O Auschwitz da “retomada”: exército levando pais e mães de operários

O Ministério da Economia e o Governo têm, afinal, um plano para recuperar a economia da crise do novo coronavírus.

Bem poderia ser chamado Plano Auschwitz, em homenagem ao tristemente famoso campo de concentração (na verdade, três deles, próximos) da Alemanha nazista, onde sobre o portão de ferro escreveu-se “Arbeit macht frei”, o trabalho liberta, em alemão.

Exagero? Leia o que se escreve na Folha, hoje (lá no final do texto, porque os repórteres, talvez pela juventude, não perceberam a gravidade do que se planeja, e que eu sublinho no texto:

O controle [da retomada] seria garantido por um protocolo a ser definido pelo Ministério da Saúde com os procedimentos necessários (adaptações de linhas de montagem, como distanciamento entre funcionários) para evitar contágios. Para isso, seriam exigidos testes em massa.
Outra ideia em curso seria retirar a população que faz parte do grupo de risco, como idosos, da casa desses trabalhadores, especialmente os mais carentes.
Pessoas que participam das discussões na Economia afirmam que uma proposta em análise na Casa Civil prevê seleção de idosos, especialmente nos grandes centros urbanos, e transferência para hotéis que, neste momento, estão fechados.
A organização dessa força-tarefa ficaria a cargo do Exército.

Veja o que isso quer dizer: para que o jovem possa voltar ao trabalho “em segurança”, uma tropa do exército (ou da polícia) vai à sua casa e “remove” a sua mãe, uma senhora de 65 anos, e a leva, numa viatura, até um hotel guarnecido de soldados, de onde não pode sair e será colocada ao lado de quem ela nunca viu na vida, sem visitas e com a suprema concessão de poder olhar pela janela de um quarto minúsculo (é claro que não serão os “cinco estrelas” os hotéis escolhidos).

No final do século 18, a palavra iídiche pogrom passou a designar a perseguição a judeus (e depois a eslavos, ciganos, protestantes…). O governo brasileiro quer, agora, fazer o pogrom dos “coroas”, carregando os pais e mães de operários para a clausura, a fim de que seus filhos possam ser carne para as máquinas de fazer dinheiro.

Isso está em estudos, diz o jornal, na Casa Civil do General Braga Netto.

Estamos diante de nazistas, de gente que – talvez não o perceba, no que não as isenta – considera seres humanos apenas máquinas de produzir e que acha que em nome disso, pode ter pais e mães arrancados de casa e depositado em cubículos, para que o mecanismo do capital possa voltar a rodar.

Nem que isso seja à custa de levar, com um cabo e um soldado, nossas mães e nossos pais.

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20 respostas

  1. Não é por “juventude” não. Pra fazer carreira em jornalão não tem como não reproduzir a ideologia dos patrões, que acham que trabalhador é “carvão pra queimar” mesmo.

  2. ..só faltou estabelecer uma tabela de recompensa pela quantidade de “cãs” que seriam “recolhidas” das famílias pra, talvez, terem destino e datas INCERTOS de retorno..

  3. Insisto na centralidade do Mercado no Golpe de Estado e na transição lenta, gradual e segura rumo a outra ditadura (estado de exceção no Brasil sempre foi a Democracia, o Estado Ditatorial é a regra). Os meninos e meninas da Faria Lima, seus chefes e patrões são responsáveis pela destruição econômica que criou as condições para o Golpe de Estado. Considero eles piores do que bolsominions ou milicianos mediáticas. Eles começaram a guerra contra os governos petistas desde 2010 esperavam apenas uma oportunidade para desfazer o ataque total contra a Democracia brasileira. Piores ou tão ruins quanto eles, só os jornalistas da Grande Imprensa, que como aqueles são piores que seus próprios chefes e patrões, que é a agência de publicidade do Mercado.

    1. Já tivemos o nosso 64 contemporâneo em 2015, triste é que aguardamos passivos pela chegada de 68 ..pior que com mesmos atores, métodos e enredo.

      Reitero que dessa equação 3 devem ser os fatores decisivos ..a evolução da pandemia ..a evolução da CRISE ECONÔMICA ..e o que vai acontecer com o Império do Norte após as eleições e o COVID.

      em tempo – do artigo de MOURÃO no Estadão de hj destaca-se a ISENÇÃO que ele dedica a familicia por esta crise política, ética e Institucional em que nos encontramos e, na visão dele, as 3 causas que deveriam nos unir daqui pra frentge: a saúde, produção e consumo .repare que ele não fala nem em RENDA, nem e emprego, uma preocupação que pra ele e pros seus da caserna, nunca foi uma preocupação decisiva de sobrevivência, já que qdo precisaram, sempre os tiveram de forma perene e abundante tb.

      1. Militar de pijama, federal, procurador ou juíz rábula e tiranete de hospício não pia, só atua, por meio de cordões invisíveis que eles fingem não ver mas que tentam se desvencilhar ou se enrolar neles dependendo das circunstâncias. Apenas garantem a segurança do cassino , mas não dão as cartas.

    2. Concordo, só que considero que a guerra da burguesia contra o PT começou desde a criação do PT, e chegou ao nível do ódio já na posse do Lula. Foi muito, muito difícil atravessar o ano de 2003. A burguesia estúpida do Brasil não entende, não percebe, não atina com o fato de que o Partido dos Trabalhadores é a última esperança que ela mesma tem de sobrevivência.

      1. Sim, a luta contra o PT começou antes mesmo de o partido ser criado. Mas isso é totalmente legítimo e faz parte da luta política. Durante todo esse período várias foram as formas de luta adotadas por seus adversários: a primeira, foi a de ignorar-lhe, como se ele não existisse, a segunda, uma vez que foi impossível ignorar o PT, era precioso acusar-lhe de subversivo, a terceira, uma vez que era impossível atribuir subversão a um partido totalmente institucional e democrático passaram, a quarta tentativa, incapazes de desqualificar-lo como partido institucional, tentaram desqualificar o Partido como incapaz de gestionar primeiro o Estado e depois o Estado e a economia, por último, passaram a acusar o PT de partido da corrupção, antes disso, chamavam o PT de partido de freiras (apud FHC), finalmente, passaram a demonizar o partido e seus lideres e de lançar simultaneamente todas as acusações anteriores sobre o Partido, seus lideres, militantes, eleitores e simpatizantes…..foram todos transformados numa “raça” que deveria ser “eliminada”, passaram a guerra. E chegamos onde chegamos.

      2. Tenho dificuldade em chamar de burguesia a plutocracia brasileira, falta-lhe a decência aparente que este termo requer. Nossa plutocracia está mais para a figura do sátrapa (governador de província de Império) ou de exército de ocupação. Nossa Finanças tem mais a característica de uma classe proprietária e rentista, mescla grotesca de funcionários de “alfândega” e Capitão de Mato e turista da Walt Disney.

  4. Se vão terminar construindo hotéis ou acampamentos ou campos de concentração, seja lá o nome que deem, para isolar idosos enquanto seus filhos são empurrados ao trabalho escravo, então chegaremos à fase dois da economia nazista, quando partiram diretamente para o trabalho escravo pregado e implantado por Himmler em 1934. Estaremos a fazer grandes progressos ideológicos rumo a um futuro sem futuro.

    1. Lá em Brasília já começaram a confinar os idosos em um Hotel, o Brasília Palace Hotel. São os primeiros participantes do programa que denominaram “Sua vida vale muito – Hotelaria Solidária”. Isso ocorreu no dia 22/04. Seria interessante ficar de olho nesse programa de confinamento dos idosos e ver como está a situação deles.https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2020/04/22/interna_cidadesdf,847020/covid-19-idosos-chegam-ao-brasilia-palace-hotel-para-hospedagem-solid.shtml

  5. Eu já acho que a parte mais cruel desse plano foi colocada no fim do texto de propósito. A grande imprensa é cúmplice dos doentes neoliberais. Batem no Bolsonaro, mas sempre colocam o Guedes, homem do mercado, num altar. Desculpem a franqueza, mas o nível de imbecilidade da classe média trabalhadora no Brasil é culpa dessa imprensa bandida, que apoiou o golpe, e agora apoia isso.

  6. A afinidade do governo Bolsonaro com o nazismo vem desde seu slogan Brasil acima de tudo, o hino nazista começa exatamente com estas palavras: Deutschland über alles, tradução: Alemanha acima de tudo.

  7. Isto é culpa de anistiar criminosos covardes, seus seguidores se arvoram do poder não lhes concedido, e esbanjam de pompa. Anistia nunca mais.

  8. Infelizmente, cada um está pensando em si mesmo, falar de nazismo, campo de concentração, em meio de uma grande pandemia, falar em trabalhar como se fosse escravidão, para mim e dizer que não quer trabalhar, já passamos por uma greve de caminhoneiros, e todos sabem que se não há produção, não há trasporte, não haverá comida na mesa de cada um de vocês, parece que a turminha do quanto pior melhor, tem criando senário nazista e de, como desculpa para não aceitar a realidade, o planeta Terra está em crise, infelizmente todos estão pensando em curtir a sua vida, e se esquece das pessoas que por não ter trabalho estão nas praças, canteiro central de avenidas, não porque não querem trabalhar, mas porque tem fome, vocês acham que 600 reais será o suficiente?, Até quando?, Muito desta turminha não consegui viver três dias com esse valor, e aí quer criar senário para dizer que estão incomodandos!!!

  9. É assim que o guedes vai conseguir o tão sonhado 1 trilhão de reais economizados. Mata os velhos que dependem do INSS e bum, dinheiro economizado!

  10. kkkk ai ai soh rindo. Ora uma coisa eh o cara ou a cara ser conservador e achar genuinamente q um milico no governo poderia fazer diferenca (pois nao faz, nem mesmo na casa deles, nos quarteis). E bem outra eh o cara concordar, aceitar entrar num camburao do exercito e ser levado para alhures (alguma olaria disponivel na regiao?). Tenho a impressao q nao irao gostar muito da ideia. Na velhice o cara tem medo de morrer e nao querera sair da sua casinha e do seu meio. Eles nao gostam de sair nem quando a coisa ameaca desabar ou ser soterrada. Esses empresarios q estao provavelmente por tras disso (exercito nao consegue produzir seus meios, sempre eh dependente) nao tem mesmo limite e sao capazes de tudo para por a turma na rua. Sao o q nos tempos de pior como pais

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