Quantos bilhões vale a obra de Moro para o capital? O Brasil na bacia das almas…

baleia

A Folha diz hoje que os fundos de investimento – leia-se grandes grupos estrangeiros e nacionais, sobretudo bancos têm 25 bilhões de dólares – ou R$ 100 bilhões de reais – para comprar empresas em países emergentes, aproveitando a crise.

E que o Brasil é um deles onde os “principais alvos são empresas de energia, concessões na área de estradas, aeroportos e saneamento pertencentes a grupos envolvidos na Operação Lava Jato”.

É obvio que, graças ao Dr. Sérgio Moro tratar dos crimes cometidos não como eventos a serem punidos e ressarcidos, mas como uma cruzada de demolição destes conglomerados empresariais, as bocarras se abriram para engolir as empresas em um dos poucos setores onde o capital nacional ainda fazia frente ao estrangeiro.

“O Brasil tem boas empresas, o mercado interno é grande, e está barato”, diz Flávio Valadão, diretor da área de fusões e aquisições do Santander.

“Hoje é possível comprar uma empresa de R$ 1 bilhão com US$ 250 milhões. Não dava para fazer isso no primeiro semestre do ano passado”, diz  à Folha Marco Gonçalves, dirigente do honestíssimo banco BTG Pactual, ele próprio em processo de “depenação” depois da descoberta das falcatruas de seu controlador (ou não, porque desde o Amador Aguiar eu ponho pouquíssima fé nesta história de bancário que vira banqueiro), André Esteves.

Nestes negócios privados, como todos sabem, ninguém leva dinheiro. Negociam-se bilhões com um ascetismo daquelas imagens que assistem, plácidas, o que se passa nos bordéis. São todos santos, puros, honestos como um frade capuchinho.

Com serenidade e responsabilidade, os  milhões  de reais surrupiados pelos “ladrões de carreira” da Petrobras estariam sendo recuperados talvez até com mais eficiência. Mas, em lugar disso, estamos vendo se esvaírem – no santo e puro “altar” do “Deus Mercado” bilhões de reais de patrimônio empresarial  brasileiro.

Em lugar de gravar o patrimônio pessoal dos empreiteiros, destrói-se o das empresas, que têm (ou tinham) poder para investir, empregar e realizar.

Os  acordos de leniência, que os procuradores da Lava Jato se esforçam – amplificados pela mídia – em barrar, seriam isso: a empresa paga pelo que fez, em dinheiro; os empresários pagarão – ou não, segundo seu julgamento – com sua liberdade e seus bens.

“Este parece ser um momento único na história, pela quantidade de bons ativos de empresas brasileiras que podem ser colocados à venda”

A frase, do diretor gerente do banco  Morgan Stanley, Alessandro Zema, seria traduzida pela minha avó como “meu filho, estão vendendo tudo na bacia das almas”.

A simplória D. Innocência Barbosa, com seu quinto ano  primário de Conservatória, uma das vilas mortas do café no Vale do Paraíba, resumia o que o letrado professor de Economia da Unicamp da Unicamp, Fernando Nogueira  da Costa define com erudição: “Na bacia das almas” é expressão que se usa para designar a situação de alguém que está passando grande dificuldade e tem de vender algo o mais rapidamente possível, consequentemente, por um preço bem abaixo do que se obteria em circunstâncias normais. A expressão provém dos preparativos para o sacramento da Extrema Unção, quando a bacia em que se colocavam os óleos, unguentos e paramentos do sacerdote ficavam ao lado do moribundo.

O Dr. Sérgio Moro acha, talvez, que isso “não vem ao caso”.

 

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14 respostas

  1. Dessa responsabilidade Dilma não tem como se livrar. Somente uma liderança politica, com o mínimo de vontade, poderia contornar a situação. Dilma chegou num ponto de indiferença que é difícil de acreditar. Democracia é balanço entre poderes. Se o judiciário e o legislativo tomaram conta, isso se deve unica e diretamente a incapacidade de Dilma e ao Bobo da côrte do ministério da justiça. Nem ao PT ela pode culpar

  2. Viva Dilma!
    Viva Lula!
    Viva Lewandowski!
    Viva Ciro! Viva Requião!
    Viva Carlos Araújo!
    Viva Chico Buarque!
    Viva Fernando Brito!
    Viva CUT! Viva MST! Viva MTST! Viva UNE!
    Viva a Petrobras!
    Viva o povo brasileiro!

  3. R$ 423 mil por ano, R$ 32.5 mil reais por mês limpinho no bolso (considerando 13 salários anuais)…. que beleza esse ano de 2015 para o juiz Moro ein??? Além de ser o homem do ano da revista SerVeja (mas isso ai é mastercard…não tem preço!!!!)

    Ganha um salário que é o dobro da média dos juízes de Supremo na maioria dos países da Europa em 2012. E isso considerando o câmbio atual com o real mega desvalorizado. Quem disse que não temos uma justiça de primeiro mundo ein???? Um juiz de primeira instância no Brasil ganha mais dos que a maioria dos juízes de Supremo na Europa….Simplesmente um luxo….

    https://www.fiscal.es/fiscal/PA_WebApp_SGNTJ_NFIS/descarga/CEPEJ%20Rapport_2014_en-1.pdf?idFile=0103d77f-c195-42ce-bd8a-868b6cd60e6a
    p.309

    1. Sim! E tem um “procuradorzinho” da justiça que disse: “Quero higienizar a economia brasileira. (…)”.
      Sei; ele quer deixar a economia brasileira limpinha, limpinha; igual a economia do Haiti. (rs)

  4. E e enquanto isso US380bi segurando a divida dos EUA em estupidos titulos que nao tem valor nenhum (em que o Brasil e o terceiro maior credor).
    Melhor mendigar por investimentos extrangeiros..qua qua qua…

  5. Levantemos a cabeça. Grande e imprescindível jornalista Brito. Precisamos e segimos O TIJOLAÇO para lermos matérias da resistência. Principalmente o início desta matéria, ne pareceu corda ais fracos.
    No mais, obrigado por um espaço de informações que não vejo igual

  6. Essas empresas enriqueceram saqueando o país por décadas e o nobre blogueiro acha que o objeto dessa pilhagem propineira deve ser preservado em favor das empresas corruptores.

  7. Moro pode realizar aquilo que Collor e Fernando Henrique não conseguiram.
    É… Por isso que a direita se diz apolítica (quando não antipolítica): os políticos são incompetentes demais!

  8. Moro pode realizar aquilo que Collor e Fernando Henrique não conseguiram.
    É… Por isso que a direita se diz apolítica (quando não antipolítica): os políticos são incompetentes demais…

  9. Herança da lava jato: empresas em baixa, desemprego acentuado, engenharia brasileira parada, seletividade nos processos e eventuais punições premios para os dedo duros, e a corrupção ainda presente. Valeu a pena ter desvirtuado o objetivo de acabar com ela?

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