A ‘curva achatada’ da recessão

Desde o início da pandemia, tenho insistido que os indicadores econômicos de pouco servem para dar a medida exata da crise econômica do Brasil.

Em parte, porque ainda não sabemos quanto a crise sanitária que a agravou vai durar – e com que intensidade vai se manifestar, ao logo deste tempo, em parte porque – como deve mesmo ser – medidas emergenciais fazem com que seus efeitos sejam postergados, exatamente como se faz aos casos de doença com o isolamento social, “achatando a curva” dos danos econômicos com crédito e auxílios emergenciais.

Tudo estaria relativamente “resolvido” se, como alguns pensaram. fossem “desgraças de curta duração” tanto a pandemia quanto a crise econômica a ela associada. Mas, numa e noutra, não foi nem está sendo assim.

Os auxílios emergenciais, assim como os semi-lockdowns que se puseram em prática estão visivelmente esgotados.

Na pandemia, acabamos chamando de “platô” a continuidade, monotonamente repetida, de mortes e casos da doença. Se pensarmos bem, como contaminados e mortos são indicadores negativos, talvez mais adequados seria chamá-lo de “vale”. E é mesmo de “vale da sombra da morte”, tal como a expressão que usa Davi nos Salmos bíblicos.

Já se sabe que a vacina é a única saída de seus horríveis paredões e que alcançá-la é a única esperança, ainda que se veja, aqui e por quase toda parte, paciência para manter as precauções neste jornada.

Na economia, este platô-vale igualmente está colocado e mas com a diferença que não se enxerga a mesma saída, preferindo-se a ilusão de que, cessada a pandemia, tudo se reanimará como num milagre e voltaremos a um “paraíso” que estava longe de existir.

A discussão sobre o tal “renda Brasil” insere-se neste quadro. Um programa maciço de transferência de renda precisa de duas pontas: a dos que recebem a renda transferida e as perdas de quem a transfere. Só é possível – e ainda assim com os ressentimentos que vimos na última década, em ambientes de progresso econômico.

Mas não há, na economia, a esperança de uma “vacina”, que se traduz de dotar o organismo social dos anticorpos do desenvolvimento sustentado, que advém do investimento, do emprego e da definição de um Norte para a nação, que lhe possibilite ter-se um horizonte em nome do qual mantêm-se a marcha, mesmo com as dificuldades.

Para a vacina, precisa-se de cientistas; para o rebrotar da economia precisar-se-á de estadistas.

Os primeiros, temos. Quanto aos homens de Estado, os praticamente destruímos pela demonização da política.

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

8 respostas

  1. Espero sinceramente que o Luís Nassif esteja certíssimo, quando fala que existe um pacto em andamento para enterrar a Lava Jato e resgatar a política. Porque toda nossa desgraça vem do lavajatismo, incluindo-se nele o mensalão.
    Para termos estadistas, precisamos de políticos. Para termos políticos precisamos ressuscitar a política. Para ressuscitar a política precisamos DESTRUIR a Lava Jato e sua doutrinação mentirosa e criminosa.

  2. Realidade pouco ou NADA observada é o recrudescimento da INFLAÇÃO que, pelo IGP, passou dos 2% em julho, chegando a encostar nos 7% no ano, e ensaiando ficar acima de 12% em 2020.
    Interessante que diante da deterioração das CONTAS INTERNAS, sem possibilidade de visualizarmos correções no curto prazo, tal realidade nos remete aos anos 80 e início dos 90, onde o ESTADO brasileiro se valia do IMPOSTO INFLACIONÁRIO pra ganhar sobrevida ..sobrevida que, diga-se, deixava a renda do POVO dum lado, pra facilitar o aumento da concentração acompanhado de desnacionalização do outro.

  3. Não adianta “doirar a pílula” estamos na eminência de um tsunami catastrófico, mas, esta turma do Judiciário, estão procedendo como o caso da avestruz que na eminência do perigo enterra a cabeça na areia,
    Proveder como no faz de contapraticado pelo

  4. Na realidade, o Brasil já convive hoje com quatro tragédias: a pandemia do coronavírus, a crise econômica, a completa incompetência de Paulo Guedes, e a presidência ocupada por um débil mental. Sinceramente, salvo um milagre de última hora, não vejo como o país sair ou se recuperar disso tudo.

  5. Cumpre alertar duas coisas em relação a TODAS as vacinas da COVID-19:
    Primeiro elas podem ser bem sucedidas, mas também podem dar imunidade apenas parcial ou por apenas um tempo limitado.
    Portanto os que as tomarem se sentirão protegidos e agirão de acordo.
    Quanto mais irresponsáveis após a vacinação mais estarão sujeitos a ser cobaias de laboratório ao ar livre;
    Segundo, o pior, vacinas servem para quem ainda não foi contaminado pelo vírus. Até a vacinação cada vez menos pessoas estarão 100% livres do vírus para recebe-las sem sustos.
    Na historia da medicina não são raros os casos de vacinas que, quando aplicadas a pessoas já infectadas pela doença que se visa proteger, se ter uma reação violenta e muitas vezes negativa ao vacinado.
    A pressa em que estas vacinas estão sendo desenvolvidas (TODAS elas) e a perspectiva de vacinações em massa na Rússia, Brasil, Índia e etc guarda em si mesma um perigo de desastre implícito que pode acontecer ou não.
    Ou ninguém acha estranho testar a vacina de Oxford no Brasil antes de aplicá-la na população do Reino Unido???

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *