O horror já está entre nós

Da repórter Sílvia Bessa, na edição on-line do Diario de Pernambuco, um retrato do ódio que já está entre nós:

Ayanna tem 10 anos. É negra. Estuda numa pequena escola particular no bairro de Candeias, Jaboatão dos Guararapes, e este ano não quis participar das comemorações do Dia das Crianças. Em casa, relatou à família que tinha vivido uma ameaça logo após a divulgação do resultado do primeiro turno. Um menino, da mesma idade, se aproximou e disse: “Ayanna, aqui não é lugar para você. Você não vai poder estudar mais nesta escola porque não combina com sua cor. Sua família é negra e vocês têm que viver separados de nós. Bolsonaro já ganhou e garantiu que vai resolver essa mistura. Se seus pais vierem falar merda, a gente mete bal

Segundo contou a mãe, Josivânia Freitas, a filha foi vítima de uma sequência de outras frases intimidatórias e preconceituosas. Teria sido chamada de “burrinha” em ocasião anterior. E questionada: “Você estuda nesta escola por causa de bolsa?”, teria perguntado o mesmo menino a Ayanna.

A garota transferiu a pergunta à mãe: “Mamãe, o que é bolsa?”. Josivânia explicou que era um benefício de gratuidade para alguns alunos, mas que, no caso dela, a escola era paga pela família. Ayanna chorou, não quis ir à escola nos dias seguintes e os pais analisam se será preciso transferir a menina da unidade educacional.

Ayanna é a única criança negra da série dela. Ela lembra de outras duas na escola; com uma diferença: Ayanna é cafusa, mistura de negra e índia, com descendência dos Xucurus de Pesqueira. Por isso, tem melanina mais forte que a das colegas do 5º ano.

“Chorei e não foi pouco. Minha filha vive no meio de uma ameaça. Tem medo de existir”, diz Josivânia, pedagoga, doutoranda em Educação Matemática e Tecnológica na UFPE, professora de pós-graduação em Psicopedagogia educacional da UniNabuco, de pós-graduação no Instituto Nacional de Ensino Superior (Inesp/Caruaru), do ensino fundamental em Jaboatão dos Guararapes e coordenadora pedagógica da Escola de Saúde do Recife (ESR).

“Pensei muito antes de falar, mas a situação chegou a um ponto que é necessário”, frisou a mãe, que chegou a publicar o caso no perfil pessoal dela no Facebook. As frases do menino foram levadas à professora.

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38 respostas

  1. Certamente esse menino ouviu essas barbaridades em casa. Será essa a família que o Coiso prega? Que ensinam seus filhos a serem racistas, xenófobos, homofóbicos e misóginos? Acho que a resposta todo o mundo sabe, mas alguns preferem “fazer olho branco” para essas atrocidades. Tudo “gente de bem”. E isso numa escola particular, de classe média alta. Taí a desgraça do país. E o Coiso só precisou explorar esse ódio escondido para despertar seus “sentimentos mais primitivos”. O risco é muito pior do que podemos imaginar.

    1. Essa “eleição” serviu para mostrar a verdadeira face dos brasileiros! Me afastei de amigos e familiares depois que se revelaram!

      1. Pode crer, neste ponto foi bom, pois hoje sem bem que é o inimigo, eles estavam ocultos se revelaram.

    2. Sou professora da rede particular e posso garantir q isto está realmente acontecendo, crianças de 10, 11 anos racistas, homofóbicas, acuando professores pra saber se votaram no bozonaro, caso negativo, ficam cochichando: é petista! Está assim o andar!

    1. não vou achar ruim não.Criaremos a nossa Pátria com os estados do nordeste e os do norte que assim decidirem.Serão bem-vindos também os emigrantes do Sul, Sudeste e norte.Simples assim.

      1. Nilza, mudo imediatamente pra Natal ou Recife.

        Como seria bom deixar essa corja “cheirosa” se ferrar no “sul maravilha”, enquanto curtíamos nossa LIBERDADE no NE.

    1. Impressiona é que um presidente com rejeição de quase 90por cento pode ter como sucessor alguém que deu suporte ao seu governo.

  2. QUANDO TENTO COMPARTILHAR. Será que acontece o mesmo com outros leitores ?
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    O horror já está entre nós https://tijolaco.net/o-horror-ja-esta-entre-nos/ via @tijolaco

  3. Soube que o TSE atendeu a defesa de Bolsonaro e barrou propaganda do PT sobre tortura. Pelo que eu li sobre as razões da decisao do ministro, é só deixar unicamente a fala do capitão de que é favoravel a tortura. Ou seja, tirem as imagens violentas do vídeo e o depoimento da torturada. Façam uma introdução ligeira do tipo: você tinha conhecimento de que o candidato Jair Bolsonaro já se manifestou favorável a tortura? Em seguida, coloquem o video e ponto final. Para quem sabe ler um pingo é letra. O brasileiro sabe o que é tortura e tem direito de saber o que o candidato pensa sobre essa prática. Aí vamos ver qual será a alegação do ministro para barrar a propaganda novamente.

  4. Talvez fosse o caso de pedir a ela para dar seu depoimento no horário eleitoral. O caso já foi manchete de jornal mesmo. Portanto, seria uma extensao da reportagem do jornal, e ela estaria fazendo um favor enorme para todos os negros do país e uma grande contribuição para a democracia.

  5. o pior de tudo isto é que os fascinoras da mídia canalha estão em silencio ! JA O T.S.E / S.T.F A COVARDIA DESTES É VERGONHOSA. E VAI SER PIOR SE ESTE VERME GANHAR! TEREMOS MEMBROS HONORARIO DA KU KLUX KAN , NEONAZISTAS DA ALEMANHA E COM CERTEZA O S.T.F/T.S.E SEGUIRÃO NA COVARDIA.

  6. Existem os responsáveis por essa tragédia que naturalizaram o fascismo no Brasil. Bolsonaro que ensina criança de colo a fazer um revolver com a mão e tem como herói um torturador contou com o apoio explicito ou implícito dos Irmãos Marinho, Edir Macedo, Saad, FHC, Alckmin, Temer, Merval, Noblat, Otávio Frias, ACM Neto, Ronaldo Caiado, Mainardi, Miriam Leitão, Augusto Nunes, Eliane Cantanhede, Josias de Souza, Anastasia, Henrique Meireles,Moro, Deltan, Persio Arida, Marcos Lisboa,Marta Suplicy, Marina, Elio Gaspari…

    1. Corretíssima sua avaliação. É bom dar nomes aos demais responsáveis por tudo o que está acontecendo de desvio da humanização e da justiça no país. E a lista é grande.

      1. Prazer em ler seu comentário xará. Se você não se importar, quando voce comentar, vou responder que não se trata de um comentário de Sandra rota. É só por um tempo até nos diferenciamos no blog. ok.

    2. Em algum momento do futuro devemos fazer um memorial com todos os nomes dos fomentadores do fascismo em nosso país. Dizer como e quando contribuíram pra isso.

  7. o Twitter tá censurando o compartilhamento do Tijolaço pq?

    esta denuncia tem que ser repercutida internacionalmente!

  8. ~”…só o que ele (Hitler) descobriu foi nosso medo e nosso ódio. E agora estamos todos correndo ao encontro de outro monstro de quem deveríamos estar fugindo…
    …ele é um agitador que acredita que nosso medo irá afogar nossa razão” (Do filme Segunda Guerra Mundial – Hitler – A Ascensão do Mal)

  9. Não podemos, não devemos e não vamos deixar isto acontecer. Não é possível vivermos num País dominado por ódio, desigualdades e violência, seja física, verbal. enfim, qualquer tipo de violência, principalmente contra nossas crianças, que são o nosso futuro.

  10. Li no portal g1.globo.com – sim, porque eu fico de olho mesmo – que uma mulher sacou uma arma durante uma discussão com o marido e atirou acidentalmente no peito de uma jovem de 22 anos. Depois ela e o marido fugiram. Pois então, se a mulher não tivesse uma arma a jovem não teria morrido. Leiam em ‘familia acha assassina após check-in em restaurante, avisa polícia e mulher é presa em SP.

    1. Só pra constar: quando alguém saca uma arma, ou é pra matar, ou vai ser morto. “Sacou uma arma e atirou acidentalmente” … Isso não existe.

      1. O “acidentalmente” é porque a mulher não matou quem ela queria, mas uma inocente que não tinha nada a ver com a história. De resto, concordo com você.

  11. Quando Hitler governava e estava no auge, a população alemã ia às praias, divertia-se nos bailes, tudo eram festas, enquanto que o braço longo do Estado alcançava e eliminava os “indesejáveis”. Para os alemães, tudo estava bem, não enxergavam o terror que funcionava nas penumbras, ou fechavam os olhos e, até mesmo, achavam tudo muito normal, porque, afinal, a “culpa” era dos judeus e eles que “reclamavam demais”. De roldão, também iam os ciganos, os aleijados, etc., e nenhum sentimento, nenhum olhar de compaixão, nenhum protesto, a não ser alguns que ousavam ser mais cristãos ou humanos, ou críticos, com o risco da própria vida. Tiveram que perder a guerra e sentir os seus horrores na pele, as humilhações, os desprezos e, somente aí, é que veio o arrependimento deles. Foi aí que reconheceram a que monstro eles serviam e se serviam. Será que o brasileiro terá que passar, forçosamente, por situação semelhante para se tornar mais humano e civilizado?

  12. Triste país este nosso Brasil tão grande e amado!
    País que, em decorrência da justiça que tem, em vez de evoluir está, lamentavelmente, retroagindo a passos largos.

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