Pezão perdeu Dilma. Trocou-a por um Cesar Maia em fim de carreira

pezao

Achar que eleições no Rio de Janeiro são definidas com muita antecedência é erro que aprendi a não cometer desde que Leonel Brizola arrancou de seus “2% no Ibope” para a vitória retumbante de 1982.

Mas me arrisco, a esta altura, a dizer que  ela avança para um enfrentamento entre Lindbergh Farias e uma encarniçada disputa entre Garotinho e Pezão pela vaga remanescente no segundo turno.

Arrisco, porque nada pode servir de bússola eleitoral no meu Estado senão a intuição e as tendências que costuma assumir cada parte do eleitorado carioca e fluminense.

Tenho que concordar com o que diz Anthony Garotinho, ao afirmar que Sérgio Cabral renunciou apenas à derrota que se anunciava depois que Romário cedeu ao bom-senso e firmou uma aliança com Lindbergh.

A aliança com César Maia, que tem como consequência praticamente obrigar Pezão a dar palanque para Aécio Neves no Rio de Janeiro, é apenas mais um movimento na longa e triste trajetória de Sérgio Cabral, um colecionador de traições, da qual, aliás, se enche a política brasileira em geral e a do Rio de Janeiro, especialmente.

De certa forma, Dilma e Lula estão pagando aqui por algo que não devem nunca perder: a boa-fé.

Cabral, a quem Lula deu a chance de banhar-se no Rio Jordão em 2010, é um traste político, a esta altura, mas controla a máquina estadual e a máquina dá sempre algo entre 20 e 30%  numa disputa estadual.

O problema é que Cabral mostrou que não vai entregar isso a Pezão.

Acaba de rifar as possibilidade de que ele fosse o candidato da Dilma, ou um deles.

O que poderia lhe dar a legitimidade que não tem.

E empurra a presidenta para uma necessária composição com Garotinho, como a que já havia com Crivella, que corre em nicho próprio.

Ambos têm a liderança nas pesquisas, hoje, mas possuem reconhecidos limites de crescimento embora possuam um eleitorado sólido.

E Cabral, o que ganha com a adesão a Aécio e a perda de Dilma?

O eleitorado da Zona Sul e em outras parcelas da classe média, hoje um feudo tucano, já não estaria contabilizado como perda nas contas da candidata a reeleição?

E Cabral acha que isso redimirá seu candidato do desgaste que ele acumulou nessas áreas? Ao contrário, será o candidato do PT o principal destinatário dos votos aecistas que não toleram a ideia de votar em Cabral.

Terminou o que era impossível continuar: todos os candidatos a governador apoiarem Dilma.

E a aliança de  Lindbergh com o PSB desobriga-a, também, de ter um único candidato.

Terá três.

E Aécio, terá um ou ficará prisioneiro de assumir a rejeição de Cabral no eleitorado de classe média, o que lhe é cativo?

Porque Pezão, que nada é, corre o risco de não ser nada: nem o candidato de Dilma, nem o de Lula, nem o de César Maia, nem o de Eduardo Paes.

E nem o de Sérgio Cabral, que detonou completamente os discursos e as chances do “seu candidato”.

Pezão perdeu o chão.

Sua candidatura passou a ser, em todos os sentidos, a de Cabral, sobretudo o de não ter personalidade própria.

Cabral esquece que, por mais que duas décadas de traições e mesquinharias tenham apequenado a política no Rio de Janeiro, sobrevive aqui, como em poucos lugares, o sentido nacional dos embates.

 

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9 respostas

  1. Está na hora do Rio ser iluminado por mais um poste do Lula, o Lindberg! A frase é bonita, mas se não for possível acontecer prefiro o Garotinho, que ao menos é sensato com a rede bobo e sabe enfrentá-la. Na verdade eu nem sei porque não gosto muito dele, já que nesta área ele é ótimo.

  2. Não olho a árvore, mas a floresta (como dizia Brizola, não?). Não olho só o candidato, mas o projeto. Logo, seja Lindberg, Crivella ou Garotinho, terá meu voto contra a direita. Só isso, o resto “é luar de paqueta”.

  3. A questão é simplória: quem é mais rejeitado: O governador Cabral ou a Sra. Dilma? Quem for menos ganha.

    Lindinho não vai nem ao 2º turno, é tão óbvio.

    Dilter

    1. É bom lembrar, a Presidente Dilma lidera as pesquisas de intenção de voto para a Presidência no Rio.

  4. Hehehe! A verdade é que o Senador Lindbergh Farias(PT-RJ) demonstrou ter muita habilidade política e vem “comendo pelas beiradas”, e deu o verdadeiro “drible da vaca” no PMDB do Rio capitaneado pela trupe do ex-governador Sérgio Cabral, a ponto do mesmo já ter desistido de concorrer ao Senado. O Lindbergh, mesmo sem a poderosa máquina do governo estadual e lutando contra essa enorme campanha “suja e difamatória” da “turma barra pesada” (Jorge Picciane e Eduardo Cunha) do PMDB, já conquistou o apoio, e mais importante, o tempo de TV, do PT, PC do B, do PV, e agora do PSB. Por mais estranho que possa parecer essa aliança à primeira vista, existe (ou deveria existir) mais afinidade ideológica entre os citados partidos de “esquerda” do que com o velho e conservador PMDB do Rio de Janeiro. Lamento apenas o fato de a deputada Jandira Feghali ter de abdicar da candidatura ao Senado. Embora já acreditasse que seria mesmo difícil ela conquistar essa única vaga em disputa pelo Senado com o eleitorado conservador católico/evangélico que se constituiu no Rio de Janeiro, que já a atacou a oito anos atrás impedindo sua quase eleição para o Senado fazendo uma campanha suja/obscura nas paróquias e templos pentecostais dizendo que a Jandira era “abortista”. De qualquer forma, pelo o que entendi essa foi selada de comum acordo com a Jandira e o Lindbergh continuará fazendo campanha para a Presidente Dilma, até porque fazer algo diferente seria suicídio político. E ainda tem o “fator Lula”, que, como sabemos, apoia o Lindbergh, e virá ao Rio de Janeiro em atos de sua campanha. Por último, ninguém é obrigado a votar no Romário, não é mesmo? Veja em http://www.youtube.com/watch?v=6njCGlHKnzU

  5. Muito sensata a análise feita pelo internauta Onda Vermelha quando diz que Lindbergh vem comendo pelas beiradas. Então vejamos: a desistência da Jandira, a melhor candidata ao senado, mostra a grandeza e sensatez dessa mulher que pensou no conjunto e não no interesse pessoal. No momento de alta desilusão política que vive o Brasil, os candidatos cacarecos levam vantagem, assim como Tiririca foi campeão de votos em São Paulo, Romário tem tudo para repetir essa façanha no Rio. Tanto é assim que o Cabral, que de bobo não tem nada, também desistiu da derrota certa, joga com Dilma e Aécio para ser ministro de quem ganhar e cede o seu lugar para Cesar Maia que vai afundar de vez o Pezão. Em relação ao Garotinho e Crivela, candidatos conhecidíssimos do eleitor do Rio, não passam dos 20% e vão sofrer campanha cerrada da Rede Globo, o primeiro por ser desafeto declarado da emissora e o segundo por ser candidato da Record de Edir Macedo, o maior concorrente atual da Globo. Um outro internauta disse que Lindbergh é o mais novo poste de Lula o que não é verdade. Dilma e Haddad nunca antes tinham concorrido a qualquer cargo eletivo, já Lindbergh foi líder carismático estudantil e foi eleito deputado, prefeito e senador em vitórias sucessivas e é grande esperança do PT de finalmente chegar ao governo do Rio. Na verdade, o PT precisa muito mais de Lindbergh do que o inverso, já que o partido carecia de lideranças forte no estado e o nosso grande líder Lula enxergou isso e já está tratando de convencer o Crivela de desistir de sua candidatura e ser vice de Lindbergh o que não é nada impossível. O rapaz é tão carismático que já conseguiu apoio até de Caetano e de Gabeira. Não tenham dúvida o Pezão mesmo com todo o apoio da máquina do estado, sofre com o desgaste irreversivel de Cabral, e, portanto, não será páreo para esse líder carismático, quem viver verá.

  6. Parece que aos poucos vai se formando um buraco negro no futuro do PSDB. Há, a despeito das pesquisas alquimistas (com trocadilho, faz favor), uma séria possibilidade de perderem SP. Em Minas, também existe esse risco. O Paraná tem um candidato ligado ao governo federal bastante competitivo (o Requião) e o Rio tem três governistas contra um oposicionista.
    Com o início da campanha na TV, acho que Aécio vai estancar nos trinta, trinta e poucos porcento e os aliados do governo federal deslancharão. Lá pelo final de setembro, se não houver nenhuma bala de prata guardada e não acontecer nenhuma grande e comovente desgraça atribuível a Dilma, a sinergia entre sua candidatura e a dos candidatos aos governos estaduais nesses quatro estados devem puxar Aécio para menos, mais não muito, do que 30% e resultar em reeleição da presidenta em primeiro turno. Aqui no Rio, provavelmente vamos ter um segundo turno a ser definido entre Crivella, Garotinho e Lindbergh.
    Acho pouco provável que o senador ou o ex-governador deixem suas candidaturas, ainda mais para serem vices numa chapa liderada por um candidato cujos horizontes políticos se estendem, em caso de vitória, por mais de doze anos. Lindbergh governador, com Dilma no Planalto, é barbada para reeleição, como foi Cabral em 2010. E é certeza de formação de uma poderosa base política petista no estado, coisa que hoje não há. Só vislumbro essa possibilidade se, em troca da desistência, forem oferecidas as principais prefeituras do Grande Rio (e mais a de Campos, no caso de Garotinho), na eleição de 2016. Mas aí,o PT estaria abrindo mão de criar a dita base.
    Em todo caso, parece que o PSDB está sendo empurrado para o córner. E sempre que isso aconteceu, a resposta foi uma campanha eleitoral imunda. Portanto, preparem as galochas, as capas e os guarda-chuvas, porque vai chover m… nessa eleição.

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