“They don’t care about us”: o Judiciário brasileiro debocha da crise

ceia

Lendo a reportagem de Marcelo Auler sobre a contratação, em plena ceia da fome para os servidores públicos do Rio de Janeiro, de R$ 13,7 milhões de reais em serviços de garçons, copeiros e “insumos e materiais” para servirem aos senhores desembargadores do Tribunal de Justiça, não dá para deixar de lembrar da música do finado Michael Jackson: “They don’t care about us” – Eles não se importam com a gente.

Será que, em meio a essa crise, Suas Excelências não poderiam se contentar com uma boa garrafa térmica e um copinho descartável? O café tem de ser na baixela e a louça de porcelana?

Escreve Marcelo Auler: “neste ano, o governo do Estado gastou R$ 12,7 milhões com o pagamento de fornecedores da Secretaria Especial de Administração Penitenciária (SEAP). Ou seja, cuidando – inclusive com alimentação – da população carcerária que, em julho, antes da Copa do Mundo, totalizava 50 mil presos segundo o advogado Fabio Cascardo”.

50 mil presos custam menos que 180 desembargadores e, ao que consta, todos são seres humanos com as mesmas necessidades alimentares.

Fazendo contas básicas: R$ 13,7 milhões, divididos por 24 meses e pelos 180 desembargadores dá, acredite, R$ 3.171,29 por mês para o cafezinho e o lanchinho de Suas Excelências.

Quatro vezes mais do que ganha, líquido, um trabalhador ou trabalhadora que receba um salário mínimo para comer, morar, vestir, a si e aos filhos,  e ainda tomar o ônibus e ir trabalhar.

Michael Jackson era esquisitão, teve uma polêmica metamorfose de aparência, recolheu-se a uma vida obscura em sua “Terra do Nunca”. Mas certamente sobrou algo do garoto negro e pobre que olhava o mundo e absorvia a memória dos direitos sociais que foram, duramente, alcançando contra aqueles magníficos senhores.

Tanto que nesta música, um dos versos finais é: You know I really do hate to say it/The government don’t wanna see/But if Roosevelt was livin’/He wouldn’t let this be, no, no

Livremente traduzido: Você sabe que eu odeio falar isso, o governo não quer ver: mas se Roosevelt estivesse vivo, ele não deixaria isso acontecer…

Facebook
Twitter
WhatsApp
Email

9 respostas

  1. A pergunta que não cala: Quem vai comandar a Resistência? Quem vai convocar o povão? Alguém precisará fazer isso, assumir essa responsabilidade. À rua ninguém vai sem convocação, sem Liderança. É urgente.

    1. Os adeptos da intervenção militar já estão fazendo a Resistência e convocando o povão idiota para ocupar Brasília com 1 milhão de pessoas por três dias seguidos

  2. “Suas Excelências não poderiam se contentar com uma boa garrafa térmica e um copinho descartável?”

    Suas excelências não são pessoas normais. Estão acima da lei. São deuses do Olimpo.

    Ganham rendimentos em torno de R$ 100.000,00 mensais. 75% dos juízes federais ganham acima do teto constitucional.

    Ser juizeco, procuradoreco ou ministreco vale a pena.

  3. “They don’t care about us” – Eles não se importam com a gente.

    Desculpe Fernando, mas a tradução está errada. O correto é: Eles estão CAGANDO pra gente.

  4. sem mordomias e salários escatologicamente algo, não há como se encher cadeias com ladrão de galinhas

  5. Feliz Natal a todos!

    Mandei o post para meus amigos sob o título:
    Cadê o emprego que estava aki?
    De um deles, rapaz inteligente e simpático, obtive essa resposta:

    “Kkkkkk….. não tem nem um ano de governo, após 10 anos de mentiras e desmandos e essa besta quer emprego ? Funciona assim, limpem a merda ( estamos tirando aos poucos os comunas ) , depois acerta a casa ( afastando o máximo possível os corruptos, parte mais difícil ) e depois abrimos para uma liberdade vigiada !”

    Eu …-melhor piada do ano!… Posso publicar?…. Ele…Pode!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *