Os ‘yahoos’ do 38

Há quem creia que nada poderia expressar melhor o caráter da organização abertamente fascista lançada ontem por Jair Bolsonaro que a placa de um estranho artesanato de cartuchos de balas, onde se escreveu o nome e o símbolo da tal “Aliança pelo Brasil”.

Outros acharão que o escolhido número “38” para representar o ajuntamento não poderia ser mais adequado para dar o calibre de suas propostas para a vida (e a morte) dos brasileiros.

Mas a identidade entre forma e conteúdo mais sublime e confessional é o grito de “Irrrú” que o presidente e seus seguidores passaram a usar, numa gutural adaptação do “yahoo” dos cowboys norte-americanos que se julgam.

É que “yahoo” tem o sentido de “bruto, selvagem, bestafera” e vem da genial criação de Jonathan Swift em seu “Viagens de Gulliver”, onde o personagem vai parar em uma terra onde cavalos – os Houyhnhnms – são civilizados, verdadeiros e gentis e os humanóides – os Yahoos – são selvagens e representam tudo o que é ruim.

Vivem obcecados por uma certas pedrinhas (adivinhe!) e, por elas, chafurdavam no pântano.

Não espero, naturalmente, que a confissão metafórica do bolsonarismo tenha sido produto da razão.

É mais, talvez, a sinceridade da loucura que quer arrastar este país para a barbárie e morte.

 

 

 

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