O país não é um caos, o que é um caos é o Governo

No Valor Econômico e em O Globo, Jair Bolsonaro diz que conversou com o ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, para as Forças Armadas “estarem preparadas para o caso de manifestações nas ruas como as que ocorrem atualmente no Chile”.

Bem, há um diagnóstico unânime que a origem dos problemas chilenos é o desenvolvimento sem distribuição de renda, a destruição dos sistemas públicos de educação e saúde e o estado de penúria dos aposentados com a “genial” mudança da Previdência para o tal “sistema de capitalização”.

Visto assim, é plausível que estejamos sujeitos, afinal, “às manifestações de rua como as que ocorrem no Chile”.

Mas só assim e, com gosto, perseguimos este caminho.

Aqui, porém, não há o menor sinal de agitação pública.

Ou melhor: fora dos grupos governistas, que pedem o fechamento do Congresso e a mutilação do Judiciário, enquanto atracam-se no Congresso por cargos e dinheiros públicos, não há o menor sinal de movimentos de insurreição como os chilenos.

O anúncio público de que se ordenou uma preparação do Exército para a “garantia da lei e da ordem” é, portanto, uma provocação tão barata quanto terrível.

Se Bolsonaro tivesse uma preocupação real em evitar crises, estaria ouvindo o que diz o ex-presidente chileno Ricardo Lagos, um democrata-cristão: “Acho que não foi suficientemente avaliado o que era ter militares novamente nas ruas, nos deu uma sensação de voltar ao passado” e que a origem do drama do Chile é que a explosão popular vem do sentimento do povo de que “o país está crescendo, mas a gente não se beneficia disso”.

Ele prefere, porém, seguir na sua retórica de conflito, atribuindo todos os problemas dos nossos vizinhos a uma esquerda que “quer voltar ao poder”.

Além, é claro, de demonstrações de vaidades como a de ontem, na entronização do imperador japonês, carregando mais colares e medalhas até que o Príncipe Charles, do Reino Unido.

Este discurso, que lhe valeu a vitória a um ano, está velho e não convence senão seus convertidos. Ainda que conserve uma natural autoridade, por ter vindo de uma eleição surpreendente, Jair Bolsonaro não tem mais apoio maciço e isso qualquer um constata conversando nas ruas.

O charivari entre seus apoiadores, a erupção de lunáticos empoderados, a inação administrativa e o filhotismo desbragado, tudo vem empurrando o sentimento popular para que ele é mais do mesmo e que a destruição institucional que se fez no Brasil nos últimos anos em nada resultou de bom.

Exceto o ossário militar que Bolsonaro levou para dentro do Palácio, não parece haver muito entusiasmo das Forças Armadas em se lançarem a uma escalada repressiva, mesmo afagados com uma reforma previdenciária própria que, ao contrário da dos civis, dá em lugar de tomar.

O elemento subversivo, no Brasil destes dias, que destrói a credibilidade do Governo, que abala e amesquinha as instituições, que torna a política um festival de baixarias, imundícies e ambições não é outro senão o clã Bolsonaro, absolutamente despreocupado em produzir qualquer reversão no quadro de degradação econômico-social, inerte diante dos fatos que assustam o país e despudorado no seu agir político.

Se há algo que deve preocupar nossos militares é que um governo assim transforme as Forças Armadas em sua milícia.

 

 

 

 

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12 respostas

  1. Pois estão comprovadas as TESES ANTIGAS DOS RETRÓGRADOS,de todos os tempos,que o POVÃO,tão aclamado pelos ESQUERDISTAS METIDOS A SABIDOS,não passam de ACÉFALOS EM MULTIDÕES DE IMBECIS,que se depender deles,PREFEREM ÀS REVOLUÇÕES REDENTORAS,viverem na paz dos cemitérios e irem todos,para o CÉU.No Chile e noutros lugares,onde existem movimentações massivas,não há,nenhum sinal que essas turbas,PROPONHAM SEQUER,uma REVOLUÇÃO LIBERTADORA.São todos,ovelhas obedientes aos patrões,pois os seus DEUSES,todos eles,são sócios dos PATRÕES AMADOS.Qualquer coisa diversa,NO CREO EM BRUJAS.

    1. Na verdade, vc expressa apenas seu preconceito e desconhecimento quanto ao povão. O povo só muito raramente se movimenta sozinho sem liderança. Os responsáveis são outros, particularmente e sobretudo a mídia e os partidos ditos de esquerda, especialmente o PT. Trotsky dizia que a causa imediata do fascismo era a omissão das esquerdas. O que vemos aqui? Partidos valentes no twitter, ótimos para notinhas e entrevistas, confiantes nas instituições e totalmente esquecidos do povo como protagonista na história. Alguém acredita mesmo que o STF vai soltar o Lula? O Haddad é, a meu ver, o nosso Lenin Moreno e ainda por cima temos de aguentar o Lula namorando o Ciro e a Martha ou suas declarações sobre a importância da lava jato. Obviamente temos de lutar pelo Lula livre mas é preciso ter cuidado para não endossamos muita bobagem que ele diz. Mais do que nunca é atual a frase de Fidel, na qual devemos meditar em profundidade: “em uma fortaleza sitiada, toda dissidência é traição”

    2. Na verdade, vc expressa apenas seu preconceito e desconhecimento quanto ao povão. O povo só muito raramente se movimenta sozinho sem liderança. Os responsáveis são outros, particularmente e sobretudo a mídia e os partidos ditos de esquerda, especialmente o PT. Trotsky dizia que a causa imediata do fascismo era a omissão das esquerdas. O que vemos aqui? Partidos valentes no twitter, ótimos para notinhas e entrevistas, confiantes nas instituições e totalmente esquecidos do povo como protagonista na história. Alguém acredita mesmo que o STF vai soltar o Lula? O Haddad é, a meu ver, o nosso Lenin Moreno e ainda por cima temos de aguentar o Lula namorando o Ciro e a Martha ou suas declarações sobre a importância da lava jato. Obviamente temos de lutar pelo Lula livre mas é preciso ter cuidado para não endossamos muita bobagem que ele diz. Mais do que nunca é atual a frase de Fidel, na qual devemos meditar em profundidade: “em uma fortaleza sitiada, toda dissidência é traição”

  2. Realmente não existem problemas. O flamengo venceu, aqui tudo é festa. Enquanto houver cipó e bananas o povinho vai vivendo.

  3. O que o Bolsonaro está pensando? Que as Forças Armadas são a solução para todos os problemas do país?

    1. O verbo pensar não se aplica, mas ele patologicamente insiste em reproduzir o cenário do quartel onde foi criado. Duro é que vende. Difícil isentar de responsabilidade a imprensa reclamona e mimada que desenvolveu uma relação doente com o petê.

      1. As malditas emissoras de televisão continuam nos seus noticiários a matraquear, em qualquer oportunidade, que o “Lula é acusado pelo ministério público de receber 120 milhões de reais de propina da Odebrecht e mais vinte milhões de propina da OAS”. E em seguida, para criarem uma sensação de farinha do mesmo saco, falam das proezas de outros acusados de corrupção, como Rocha Loures. Jornalismo marrom não pode acabar bem.

  4. “Todos os grupos que pedem o fechamento do Congresso e a mutilação do Judiciário, enquanto atracam-se no Congresso por cargos e dinheiros públicos”. Esta síntese do Brito é a definição demolidora do Brasil bolsonariano.

  5. “Foi Glauber quem forçou, nesta semana, a retirada de pauta de uma das suas pernas mais terríveis, o PL 1595/2019, do Deputado Major Vitor Hugo — treinado a vida toda no Exército para operações de “inteligência” (arapongagem).” São vários PLs que visam ao fechamento do Regime. Só o Dep. Glauber Braga está atento! Pl 2418/2019; Decretos 10046/2019 e 10047/2019

  6. Fernando Brito, preciso e conciso, como sempre. Em minha pequena amostragem (ambiente de trabalho e família) as pessoas parecem simplesmente não dar a mínima para a reforma da previdência, retirada dos direitos trabalhistas, venda de estatais e as demais atrocidades do governo miliciano. Desde que tenham novela, futebol, videogames e netflix, parece que vai tudo bem.

  7. kkkkk…só 10 meses de governo….se demorar mais…isso aqui vai virar império do BRASIL…com servos, vassalos, etc

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