese indica Deus como o autor desta “provação”, e Deus é fé,além disso não permite identificar qualquer menção a História da humanidade. .

  2. Mas pior é ministro acovardado por ameaça da matilha bolsonara. Pelos seus longos e falsos votos, usando jargões e sofismas barato se percebe claramente um voto matreiro. Se tivessem vergonha pediriam para sair pois esculhambam, por talvez justificada covardia , ( vejam o que acontecru com o Teori ) a nossa democracia.

  3. Agora entendo o a frase ” é o fim da picada”, ou seja, o veneno se espalhou pelo corpo. Só resta ao covil de cobras peçonhentas se devorarem.

  4. Descobrimos, boquiabertos, que o faroeste não está apenas nos rincões, mas nos gabinetes refrigerados, sob togas e cargos da mais alta responsabilidade. Selvageria é aqui mesmo. Conseguiremos sair dessa?

  5. ESSE SR. DEVERIA TER CASSADO SEU REGISTRO NA OAB , E EXPULSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. NO MÍNIMO.

  6. —–O Ministério Público de hoje, capturado pela sanha punitivista —– DISCORDO.
    Não existe sanha punitivista ,porque ela em sí ,a sanha ,uma deformação ,não escolhe lado, estes VAGABUNDOS CRIMINOSOS tinham lado.Este lado é o lado dos DONOS DO GOLPE que os aproveitaram bajulando-os,premiando-os,erguendo-os como heróis duma luta falsa.
    ESTES PROCURADORES VAGABUNDOS (porque devem existir os bons) CONFORMARAM UMA QUADRILHA CRIMINOSA DISPOSTA A ATROPELAR AQUILO QUE DEVIAM DEFENDER ——A LEI—–
    MALDITOS VAGABUNDOS PROCURADORES LAVAJATENSES VOCÊS SÃO DELINQUENTES RALÊS !!!! PIORES QUE TRAFICANTES E ASSASSINOS !!!!!!!,estes não tem a função de proteger o cidadão e RESPEITAR A LEI.

  7. LENITA DEMENTADA
    Mestre da linguagem, o mineiro Júlio Ribeiro, publicou em 1888, pouco antes de morrer em 1890 aos 45 anos de idade, a joia do romance brasileiro “A Carne”, no estilo da Escola “Naturalista” de Émile Zola. Romance estigmatizado desde então e no século XX por considerarem-no “libidinoso”, vejam só os leitores de hoje.
    Um trecho ainda hoje 131 anos depois, cai como uma luva sobre o domínio facinoroso dos que presidem a destruição atual do Brasil, que tornam heróis da pátria torturadores e matadores milicianos, comparando-se à personagem LENITA. Única herdeira, rica, virgem, com o falecimento do pai, fica hospedada e protegida por um riquíssimo fazendeiro do oeste paulista, canavial, moenda, engenho, açúcar e rapadura, alambique, e até cafezal, muitos escravos, capitães do mato, feitores, administradores.
    Com nitidez e clareza descritiva, crueza, brilho, contraste, impressionante, Júlio Ribeiro descreve: LENITA madrugara para secretamente, abrindo um furo na parede, assistir a um suplício de um escravo fugido na casa do tronco:
    “ … Sentia uma curiosidade mordente de ver a aplicação do bacalhau, de conhecer de vista esse suplício legendário, aviltante… Folgava imenso com a ocasião talvez única que se lhe apresentava, comprazia-se com volúpia estranha, mórbida na ideia das contrações de dor, dos gritos lastimados do negro misérrimo…
    “Ouviu-se o sino da fazenda vibrar muito sonoro.
    “Lenita tornou a espiar: a casa do tronco já estava clara. …
    “Abriu-se a porta e entrou o administrador seguido por um dos caboclos que tinha trazido o preto. ..
    “ E sacudia ferozmente o bacalhau.
    “É um instrumento sinistro, vil, repugnante, mas simples. Toma-se uma tira de couro com três palmos ou pouco mais de comprimento e de dois dedos de largura… adapta-se um cabo a uma das extremidades, corta-se a outra, espontando-se as duas pernas a canivete e está pronto. …
    “O administrador abriu o tronco, o negro ergueu-se bafo, trêmulo, miserável. …
    “O caboclo tomou posição à esquerda, mediu a distância, pendeu o corpo, recuou o pé esquerdo, ergueu e fez cair o bacalhau da direita para a esquerda, vigorosamente, rapidamente, mas sem esforço, com ciência, com arte, com elegância de profissional apaixonado pela profissão.
    “As duas correias tesas, duras, sonoras, metálicas, quase silvavam, esfolando a epiderme com as pontas aguçadas. …
    “O sangue ressumou a princípio em gotas… depois estilou contínuo, abundante, correndo em fios para o solo. …
    “O negro retorcia-se como uma serpente ferida, afundava as unhas na terra solta do chão, batia com a cabeça, bramia, ululava…
    “- Um! Dois! Três! Cinco! Dez! quinze! Vinte! Vinte e cinco!
    “Parou por um momento o algoz, não para descansar, não estava cansado, mas para prolongar o gozo que sentia, como um bom gastrônomo que poupa um acepipe fino.
    “Saltou por cima do negro, tomou nova posição, fez vibrar o instrumento em sentido contrário, continuou o castigo na outra nádega.
    “- Um! Dois! Três! Cinco! Dez! quinze! Vinte! Vinte e cinco!
    “Os uivos do negro eram roucos, estrangulados…
    “O caboclo largou o bacalhau sobre o estrado do tronco e disse:
    “-Agora uma salmorazinha para isto não arruinar.
    “E tomando da mão do administrador uma cuia que esse trouxera derramou o conteúdo sobre a derme dilacerada.
    “O negro deu um corcovo, irrompeu-lhe da garganta um berro de dor, sufocado, atroz, que nada tinha de humano. Desmaiou.
    “Lenita sentia como um espasmo de prazer, sacudido, vibrante; estava pálida, seus olhos relampejavam, seus membros tremiam. Um sorriso cruel, gelado, arregaçava-lhe os lábios, deixando ver os dentes muito brancos e as gengivas rosadas.
    “O silvar do azorrague, as contrações, os gritos do padecente, os fios de sangue que ela via correr, embriagavam-na, DEMENTAVAM-NA, punham-na em frenesi: torcia as mãos, batia os pés em ritmo nervoso.
    “Queria como as vestais romanas…[na luta dos gladiadores…] … ter direito de vida e de morte, queria poder prolongar aquele suplício até a exaustão da vítima; queria dar o sinal ‘pollice verso’ [polegar virado para baixo], para que o executor consumasse a obra .
    “E tremia, agitada por estranha sensação, por dolorosa volúpia. Tinha na boca um saibo de sangue.”
    ————-
    Vivemos no Brasil uma época de LENITAS DEMENTADAS, que desejam a continuidade da tortura, do descer do chicote, o bacalhau, sobre o Povo desamparado, desempregado, tornado marginal da sociedade.
    Quanta infelicidade, e ainda temos segmentos da população que as apoiam, por serem, ou intrinsecamente maus, ou por não enxergarem o mal de tudo isso como mau, disso tirando proveitos e privilégios.
    Podemos imaginar na sociedade brasileira atual, quem são os NEGROS FUGIDOS, o ADMINISTRADOR, o CABOCLO ALGOZ, as LENITAS DEMENTADAS, e o FAZENDEIRO, o CORONEL, que nem sequer se fazia presente, que não assistia aos suplícios. E que dizia: ” – Ai filha! Você não entende deste riscado! Qual barbaridade nem qual carapuça! Nesse mundo não existe coisa alguma sem sua razão de ser. Estas filantropias, estas jeremiadas modernas de abolição, de não sei que diabo de igualdade, são patranhas, são cantigas – preto precisa de couro e ferro como precisa de angu e baeta. Havemos de ver no que há de parar a lavoura quando essa gente não tiver no eito, a tirar-lhe cócegas, uma boa guasca na ponta de um pau, manobrada por um feitor destorcido. Não é porque eu seja maligno que digo e faço estas coisas; eu até tenho fama de bom. É que sou lavrador e sei o nome aos bois…”
    ———–
    No fim da história há uma tragédia, com Manduca, o culto filho do fazendeiro. Vivido, divorciado, embora na visão preconceituosa da época, casado. Lenita, levada pela paixão da necessidade física e emocional do desabrochar da sua juventude, o leva a desvirginá-la e tornam-se amantes escondidos e ela engravida. É abandonado por ela, que no fundo deseja um casamento socialmente “digno” para perfilhar o seu futuro filho. Manduca suicida através de uma auto injeção paralisante de curare.
    ———-
    Vale muito a pena ler “A Carne”, esquecido e estigmatizado romance. Conhecer informações gerais sobre a economia e a sociedade paulista pré-abolição. Aprender sobre a natureza brasileira e sutis lições da humanidade e da desumanidade, dos erros sociais, e poder traçar paralelos à nossa época, na pré-abolição da imperialização dos Povos.
    ———-
    “A Mr. Émile Zola…
    “… Le tout petit dieu qui vit en moi s’est agité, et j’ai écrit La Chair.
    “Ce n’est pas L’Assomoir [a Taberna], ce n’est pas La Curée [O Regabofe], ce n’est pas La Terre [A Terra]… Une chandelle n’est pas le soleil, et pourtant une chandelle éclaire. …
    “Agréerez vous la dedicasse que je vous en fais?…
    “Permettez que je vous fasse mon hommage complet, lige…
    “St. Paul, le 25 janvier 1888
    “Jules Ribéiro.”
    ———-
    Roberto Souza
    24/09/19

  8. Eu, o stf e outros sabemos desde o início que se tratava de quadrilha de bandidos com o objetivo de atacar a Petrobras com o seu pré-sal, as empreiteiras que concorriam com as norte-americanas e destituir o imbatível governo pt.
    Sempre soubemos, eu indignado e o resto … até gostando da trama.
    Agora chega este Intercept é joga na nossa cara, e na deles, a realidade desenhada e a cores.
    Eu continuo indignado e assustado, eles…
    Que desgraça nos causaram…!
    Que Deus os perdoe. Só ele pode.

  9. O Ministério Público transformou-se noutra instituição que atende pelo nome de Lava Jato.
    Tem a Lava Jato de SP, PR, RJ…

    E a Lava Jato é essa organização criminosa com sede na República de Curitiba…

  10. Dois esclarecimentos que não querem calar:
    e quem matou o ministro Teori Zavascki?
    E mais quatro vítimas desta máfia que perpetrou o golpe vagabundíssimo dos canalhas de 2016, não podemos esquecer!
    E quem patrocinou o ‘sFAKEamento’ do ‘presiMENTE’ DIABOzo?
    Com a palavra a ‘Vaza Jato’!
    Sim, tremeis, impostores excomungados!

    1. “Criamos um monstro!” Por jurista Sepúlveda Pertence – em alusão ao Ministério Público do Brasil

      1. EM TEMPO: “não ficará pedra sobre pedra!” Por egrégia, impávida, legítima e honestíssima presidenta Dilma Vana Rousseff!
        Ah, e profética!

  11. Com indicação da lista tríplice ou não, a merda é a mesma. O que precisa é fazer poderosos testes psiquiátricos e psicológicos para todos cargos da justiça nacional. TEM MUITOS BANDIDOS SE ESCONDENDO NESSES CARGOS.

  12. Ah, a embriaguez do poder!
    Lembro-me de tempos nem tão remotos assim, onde o juiz nomeava um promotor Ad hoc nos autos, escolhido entre cidadãos de conhecimento jurídico (não necessariamente advogados).
    Hoje, apelidado pela Constituição de instituição indispensável à promoção da justiça, nos encontramos, em todas as esquinas, com esses deuses supremos que forjam provas para prender e torturam para conseguir confissões.

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