Rolezinho em shopping não vai mudar a vida de ninguém

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Em tempos de filosofias vãs sobre “rolezinho”, a matéria que reproduzo abaixo serve para colocarmos o pé no chão. Afinal, com perdão dos sociológos de Facebook, não acho que rolezinhos em shopping vão mudar as perspectivas de vida de nenhum jovem da periferia.

A melhor maneira de melhorar a vida de nossos jovens é, na falta de um ensino superior, oferecer-lhes um bom curso profissionalizante, para que eles possam arrumar um emprego com remuneração decente.

Os nossos meios de comunicação, obcecados por notícias negativas, não estão conseguindo transmitir a juventude que existe um país inteiro ainda a ser conquistado, e que as oportunidades de trabalho são imensas. O próprio atraso no país, motivo pelo qual tanta gente foi às ruas em 2013,  deixa claro a necessidade que temos de mais médicos, mais engenheiros, mais técnicos em toda a sorte de coisas.

A frase é clichê, mas válida: a revolução brasileira não acontecerá num shopping, mas dentro de uma escola.

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Faetec oferece 123 mil vagas em cursos de qualificação
Inscrições começam na terça e vai até 4 de fevereiro. São 191 áreas de capacitação no estado

POR HENRIQUE MORAES, no jornal O DIA.

Rio – A falta de mão de obra especializada e capacitada é um dos grandes gargalos do Estado do Rio para geração de emprego. Ou seja, existem oportunidades, mas não há gente preparada. Para amenizar este quadro, a Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) abre, na próxima terça-feira, inscrições para 123.687 vagas em 191 cursos de qualificação profissional. As chances são para 110 unidades da fundação distribuídas pela capital e interior.

Os interessados têm até 4 de fevereiro para concorrer às vagas, por meio de sorteio, no site www.faetec.rj.gov.br . Os destaques dessa primeira rodada de oportunidades oferecidas pela fundação (de um total de três ao ano) são as com foco estratégico para atender aos grandes eventos que chegam ao Brasil, como a Copa do Mundo, em junho.

São mais de 26.200 vagas em cursos dos idiomas de Inglês, Espanhol ou Francês. Os de agente de Informações Turísticas, de Camareira em meios de hospedagem e Garçom também estão entre as opções oferecidas.

Para o presidente da fundação, Celso Pansera, as vagas são uma boa oportunidade para jovens entrar preparados no mercado de trabalho. “Os cursos valorizam também o currículo e ainda traz mais qualidade de vida para os alunos, por estarem localizados em regiões de fácil acesso. O Rio necessita de bons profissionais para os grandes eventos que vão acontecer”, avalia Pansera.

Carência

As áreas de Metal Mecânica, Petróleo e Gás, Turismo e Construção Civil são as com mais alta carência de profissionais na visão do presidente da Faetec. Entre as categorias com mais demanda, Celso Pansera aponta garçom, cozinheiro, auxiliar de cozinha, soldador, pedreiro e bombeiro hidráulico. “São profissões carentes de mão de obra qualificada no estado e de empregabilidade certa”, informa.

O presidente da fundação diz que os cursos são de formação inicial e continuada e servem também para quem atua na profissão sem qualificação técnica. “Por exemplo, há garçons, cozinheiros e pedreiros que aprenderam o ofício na prática sem formação profissional. Para eles, os cursos vão dar suporte técnico que lhes faltam”, comenta Pansera.

Superintendente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes (SindRio), Darcílio Junqueira, engrossa a lista de carência no setor de hotelaria e gastronomia citando a falta de sushiman, barman e copeiro. “Cozinheiro e auxiliar de cozinha são as profissões mais carentes do setor. Estamos sempre formando novos profissionais, mas há sempre falta”, relata.

Aprimoramento de acordo com a vocação regional

Secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Gustavo Tutuca destaca que a Faetec tem a intenção de aprimorar a mão de obra, de acordo com as vocações regionais de cada cidade do estado. “Damos oportunidade à população de se preparar para ingressar no mercado de trabalho o mais rápido possível. Oferecemos uma gama variada de cursos, ampliando o número de Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs) no estado”, diz o secretário.

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(Celso Pansera diz que o sorteio da Faetec não privilegia ninguém)

Os interessados podem escolher até dois cursos diferentes por CPF, sendo que uma das opções deve ser Informática ou Idiomas. “Queremos preparar profissionais que atuam diretamente com o turista”, ressalta. O sorteio público das vagas será dia 6 de fevereiro, a partir das 9 horas, e a listagem completa sai publicada no site no dia seguinte. Após a liberação da lista, os candidatos sorteados terão entre os dias 7 e 11 para efetivar a matrícula. As aulas começam em 10 de março.

Acesso a vaga é o mais democrático

Quem não tiver acesso à internet pode procurar um dos 92 polos da Faetec Digital distribuídos em todo o estado e contar com o auxílio dos monitores da fundação. Para se candidatar é preciso ter o Ensino Fundamental completo e, dependendo do curso, a idade mínima varia de 14 a 18 anos.

Os cursos têm duração de 12 a 20 semanas, exceto o de NR-10 Segurança em Instalações e Serviços com Eletricidade, com duração de um mês. “Dependendo do curso, tendo pelo menos o 7º ano do Ensino Fundamental já é suficiente”, conta o presidente da fundação, Celso Pansera. Ele destaca a forma de ingresso aos cursos. “O sorteio torna o acesso mais democrático. Não privilegia ninguém”, diz.

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11 respostas

  1. é um movimento importante: denuncia o apartheid brasileiro.

    Algo parecido com o conto de Hans Andersen – a roupa nova do rei.

    ou o Rosário não sabe que somos o segundo país mais desigual do mundo entre as 50 economias mais importantes do planeta?

    Já passou da hora de todo mundo gritar que o rei tá de bunda de fora!

  2. Falar em rolezinho, Miguel, não está na hora de marcar mais um em frente à Globo, para esfregar na cara deles o nosso DARF de SOLIDARIEDADE ao Genoíno e exigir o DARF da sonegação da Globo ?

  3. Gostei!Também acho que os jovens da periferia – assim como quaisquer outros jovens, adultos ou crianças – tirarão muito mais proveito de escolas, cursos, livros e bibliotecas do que desses templos de futilidade e consumismo chamados shoppings, embora defenda que todos devem ter direito ao lazer, ao entretenimento e ao consumo.

  4. Desmerecer o preconceito só ajuda os preconceituosos, também não creio que arranjar cursos técnicos para os pobres resolverá o problema da injustiça do nosso país, educação cidadã, não mão-de-obra para os donos dos meios de produção.Pobre faz curso laboral para arranjar emprego e fornecer treinamento para os empresarios, a classe média faz faculdade para ganhar mais dinheiro e os ricos, bom os ricos vão curtir a vida, os empregados ganham dinheiro para eles. Isto só reproduz os status cor injusto de nossa socieade

  5. concordo plenamente, isso so vai mostrar a divisao de classe que ja existe no brasil a 500anos, mas é so. isso nao é novidade , o que interessa mesmo é a garantia de todos os direitos iguais. isso sim , vai mexer com a elite podre facista que domina o brasil a seculos. o resto nao tem tanta importancia assim.

  6. Miguel, você tem toda razão, os rolezinhos não irão mudar a vida de nenhum jovem da periferia, educação sim é que leva a mudanças, mas, eu vejo que os rolezinhos tem a sua importância por botarem em evidência o forte preconceito existente em nossa sociedade, principalmente na classe média. Afinal,o lazer também é um direito que abrange a todos, independente de sua origem ou classe.

  7. Concordo plenamente. Vivemos o grande momento do vazio que ta levando até pessoas digamos mais esclarecidas ao pensamento reducionista, eis ai as teorias sobre o Rolezinho e a grande revolução. E ou Valesca Popozuda símbolo de feminismo. Acho que nunca vivemos uma época tão pôs moderna e tão vazia.

  8. Esta ocorrendo uma solicitação para o pessoas com idade de se aposentar, pedir sua aposentadoria…o país neste momento precisa de um sangue novo.
    Os antigos ficariam por um período para ensinar os mais jovens.
    É verdadeira esta minha observação ou não????

  9. vai haver a ideia de nao perder a chance de politizar novas geraçoes? Via redes, e-mail´s, direto e simples, no tema ROLEZINHO, quem e porque nao o stão deixando rolar. Precisamente nao deixando rolar.
    dez ou vinte por cento vao captar de cara, no ponto direto – e deixa por conta deles se comunicar a iniciativa para energizar seus coleguinhas.

  10. “A melhor maneira de melhorar a vida de nossos jovens é, na falta de um ensino superior, oferecer-lhes um bom curso profissionalizante, para que eles possam arrumar um emprego com remuneração decente.”

    Custei a acreditar que este texto fosse seu Miguel do Rosário. Primeiro, você ficou lendo os “sociólogos” do feice e esqueceu que rolé é prática antiga de jovens e tem a ver com entretenimento, namoro, sociabilidade… Você certamente saiu com seus pares na juventude curtindo a vida, mas parece que esqueceu o que é ser jovem.

    Segundo, você também esquece que o que está acontecendo revela muito sobre o país que construímos e é bom que, sim, discutamos o que revelam os últimos acontecimentos em torno dos rolés da garotada das periferias. Um país não se faz apenas com educação formal, mas, também, com a construção de um olhar crítico sobre a sociedade em que vivemos.

    Bom, continuo me recusando a acreditar que foi você que escreveu esse texto tão reducionista e até preconceituoso, na medida em que sugere que os pobres, na falta de algo melhor (!) fiquem com os cursos profissionalizantes.

    Tô pasma. Não venha dizer que está sendo pragmático porque isso não condiz com o que estamos acostumados a ler de você. Diga que você teve um ataque de pânico, que acordou mal-humorado, que brigou com alguém, enfim, reescreva esse texto, pelo amor de Deus!!

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