Cavalo é muito bom até se cair dele

Os jornais tratam do “momento FHC no jegue” protagonizado por Jair Bolsonaro ao se exibir a cavalo ontem, no Nordeste, como um “ataque eleitoral” bolsonarista aos redutos lulistas na região.

Evidente que a intenção é esta e que Bolsonaro está montado nos três guarás da nova cédula brasileira – uma história ainda por explicar – do auxílio emergencial.

A questão é, porém, muito simples: isso pode ser sustentado até as eleições presidenciais?

E a resposta é, evidentemente, não.

Os 45 bilhões de reais desembolsados só em junho superam em muito os R$ 33 bilhões executados, em todo o ano passado, com despesas do Bolsa Família. Em um ano, representariam R$ 540 bilhões, ou 15 vezes mais que o custo do benefício implantado no Governo Lula.

Mas como, então, o governo se apoia na ideia de fazer disso um programa permanente? Simples: a tão decantada “técnica” da equipe econômica é, na realidade, um grande improviso.

Mesmo a reforma previdenciária, tão louvada pela imprensa (neo)liberal, feitas as contas hoje ou daqui a três ou quatro anos, vai mostrar que o déficit previdenciário, em lugar de encolher, estará ampliado. Desemprego, informalidade e relações juridicamente precárias de trabalho vão fazer com que a receita da Previdência encolha muito mais rápido que a diminuição das despesas, conseguida à custa de sacrifícios sociais.

Nem mesmo uma nova CPMF (com a alíquota antiga, de 0,38%) daria ao Governo recursos de cerca de R$ 120 bilhões ao ano – se cobrada apenas de um dos lados da operação – insuficiente para pagar sequer três meses ao ano de um auxílio emergencial, ou seis meses, se seu valor cair à metade.

Se a operação for tributada tanto do pagador quando do recebedor, dobra a arrecadação – e, claro, o impacto na vida das empresas, mas é preciso lembrar que o “presente” prometido de desonerar a folha de pagamentos retira dos cofres públicos perto de R$ 200 bilhões ao ano. É conta simples que sobra um quase nada.

Não existe maneira de fazer uma economia mais justa apenas com base no redistributivo sem que a esta ferrovia se dê o segundo trilho, o do desenvolvimento. E isso não se faz sem investimento, algo a que o Estado brasileiro renunciou faz tempo. Economia é uma bicicleta que, se não se move, cai.

Só há duas formas de “bancar” um programa com este impacto financeiro: ou produzir um aumento substancial na carga tributária ou ampliar vertiginosamente a dívida pública, que fechará o ano já na temida marca de 100% do PIB. Eram, aliás, dois tabus na religião liberal e, quando interessava politicamente, foram razões para se rebaixarem as notas de crédito do país, das quais ninguém lembra mais.

Mudar a economia por uma canetada é sempre uma fraude. Se fosse simples uma “bolsa universal” como esta com que acena Bolsonaro, por que os governos Lula e Dilma, em condições econômicas muito melhores, não o fariam e se entronizariam no poder até o ano 3.000?

Quem tem mais tempo de vida, lembre-se em quanto tempo Sarney levou para decair da condição de deus do Cruzado para as pedradas no ônibus no final dos anos 80.

O folclórico Ibrahim Sued dizia que “cavalo não desce escada”. Mas burros que se acham espertalhões costumam cair delas.

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11 respostas

  1. Infelizmente o Miliciano se mostra muito mais inteligente que o Lula .
    Ele usa as Fakenews e mesmo destruindo o povo consegue seu apoio .
    Ele vai ser reeleito e fazer o sucessor .

    1. A inteligência não é dele pessoalmente, ele não tem capacidade para isso, embora não se possa negar que o seu jeitão grosseiro e “sincero”, como me disse a moça da loja de conveniência, agrade muita gente. Ele faz a parte dele, mas é um serviçal de planejamento de outras inteligências.

      1. Pode até ser , mas está funcionando .
        Basta ver as fotos desse Asno no Nordeste onde Lula e o PT fizeram tanto pelo povo .

        1. Tá funcionando mesmo.
          O auxílio-emergencial muitos nem sabem que pelo beócio seriam 200 reais.
          E a tal Renda Brasil, que vai dar com uma mão e tirar com a outra, se for permanente mesmo conforme dizem pode fazer a reeleição do bozo ou de outro da extrema-direita. Tem muita gente pobre no Brasil.

    2. O problema são as grandes rede de telecomunicações. Contra o PT, mesmo fazendo o melhor governo da nossa história, havia críticas diárias, até contra as melhores ações do governo, como o Bolsa-família, Minha, Minha Vida, Transposição do SF, Mais Médicos, acelerado crescimento econômico, desemprego mais baixo da história, respeitabilidade internacional, centro atrativo de investimentos externos, e por aí vai. Não se via matérias de enaltecimento desses fatos, só críticas com mentiras e farsas. agora contra essa mula sem cabeça, não se faz uma crítica contundente contra seus desmandos. No máximo, falam sobre fake news. coisa que a população nem sabe o que é e tá pouco se importando com isso! Com isso, o energúmeno Bozo criou uma horda de fanáticos idiotas que batem palmas pra qualquer merda que ele diga ou faça. Não sei se você percebeu, mas a grande mídia, além de não fazer críticas contundentes contra esse governo de milicianos, não dá espaço pra quem é contra ele e tem ideias melhores. Acho que esse foi o grande erro do PT, ao não criar um vínculo mais eficaz com essas redes.

  2. Eu não tô gostando nada disso. É claro que a preocupação social do Bozo é fake, como tudo no governo miliciano, mas o tratamento de marketing que está sendo utilizado investe com fakes sobre o povo simples e indefeso. Precisava uma reação da esquerda para que seus fundamentos não sejam roubados de forma falsa e ardilosa para possibilitar a impunidade do gado bandido e a continuidade da retirada de direitos dos trabalhadores. Tá difícil.

  3. A tal democracia real se baseia na representatividade de toda a população através do senado, na garantia dos direitos individuais, no poder exercido pelo povo, nos direitos universais garantidos para todos e onde a vontade da maioria prevalece sobre as decisões tomadas.

    O termo democracia surgiu na Grécia antiga em Atenas, esta pautava-se na representatividade de todos os cidadãos perante as decisões que seriam tomadas. No entanto dentro desta sociedade somente homens vistos como superiores eram considerados cidadãos e a vontade de mulheres, homens pobres e escravos era desprezada. As assembleias ocorriam em praça pública, sem nenhuma divulgação e somente aqueles considerados cidadãos poderiam participar, evidenciando a falta de uma democracia “real”.

    Com o decorrer da história, diversos sistemas políticos foram criados e desenvolvidos, inclusive a democracia, que na sociedade atual se apresentou junto com o advento do capitalismo.

    No entanto em nossa sociedade a democracia continua a ser falha, na medida em que existe um enorme antagonismo entre classes, onde ocorre a opressão da maioria pela minoria, nos permitindo perceber que não é a vontade do povo que encontra-se no poder. O Brasil é um bom exemplo de um país que possui um sistema democrático falho. Na medida em que possui um senado composto por 81 senadores em sua maioria homens, héteros, brancos e ricos, que não abrem espaço para a voz do povo e consequentemente não representam a nossa sociedade. Além de não garantir a todos os direitos universais presentes na constituição.

    O caso do ex presidente LULA pode servir como um exemplo da falsa democracia que ocorre dentro do país na medida em que foi utilizado como uma válvula de escape e se tornou justificativa para todos os problemas do Brasil, sua prisão foi motivada por uma indignação seletiva onde todos que o julgaram eram motivados por motivos pessoais e necessidades próprias ao invés de exercer a imparcialidade que teoricamente é exigida neste cargo.

    Movimentar massas torna-se algo fácil para o governo e para seus candidatos na medida em que tais indivíduos são responsáveis pelo controle midiático, e divulgam somente informações que lhe são favoráveis. Além de não incentivarem que a população procure por aprofundar-se em questões políticas, sem se basearem somente na mídia para tomarem duas decisões. O que por consequência faz com que as eleições se tornem manipuladas. Outro exemplo de algo que pode ser considerado uma fraude nas eleições é a falsa promessa dos candidatos que não cumprem aquilo que prometem.

    Forças alienadoras na nossa sociedade como veículos de informação de massa, religião, indústria cultural e consumismo atuam como um modo de controlar os pensamentos das massas. Ao mesmo tempo em que somos controlados pela minoria dominante, nós aceitamos e legitimamos este controle, não por meio das nossas eleições que são uma fraude, mas sim pelo nosso consumo, pela
    nossa própria alienação e por preferimos ficar nesta posição já que ela é mais confortável.
    A massa precisa de fermento ou nunca irá crescer.

  4. Tem também a elevação do valor para a notificação compulsória ao BC de 10 mil para 100 mil. Guedes lava mais branco.

  5. Perdemos.
    Leio, dou audiência a blogs e sites progressistas desde 2013, desde então só ladeira a baixo.
    Quando vejo pesquisas indicarem que esse miliciano pode ser reeleito, me dá um misto de ódio e tristeza e me pergunto que nação é essa que alçaria novamente essa corja ao poder, que nação é essa em que os trabalhadores e pobres estejam satisfeitos com tamanha maldade entranhada nesse governo??
    Somos uns bostas mesmos. Somos uma nação de bosta, alias nunca fomos uma nação e sim um amontoado de gnt.

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