O “programa” Bolsonaro é o “vem comigo que depois eu te conto”

Faltam 47 dias para a posse de Jair Bolsonaro na presidência da República.

Estamos a três quinzenas de um período de imensa confusão e é irônico que “o mercado” que tanto valor dá à previsibilidade das políticas de governo esteja diante do governo que escolheu mas que não tem a menor ideia do caminho que vai seguir.

Sim, é verdade que temos alguns “rumos” que, a rigor, não são mais que declarações de intenção: “liberdade de mercado, neoliberalismo, privatizações”. Qual, como e de quê, entretanto, não se tem qualquer certeza.

O que mais anima a turma do dinheiro, até agora,  não vai além da expectativa de prosseguimento das políticas do Governo Temer: mesmo Banco Central, desmonte da Petrobras, redução de direitos trabalhistas e uma reforma da Previdência que, olhando com o cenário de hoje, não sairia antes do segundo semestre de 2019.

Investimento, reaquecimento da economia via consumo, obras públicas, uma diretriz de governo voltada para o desenvolvimento econômico, se alguém viu ser proposto, falado ou desejado, por favor, cartas para a redação.

O critério para a entrada nos ministérios é apenas o de estar disposto a produzir desmontes, jamais um programa para desenvolver o país.

Os ministros – e os “superministros”, como Moro – não têm nenhuma agenda que não seja a de produzir situações de perseguição que rendam escândalos políticos que valorizem o governo de outra forma que não seja o “olha só o que estes caras fizeram”. Arrastão da corrupção, caixas-pretas, destruição de todos os órgãos de controle que não sejam os judiciais-policiais.

A articulação política é zero – ou menos ainda – e é possível dizer que Bolsonaro saiu das urnas com uma força para fazer o seu “presidencialismo de coerção” (figura de terrível sinceridade  com que o neobolsonarista Merval Pereira muito maior do que a que tem agora, pouco mais de duas semanas depois.

Está a anos-luz de contar com as maiorias formais no Congresso que teve Michel Temer após o golpe sobre Dilma Rousseff.

E não se espera nada mais orgânico no período do mês de janeiro em que o país será governado, quem sabe, por uma enxurrada de medidas provisórias.

Apesar de toda a onda de propaganda e histeria moralista que os primeiros meses de Jair Bolsonaro podem (e já nem podem tanto) se valer, o mundo real é impiedoso.

“Pauta moral” não sustenta governo e é só olhar o que o período da “faxina” rendeu a Dilma Rousseff.

Onde se lê que o país está cansado de desmandos, corrupção, privilégios de servidores públicos – tudo isso por certo condenável – leia-se que o país está cansado de crie econômica, de recessão, de perda do poder de compra, de segurança para planejar progressos na vida das pessoas e na da economia.

Até agora, Bolsonaro só fez acenar com mais do mesmo. Agora, porém, com direito a trapalhadas, confusões e, como diz o “mito”, “caneladas” a valer.

 

 

 

 

 

 

 

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