O que quer Toffoli no julgamento do Coaf-MP?

Os despacho de ontem à noite do presidente do STF, devolvendo à Unidade de Inteligência Financeira (leia-se Coaf) os relatórios que havia exigido – mas não aberto – cria um suspense para o julgamento do caso, nesta quarta feira.

A impressão geral é de que Toffoli se acoelhou e recuou. E parece, ainda mais por ter feito isto depois das, ainda que fracassadas, manifestações moristas de domingo.

Tenho lá minhas dúvidas, e não por achar que Toffoli seja homem de coragem e enfrentamento, o que está a anos-luz dele.

E é justamente por isso que penso que não é bem assim.

Não creio que o conteúdo das investigações tenha sido o alvo da ordem dada por Tóffoli.

Para mim, desde o início, a ideia era produzir um abalo com a quantidade e a informalidade com que estas informações eram repassadas ao Ministério Público.

A isso, desde o início, o lavajatismo reagiu tratando o caso como uma invasão do STF sobre o sigilo bancário de centenas de milhares de pessoas.

Curioso, já que este mesmo sigilo estaria, com tais relatórios, exposto a eles.

Mas não é: é de quem quebra e de como quebra os sigilos de centenas de milhares de pessoas.

Em resumo, a mim parece que Tofolli seja maneiroso, um homem de chicanas e articulações, que vai moldando suas posições à medida das circunstâncias.

Foi assim no caso das ações sobre presunção de inocência, inventando a estapafúrdia “prisão em terceira instância”, com condenação no STJ, depois abandonada, por incongruente, no julgamento final. E depois, quase se desculpando pelo voto que libertava Lula, acenando com uma impossível modificação de cláusula pétrea pelo Congresso.

Lembremo-nos que tudo na Justiça, hoje, deixou de ser convicção e passou a ser negociação.

Por isso mesmo, quando ele assume os riscos e as polêmicas de decisões como as que tomou, é de supor que já tivesse cuidado de ter uma maioria a respaldá-lo e que isso vise a alguma coisa diferente de dizer que tudo está sendo feito regularmente, ao amparo da lei.

Os alvos de Tofolli e dos ministros a que ele se articulou não são os investigados pelos relatórios do Coaf, mas os agentes – deles e do Ministério Público – que avançaram sem ordem judicial sobre o sigilo bancário.

A começar pelo lavajatismo.

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11 respostas

  1. Estava esperando sua opinião e achava que seria por esse caminho. Mas mesmo com todas as chicanas que possamos supor, o simbolismo do gesto foi de fraqueza deplorável. Os dementes que foram às ruas domingo e seus assemelhados, vão se sentir empoderados. E isto é péssimo.

  2. O RECUO,A COVARDIA DE TOFFOLI É UMA DEMONSTRAÇÃO DO QUÃO PEQUENA MORALMENTE É A CLASSE JURÍDICA.
    SÃO ANÕES MORAIS QUE AMEAÇAM PARA SE DEFENDEREM,EM NADA DIFEREM DA BANDA PODRE NA SOCIEDADE BRASILEIRA.
    ENQUANTO ISSO O MILICIANO ENCONTRA A CHINA QUE SEM PUDOR ALGUM VAI TORNA-LO UM MILIONÁRIO,CHINESES PERCEBERAM QUE O DINHEIRO PODE TUDO NA QUADRILHA DE TERNO,TOGA E FARDA BRASILEIRA E SEM PUDOR SEM CONSCIÊNCIA DE CLASSE QUE OS LEVOU AO PODER ASSALTAM,SAQUEIAM O POBRE POVO BRASILEIRO.
    NO CAPITALISMO NÃO EXISTEM POMBAS,SÓ AVES DE RAPINA,CARNICEIROS DE NOSSA CARNE FRESCA NOS DEVORAM AINDA VIVOS.

    1. “EM NADA DIFEREM DA BANDA PODRE NA SOCIEDADE BRASILEIRA”
      Na verdade eles são a “elite” e “comandantes” da podridão.

  3. Discordo da idéia apresentada pelo post,o custo foi absurdamente alto ,havería outras formas menos danosas de tentar se opôr aos delinquentes lavajateiros e cúmplices.
    Acredito que alguém (esse alguém tem nome,Ajax Porto Pinheiro) deve ter “conversado” com ele a respeito dos inconvenientes que isso geraría na estrutura do GOLPE.
    Em soma ,com a corda que eles colocaram no seu pescoço ,o Tóffoli achou que podía descer do banquinho,não senhor !.”Fica aí,que quando vc incomodar a gente chuta o banquinho e vc já era !!!! “

    1. É muita inocência achar que os milicos mandam em alguma coisa.
      Fosse no tempo dos trogloditas costa e silva, médici, geisel e figueiredo, esse stf, bolsomerda, mor(t)o e astrólogo já teriam “desaparecido” faz tempo!

  4. Toffoli ainda vai receber informações cruciais sobre a atuação ilegal dos lavajatistas em relação ao COAF. Toffoli recuou de seu pedido incrivelmente transbordante para um patamar mais confortável e proveitoso, de onde poderá centrar fogo nos audazes procuradores com muito mais eficácia. Não importa que seu gesto pareça isto ou aquilo, o resultado dele vai ser visto após o julgamento. Estes ministros do Supremo estão aprendendo a jogar como os grandes mestres da política.

  5. Tenho uma opinião antiga que Toffoli fez alguma coisa no verão passado e alguém sabe o que ele fez.

  6. Toffoli pediu (ele não manda, pede) também que PGR detalhasse quem pediu e quem recebeu relatórios do COAF; pedido negado; Aras disse que os relatórios eram enviados aos procuradores espontaneamente, não tinha como saber quem pediu ou quem recebeu. HAHAHAHAHAHAHA na rosca!

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