Petrobras reavalia área de Carcará, novo possível megacampo de petróleo

carcara

A notícia de que a Petrobras está devolvendo partes do bloco BM-S-8, do qual detém 66% dos direitos de exploração não deve ser lida como um “desistência” da empresa em perfurar a área, que é de geologia complexa e que, no passado, “matou” cinco dos nove poços perfurados, por problemas mecânicos.

A razão é outra: a empresa vai se concentrar na metade oeste do bloco, no campo de Carcará, a 230 km do litoral de São Paulo, onde foi encontrado um mega reservatório – de 470 metros de espessura, quase 50% maior que a de Libra – contendo petróleo de melhor qualidade e de altíssima pressão, talvez a maior já registrada na área do pré-sal e no prospecto de Guanxuma, o mesmo trecho, onde os testes sísmicos revelam um potencial semelhante, como você vê no mapa aí de cima.

A pressão é tanta que, por duas vezes, os trabalhos de perfuração da na área tiveram de ser paralisados por questões de segurança. Há, entre os técnicos, expectativas de que os poços, ali, possam atingir mais de 40 mil barris diários de óleo cada, o que só poderá ser confirmado pelos testes de longa duração previstos para o final de 2015. Ainda este ano, a perfuração – com poço revestido, para evitar acidentes como o da Chevron, no Frade – será retomada, porque em nenhum dos poços, até agora, foi detectado o que se chama, em linguagem de petróleo, de “contato óleo-água”, que marca o fim da camada de rochas-reservatório.

São estes testes que vão quantificar a necessidade – já detectada – de mudar o plano de investimentos da Petrobras, que, até agora, previa um único navio-plataforma para a área, o P-73, que será construído no Estaleiro Rio Grande, com 150 mil barris diários de capacidade e prevista para operar a partir de 2018.

A Petrobras mantém um silêncio quase absoluto sobre o potencial de Carcará, até agora. O que se sabe vem dos comunicados e relatório de suas sócias no campo, a Petrogal (portuguesa, em sociedade com os chineses), com 14%, a Queiroz Galvão e a Barra Energia, com 10% cada.

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9 respostas

  1. pode nos conseguir mais e mais completos dados, Fernando? procurei no site da Petrobrás, sem sucesso.
    Devo entender q os testes de delimitaçao ficam para 2015 e os de viabilidade comercial ja estao disponiveis? Impacientes nós estamos,
    e as decisões sobre a reserva NAO dependem exatamente disso, de dados que nao se tem ainda? Estou pensando numa criança q recebe um objeto lindo numa mão e …larga automaticamente o q tem na outra.

  2. Fernado, na verdade o contato óleo-água não é o fim das rochas reservatório. O que acontence é que em um reservatório existe além do próprio óleo também gás e água. A água por ser mais densa que o óleo se acumula no fundo, o gás em cima e o óleo no meio. A linha de contato óleo-água é importante pois é um dos fatores para se determinar a quantidade de óleo in place, além de ajudar a definir como devem ser os poços injetores de água, usados na recuoperação secundária.

    1. exatamente por o contato marcar a parte baixa do reservatório que permite a cubagem do óleo, mas você compreende a necessidade de se simplificar parao entendimento, não é? Falei em rocha reservatório porque uma das coisas a se entender é que o petróleo, em geral, não é um bolsão liquido “puro”. Mas agradeço a orientação técnica, já que sou apenas um interessado e apaixonado pelo petróleo brasileiro.

      1. Eu é que agradeço por ainda haver pessoas como vc neste pais, que tentam defendê-lo e defender o seu povo, e sempre de forma equilibrada e técnica (embora política também, pois é impossível não ser), sem precisar recorrer a paixões exageradas.

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