Pesquisa, mesmo com distorção, revela tendências positivas para Lula

A pesquisa feita pelo “Atlas Político” e publicada pelo El País, agora há pouco, sofre de um vício insanável: é feita pela internet, o que, embora esta esteja hoje muito popularizada, ainda deixa de fora uma parcela muito significativa da população, cuja ausência não pode ser corrigida por qualquer ponderação, já que não há como ponderar ausentes. Igual, não é difícil imaginar que estes excluídos são, a rigor, o excluídos em tudo, de baixíssimo poder aquisitivo e moradores das áreas mais carentes do país.

Dito isso, mais que de números exatos, ela pode servir-nos de indicador de tendência, sobretudo se compararmos a edições anteriores, feitas da mesma forma.

E o que ela revela é que a libertação de Lula estabeleceu um quadro de percepção sobre o ex-presidente – e sobre seus adversários – que tem leitura clara.

A aprovação a Lula passa de 34% em agosto para os atuais 40,7%. Os contrários à sua prisão, passam de 37,7% em julho para 44,7%, agora.

Jair Bolsonaro (visão positiva para 43, 6%) e Sergio Moro (48,4%) seguem em trajetória de queda, mais forte para o ex-juiz (ou ex-divindade, como queiram), que já tem uma visão negativa que encosta, na margem de erro, à da aprovação: 45,6%.

Os dois são governo e o governo, para os internautas entrevistados, vai mal: a criminalidade está aumentando no Brasil para 56,6% (ante 26,9% que veem diminuição) e a corrupção cresce para 52,1 %, contra 24,4% que acham que ela está diminuindo.

A imagem negativa do governo não para de subir e passou de 39,8 para 42,1% os que o julgam ruim ou péssimo, enquanto o ótimo ou bom fica apenas em 27,4%.

Pelas distorções que apontei, os valores numéricos devem ser vistos com boa reserva. Mas as tendências, estas só têm razões para serem mais fortes na realidade do que ali.

PS: Aqui, a íntegra da pesquisa.

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7 respostas

  1. Papo reto. Papo que ninguém quer levar e que preferem censurar (déjà-vu daquele bolero: hipócrita…).
    O Lula está livre. Justíssimo, porque todos, sem exceção, tem direito ao “devido processo legal” – embora milhares não tenham tido e nem terão. Ninguém se importa(ou).
    Quanto à venalidade nos governos do PT, ele tem responsabilidade ou não? Julgamento político, o eleitor que decida.
    O Lula político é o líder popular disponível no momento, para tentar-se alguma resistência, qualquer resistência.
    Ele é de esquerda? Em relação à turma do golpe, ele é de esquerda. É o suficiente, por ora.
    Ele é socialista? Não, ele mesmo fez questão de deixar isso claro.
    Coisas importantes para os desvalidos foram feitas no governo dele? Sem dúvidas. Coisas estruturantes? Muitas dúvidas.
    Se voltasse ao poder, continuaria “conciliador”? Totalmente, isso está sangue. Sindicalista brasileiro …
    Lula e pessoas como ele mudarão o Brasil? Considere os fatos e conclua.
    Mas, enfim, é (só) o que temos para agora.

  2. Só ficarei contente quando as pesquisas mostrarem desaprovação a Moro e a Bolsonaro superior a 70% e quando ficar realmente claro para o povo que essa história de que Lula é um grande ladrão e mentirosa. Infelizmente, apesar das evidências mostrarem a impossibilidade disso ser verdade, a maioria das pessoas foi (e continua sendo) tão massacrada com essa mentira, que simplesmente não conseguem enxergar a realidade.
    No mais, essa questão de 56,5% dos pesquisados serem favoráveis à prisão após condenação em segunda instância deve ser por conta das fake news propagadas aos milhões, dizendo bobagens como por exemplo que isso levaria à soltura de assassinos e estupradores.

  3. Se eu fosse dar um pitaco faria um gráfico na base do puro palpite muito semelhante a este. Porém, não se pode dar crédito à metodologia usada. Me faz lembrar que a Folha fazia pesquisas por telefone contactando seus assinantes e leitores. O resultado era sempre aquele que ela desejava que fosse.

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