Os sindicatos nas mãos de Moro?

Depois da promessa de Jair Bolsonaro de que o Ministério do Trabalho não deixaria de existir, o futuro (por enquanto) ministro da Casa Civil do próximo governo, Ônyx Lorenzoni deu o dito pelo não dito e anunciou que tanto a concessão – e atualização – dos registros sindicais e, provavelmente, da fiscalização do trabalho ficarão nas mãos do ‘superministro” da Justiça, Sérgio Moro.

O argumento central para isso é o de que haveria fraudes na concessão de registros sindicais, por conta da investigação aberta sobre a turma de Roberto Jefferson, ironicamente, além do DEM e do próprio PSL, um dos poucos partidos que se assume formalmente como “base” de Jair Bolsonaro.

Não é preciso argumentar muito sobre o que significa da poder a Sérgio Moro sobre a estrutura sindical brasileira. Junto com os casos de corrupção (será?) vão desaparecer, logo, a unicidade sindical e, adiante, os próprios sindicatos, já fortemente abalados pela perda do imposto sindical.

Também será inevitável que a fiscalização do trabalho – justo aquela da qual Bolsonaro reclama estar “no cangote” – dos empresários – ganhe ares policialescos (deixando de lado seu aspecto pedagógico-corretivo), com efeitos danosos sobre o trabalhador, que acaba sendo a maior vítima não só dos acidentes de trabalho como de medidas extremas, como o fechamento ou interrupção das atividades de empresas.

A maneira que Moro conduziu a Lava jato, gerando dezenas de milhares de demissões no setor de construção civil mostra bem a preocupação que ele tem com este “detalhe”.

Criado logo após a Revolução de 30, com a inspirada organização do advogado pernambucano Joaquim Pimenta, um defensor dos trabalhadores, de Evaristo de Morais Filho e de um empresário, Jorge Street, um empresário da indústria têxtil de ideias avançadas, que defendia o direito de greve e melhorias sociais para os trabalhadores (criou a primeira creche para filhos de operários), e muito criticado por intelectualóides como “promotor da conciliação entre  capital e trabalho”. o Ministério do Trabalho morre agora.

Leva junto a frase que, durante décadas, foi uma das expressões de que se valeu o trabalhador para defender os seus direitos – “se fizerem isso, eu vou lá no Ministério do Trabalho”.

Ia, não vai mais.

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6 respostas

  1. Se a maioria é trabalhadora ,porque foi “escolhido”(tenho minhas dúvidas até hoje) um verme fascista que governará para os poderosos??
    O coitadismo da classe pobre (maioria) já não cola mais nestes dias de informação aberta.Que eles se “informam” pelo whats??? e na hora da novela ,grudam seus olhos e fecham sua menteb a realidade ,por que não aproveitar essa hora para navegar livremente na internet???a culpa é de quem ? dos fascistas vendedores de peixe podre ou de quem compra ??
    Vivendo e aprendendo ou…desaparecendo .

    1. Também acho que essa eleição desde a campanha e pesquisas foi uma gigantesca fraude. A direita não iria mais aceitar de jeito nenhum pegar mais outra pisa (surra) humilhante e jogou pesado e feio e todo mundo INCLUSIVE DAS ESQUERDAS tá aceitando isso com uma ‘boa’ vontade incrível. Quando se descobrir mais adiante, daqui a 30 ou 50 anos o que houve realmente, já terá sido muito tarde para se contestar qualquer coisa. Mas aqui é assim: simplesmente aceita-se a farsa democrática como a coisa mais normal do mundo…

  2. Sem dúvidas, as duas maiores crueldades com os mais fracos foi a virtual extinção da justiça do trabalho e dos sindicatos. Trotsky define o fascismo como o sistema que visa extinguir os direitos e/ou a entidades representativas dos trabalhadores. É onde finalmente chegamos

  3. Perfeito. Mas um golpe no trabalhador. Agora eu quero ver funcionário de carreira e fiscal do trabalho bolsominion. Desses eu vou rir muito.

  4. dentro de 10 anos não teremos nem 20% dos sidicatos e os que sobreviverão será os pelegos

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