Ministro da Justiça está terrivelmente enrolado no STF

A decisão da Ministra Cármem Lúcia ao determinar que, em 48 horas, o Ministério da Justiça encaminhe ao Supremo Tribunal Federal todo o material reunido no dossiê de arapongagem sobre servidores públicos antifascistas e, ainda, sobre quatro professores universitários, pelo mesmo motivo, deixa o ministro André Mendonça – o candidato “terrivelmente evangélico” de Bolsonaro a uma vaga no STF – em situação dificílima.

Jpa se viu, desde sua entrevista para a Globonews, no domingo, que há coisas demais para que ele simplesmente negue que se estivesse produzindo um levantamento:

“Independente da existência ou não [do dossiê], e eu não posso confirmar [que exista], determinei a abertura de uma sindicância para apurar os fatos relacionados, no âmbito do Ministério da Justiça, à produção de relatórios”.

Não compete ao Ministério da Justiça, mas à Agência Brasileira de Inteligência, Abin, realizar levantamentos “de inteligência”. Aliás, ainda que fosse sua atribuição, levantar a existência de um grupo de oposição política não se confunde com individualizar seus integrantes, a menos que estejam praticando ou pretendendo praticar ilícitos penais.

Já no despacho em que pede informações, Cármem Lúcia adianta que a composição do dossiê “escancara comportamento incompatível com os mais basilares princípios democráticos do Estado de Direito e que põem
em risco a rigorosa e intransponível observância dos preceitos fundamentais da Constituição da República”.

Isso, sob as ordens ou da omissão do Ministro-candidato, é gravíssimo, ainda mais porque se deu na sequência de ter Jair Bolsonaro chamado de “terroristas” os grupos antifacistas que a ele se opõem. Terrorismo é crime descrito na lei brasileira e, portanto, havendo indícios disso, deveria ter sido pedida a abertura de inquérito. Não havendo, como é o caso, é o crime de denunciação caluniosa, por “dar causa à (…) instauração de investigação administrativa” (art. 339 do Código Penal) sabendo não haver crime.

A ânsia de André Mendonça, antes um ponderado e afável advogado da União, em “puxar-saco” de Jair Bolsonaro pode lhe custar caro.

Terrivelmente caro.

 

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9 respostas

  1. Agora mais do que nunca o Bozo indica ele pro STF… Duvido que o Senado barre. Vai entrar no lugar do Celso de Melo acho que no mês que vem.

  2. Ele deve deve ter obtido estas informações através de um dos aparelhos Guardião que sumiu como fumaça da Lava Jato aliás onde deveria estar a disposição do Ministério Público, mas aqui no Brasil é tudo no “faz de contas”

  3. Mudando um pouco de ‘pé-no-saco’ para ‘mala-sem-alça’, sem querer transformar o cara num santo, até porque ele mesmo observa que “quando dois mafiosos brigam, nenhum deles deixa de ser mafioso”, o Reinaldo Azevedo esculachou legal a Míriam Leitão hoje; acusando, entre outras coisas, que ela não só santificou, em artigos, livro… mas também transformou a ‘lava-jato’ até em ativo financeiro…
    Vale a pena ouvir o escracho.

    1. O vídeo com o esculacho na Míriam Leitão. O título traz a informação mais relevante: Vaza Jato foi periciada. E, claro! É tudo verdade!
      Ele esculhamba a hipocrisia da imprensa morista, que publicou todos os vazamentos ILEGAIS da Lava-jato e ainda ataca a publicação da Vaza Jato; sendo que eles foram da primeira participantes ativos, sócios e beneficiários dos vazamentos, enquanto na segunda houve participação passiva dos jornalistas que a revelaram, ninguém foi atrás dos hackers incentivando que eles vazassem informações ilegais.

      Ele começa a falar da Míriam em 5:40, aos 11:00 vem o escracho contundente com a insinuação de picaretagem: “Olha aqui, as pessoas podem ter lado. Ser a favor da lava-jato, contra a Lava-jato, achar que a Lava-jato mudou o mundo. Escrever livro sobre a Lava-jato, transformar a Lava-jato num ativo, inclusive financeiro…” ? https://youtu.be/hkS1gg0Nw6c?t=660

      Assistam no todo, pois a informação de que os vazamentos dos hackers foram periciados, tiveram a veracidade comprovada, estão a disposição da justiça e já são usados em processos legais como provas de inocentação, isto é de importância fundamental.

  4. O sacristão brincando de montar SNI. Este é mesmo o tempo em que as tragédias renascem como farsas.

  5. Quando no discurso de posse esse Reverendo Presbiteriano declarou que o presidente Bolsonaro sempre foi um “profeta contra a corrupção”, ficou revelado o Puxa saquismo de quem há anos “prega” o evangelho de Jesus!

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