Problemas reais são o ‘kit mendigo’ e o ‘kit bandido’ para 5 milhões de brasileirinhos

De novo, o assunto não interessou aos grandes jornais e saiu num de economia, o valor, onde uma pequena nota de  Bruno Villas Bôas retrata o cinismo nacional e a estupidez de uma imprensa que está discutindo o “marxismo nas escolas” e a masturbação de bebês de sete meses, coisa que só pode ocupar a cabeça de tarados imbecilizados.

Brasil tem 5,2 milhões de crianças na miséria, escreve Bruno, com simplicidade, porque o escândalo que isso representa dispensa qualquer adjetivo.

Escândalo que está a todo vapor, diante de nossos olhos, nas calçadas e também nos números do IBGE: em apenas um ano, de 2016 para 2017, 500 mil crianças entraram nesta condição de indigência, porque a miséria não é retórica, é viver com pouco mais de R$ 6 por dia.

Seis reais, é, seis reais.

Nossos governantes e nossa elite pensante estão apavorados com a “doutrinação” e com “a perda dos valores cristãos”, mas os meninos e meninas estão mesmo é procurando algo para roer e aplacar a ‘ideologia’ do estômago.

Na velocidade em que estamos, despejam-se, por semana, quase 10 mil novas crianças neste inferno.

Foi preciso formarmos um geração de cínicos, uma camada de tecnocratas insensíveis, uma crosta de jornalistas cínicos e cúmplices para chegar a este “espetáculo”. Foi preciso morrerem homens como Darcy Ribeiro, Leonel Brizola, foi preciso prenderem Lula para que víssemos como “normal” que isso aconteça.

Afinal, não custa nada ao Estado. Sai barato, embora transforme a vida em um pesadelo e converta, pelo medo,  cada um de nós em um monstro que só deseja ordem, segurança, polícia e, quem sabe, um Herodes..

Sim, viramos um Brasil de monstros, porque não merece outro nome quem produz, em apenas um ano, meio milhão de potenciais pedintes, meio milhão de potenciais criminosos, meio milhão de párias,  porque não haverá, senão para uns poucos deles, futuro diferente.

Ou ser criado com 6 reais por dia não é o verdadeiro ‘kit pedinte’ e o ‘kit bandido’?

Mas tudo vai bem, a redução do Estado, a liberdade econômica e as balas da polícia hão de nos livrar destes “problemas”. E este PIB de horror, o da Pobre Infância Brasileira, afinal, cresce 10% ao ano.

E, afinal, eles não são capazes de provocar uma comoção como gerada pelo cãozinho do Carrefour, se nem uma notícia valem.

No Brasil do moralismo, o que mais imoral que condenar as nossas crianças a uma vida sem esperanças?

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33 respostas

  1. A imbecilidade crônica da elite mais podre do mundo (a brasileira, é claro) é a maior vergonha mundial do Brasil.

    1. Prezado Paulo Roberto, quiséramos nós que fosse só a chamada “elite” — que de elite só tem mesmo o dinheiro.
      Acontece que quem elegeu o “Coiso” não foram só os votos dessa “elite” a que você se refere: foram, em sua maioria, votos dos pobres desassistidos, que se esqueceram dos benefícios que o governo Lula lhes concedeu.
      Digo isso, fazendo uma ressalva: “A não ser que o resultado dessa eleição — o que não é bastante viável — tenha sido falsificado!

  2. Mais um texto para ficar nos anais do verdadeiro JORNALISMO brasileiro.
    Parabéns Fernando Brito !

  3. se voces soubessem o que me responderam no Twitter sobre esse assunto
    esses bolso,llixos são de uma indigência mental assustadora
    por vezes penso que escrevem essas barbaridades só pra aparecer

      1. mais do que analfabetos, s~]ao mau caráter, é gente má, de péssima índole, por isso gostam da mentira, da fofoca, do ataque gratuito

  4. É companheiro meu vizinho presbítero da igreja assembleia de José Ailton só fala em Kit Gay

    1. Vou te contar, só Freud explica “kit gay”, “masturbação” e “pedofilia” terem virado as palavras mais mencionadas… dentro das igrejas!…

  5. Uma das coisas mais tristes e um dos principais motivos do Brasil estar onde está, é perceber que a juventude fica muito mais revoltada com a morte do cachorrinho do Carrefour, do que com milhões de crianças em estado de miséria.
    O brasileiro não tem consciência social, não tem senso de coletividade, perdeu inclusive o senso de humanidade. A solidariedade do brasileiro é um fenômeno hipócrita e mais voltado ao próprio ego do que ao próximo.

    1. Excelente comentário, Sr. Passos. Nos lembra de algo que não enxergamos, mesmo quando vemos: a distorção da sociedade brasileira nas últimas 2 ou 3 gerações, quando passamos a ter jovens que exaltam o corpo “sarado” e o exercicio das formas violentas de luta (a “febre” do MMA), desprezam o esforço intelectual (“quem lê textão?”), e que exibem desprezo manifesto por tudo que não tenha o discurso-fetiche da modernidade, seja ela tecnológica, ecológica, etc. O resultado? Temos aí uma juventude pouco letrada e adepta do narcisismo patológico, sem visão social e pronta a seguir e apoiar incondicionalmente o que lhes for impingido pela voz do marketing. O embrião das hitlerjügend brasileiras. Acho que se abrirem inscrições para formação de grupos de “camisas-pardas”, formar-se-ão longas filas pelo País.

  6. A hipocresía dos ditos “religiosos” é de causar NOJO.
    Conforme dizem as estatísticas a maior parte da população acredita num “deus” .De acordo coma sua doutrina a prática do amor pelo próximo,a solidariedade ,o desapego pelo material e outra qualidades humanas fazem parte do roteiro a ser seguido pelos seus fiéis para alcançar a “vida eterna”.
    Nada mais longe do comportamento desses hipócritas .Um cachorro o outro animal de estimação merecem mais atenção do que as crianças nascidas na miséria.Fruto de um sistema perverso que mata,e mata milhões ano após ano,com a cumplicidade dos “religiosos”.
    Estes alienados matariam o filho do seu deus ,se ele voltasse,como dizem,convencidos de que voltará,o matariam por ,…”COMUNISTA” !!!

    1. A 3 ou 4 anos atrás, uma mulher “pentelhocostal” de Viamão-RS matou seu filho (criança) porque leu na bíblia qur Deus exigiu o sacrifício do filho de Abraão. Como não leu o versículo até o fim, matou o filho. Caso idêntico aconteceu na Flórida-USA em 2014. É com gente assim que estamos tratando.

      1. A Bíblia sem dúvidas é um livro fantástico, mesmo para um ateu como eu. Interessante é que pouco se fala de muita coisa que está lá, como Jesus amaldiçoando os ricos em S. lucas
        Todo mundo conhece e se emociona com a história de José do Egito. Pelo menos até seu encontro com os irmãos.
        Como que por vergonha, o que segue nunca é mencionado.
        Chega o tempo da seca. Pressionados pela fome, os egípcios procuram os celeiros do faraó, que lhes vende o trigo em troca de dinheiro. Mas o dinheiro acaba, e o alimento passa a ser trocado pelos rebanhos, que também se esgotam. Nada mais restando, o povo dá suas terras para conseguir o trigo. Finalmente nada mais lhes sobra. E desta forma conclui a Bíblia:
        “Comprou assim José, para o Faraó, todos os terrenos do Egito, pois os egípcios venderam, cada qual, o seu campo, tanto os impelia a fome, e o país passou às mãos do Faraó. Quanto aos homens, ele os reduziu à servidão, de uma extremidade a outra do território egípcio” (Gn 47,20).

  7. Mundo Cão

    Mais uma vez a distorção, esses dias em um ato de selvageria um cão de guarda executou um humano sem dono nem rumo.
    O pobre animal circulava um mercado em busca de comida e quem sabe um pouco de afeição e por ordem da chefia o cão de guarda avançou com a ferocidade típica dos que passaram pelos cursos pavlovianos de segurança e executou o pobre homem com a violência comum, ora veja, dos próprios humanos.
    Evidente que a morte trágica do pobre homem nos enche de pena e comiseração como deveria ser natural a todo cão.
    Mas também extrapola nosso entendimento tamanha comoção.
    Não, não negamos que somos responsáveis pelos animais que domesticamos e introduzimos ao nosso convívio.
    Mas ficamos com a impressão que estamos perseguindo o rabo e colocamos o focinho depois da cauda.
    É natural indignar-se com o sofrimento animal. É profundamente canino sofrer pelos indefesos.
    Mas quase na mesma data dessa tétrica noticia que eletrizou toda a matilha no focinhobook e comoveu de cães pastores a bichon frisé mais uma vez assuntos maiores passam despercebidos.
    Em uma nota esquecida em um caderno de economia anuncia-se com letras frias que mais 500 mil filhotes passaram a sobreviver na miséria e somam-se no total 5,2 milhões de filhotes vivendo com menos de seis reais por dia.
    Sem uivos de dor ou latidos de indignação, o silencio dos Akita e a bonomia labradora não se perturbou com mais essa tragédia canina.
    Nossos canis super lotados não chocam e a simples menção ao descalabro traz respostas indignadas. Cão no canil tá lá por que merece, se está por lá é que fez por merecer.
    Mais dois milhões de cães entraram na pobreza e são incapazes de manterem uma vida digna.
    Mas é claro, não se esforçaram, tanto cão puxando trenó e cuidando de rebanhos para subir na vida e os vadios esperando o bolsa-matilha.
    Cinomose, Rabies vírus e parvovirose grassando outra vez mas bebedouros humanos mobilizam multidões.
    Os indignados gritarão : nos preocuparmos com os pobres homens não significa abandono dos filhotinhos em condição de risco. Alimentarmos indefesos homens não impede outras ações.
    É verdade, esses ganidos solidários não impedem latidos de indignação.
    Tem toda razão, cuidar dos humanos abandonados não impede ou contradiz a luta pela melhora da vida em matilha e a busca de valores mais caninos.
    Mas não deixa de chocar, a mim velho cão, que a morte de um homem comova mais que a desgraça e sofrimento cotidianos que estão submetidos grande parte dessa matilha que é lobo de si mesma.
    Desconfio que estamos perdendo o faro quando a morte de um bichinho repercute mais que 500 MIL filhotes na miséria em um ano.
    Mas que sei eu, sou apenas um velho cão
    Japi Biruta Baleia

  8. Governo com Constituição na gaveta e bíblia fedorenta sob o “sovaco” (axilas). Tudo vai dar certo. Se não der “é a vonyade de Deus”. Malditos “neopentelhocostais”.

  9. Tem o kit ignorância, o kit sem cérebro, o kit burrice, o kit egoismo, o kit entreguista…Podiam inventar um kit para esvaziar saco cheio.

  10. Em um país em que elegeram um boçal, um boçal que só faz pregar a violência, é claro que isso atrairá o apoio dos monstros, dos monstros que se lixam para a violência contra, crianças, adultos e os e animais. Brasil, triste presente.

  11. Parabéns mais uma vez, Fernando. Digo mais: 5,2 milhões de crianças na miséria, isto sim é que é pornografia infantil, uma vergonha VERGONHOSA!

  12. Brilhante Brito???????? A pobreza não interessa a essa elite medíocre, pelo contrário, quanto mais sangra mais eles ganham. A mídia e capacho dos seus senhores, ganha sei quinhão desse bolo que aceita o povo. É verdade que os pobres ajudaram a eleger esse governo, mas são manipulados por essa mídia e seus pastores. Mas não só isso, são imediatistas nos seus desejos de se contentar com o pouco que aqueles o enganam. Daí porquê é urgente a escola sem partido, para mantê -los no cabresto. Como ousam querer mais que isso, tomar as universidades, aeroportos é pretender ter uma profissão, certo? Pensar um futuro para essas crianças e adolescentes, que significam o futuro desse país. Mas Brito, sim a midia deveria dar destaque a essa indecência que está a acontecer e as pessoas deveriam ter consciência social, todos seremos afetados por isso. A repressão não é suficiente para conter a violência reflexo da pobreza. Mas não podemos também deixar de defender nossos animais. Quem tem cão e gato, sempre vai se indignar frente à violência contra os animais, contra todos os animais. Mas concordo com você, temos que ter consciência política e social.

  13. Pra fechar o circuíto vem aí a redução da maioridade penal. Vai se materializando a eliminação dos que sobram no mercado, prevista por Viviane Forrester.

  14. parabéns. um texto de denúncia. os responsáveis por todo esse horror não ligam a mínima. e vai ficando evidente que essa insânia deliberada, além de patrocinada pela Casa Grande, tem um planejamento de fora, para destruir o Brasil e saquear as riquezas. o horror.

  15. E que preocupa é saber que o governo que vem por aí tem o seguinte pensamento: Deixa morrer que é mais barato.

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