Não é apenas contra a Argentina, é para liquidar o Mercosul

O hidrófobo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que deveria estar jogando água na fervura dos atritos entre Jair Bolsonaro e Alberto Fernández, eleito ontem presidente da Argentina, veio correndo com sua canequinha de gasolina para lançar ao fogo.

“As forças do mal estão celebrando”, escreveu ele no Twitter, emendando que “as forças da democracia estão lamentando pela Argentina, pelo Mercosul e por toda a América do Sul”.

E isso é “diplomacia sem ideologia”, notem bem.

Mas não ache que os coices sobre os argentinos – que vêm de bem antes das eleições” – sejam apenas o fanatismo grosseiríssimo do chanceler e de seu chefe.

Sim, eles são verdadeiras cavalgaduras, em matéria diplomática, mas há mais coisas…

São os ensaios que está fazendo, o maior deles com a abolição das tarifas comuns – para criar um estado de pressão sobre nossos parceiros do Mercosul, num momento grave de crise no comércio mundial.

A direita brasileira passou, há tempos, a considerar o Mercosul um estorvo, porque dificultava acordos bilaterais com outros países, pelo fato que que nossa adesão implica que nossos parceiros passem a ter as mesmas condições de negócios.

O leitor e a leitora devem se lembrar de José Serra, em 2010, dizendo que o Mercosul era “uma bobagem”e, na disputa presidencial seguinte, em 2014, Aécio Neves foi mais direto e propôs logo o fim do Mercosul, ao qual chamou de “coisa anacrônica” que “não está servindo a nenhum interesse dos brasileiros”.

A grosseria é aí para criar o falso apelo patriótico.

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