No país em que faltava emprego, falta trabalhador

A Presidenta Dilma Rousseff, hoje, em Porto Alegre, (aqui, em vídeo) ao entregar a maior plataforma de petróleo já construída no Brasil, a P-55 da Petrobras, falou da missão que recebeu de Lula de reerguer a indústria naval.

Pouca gente, talvez só os mais velhos como eu, se dá conta da importância da construção naval para o Brasil e, muito especialmente, para o Rio de Janeiro.

E não é exagero dizer que ela estava morta, em meados dos anos 90, após dez anos de crise. O fim da Docenave, frota mercante da Vale do Rio Doce e a política de encomendas no exterior que, até então, era seguida pela Petrobras.

Uma indústria que chega a ser a segunda maior do mundo em tonelagem – em 1979, empregava 40 mil trabalhadores na construção de 50 embarcações – estava reduzida, por toda parte, a sucata, onde pouco mais de 5 mil trabalhadores atuavam, a maioria apenas em estaleiros de reparos.

empregonaval

Basta olhar o gráfico ao lado, que extraí da tese de doutorado de Claudiana Guedes de Jesus, da Unicamp,  para que se possa fazer ideia do fundo do poço em que chegamos e a maravilhosa recuperação do setor, basicamente conseguida com a ação do Estado brasileiro, através de dois programas da Petrobras: o da ampliação e mordernização de sua frota e as encomendas para fazermos aqui as plataformas que FHC mandava contratar no exterior.

E estes números poderiam ser ainda mais fantásticos, se não fosse a criminosa decisão da Vale privatizada de fazer na China e na Coreia um programa bilionário de construção de megagraneleiros, que acabou por se revelar um fiasco.

Mas não perdemos apenas empregos para os operários, técnicos e supervisores nessa indústria, não. Perdemos tecnologia e conhecimento, nos quais o Brasil tinha alta capacidade desde o final do século 19, porque destruímos os cursos de engenharia naval em nossas universidades.

engenO levantamento feito pela Dra. Claudiana mostra o número de formandos em engenharia naval na UFRJ e fala por si. Boa parte do connhecimento se foi, à medida em que a necessidade de sobrevivência e o próprio tempo iam “tirando de combate” a parcela mais experiente dos engenheiros e dos trabalhadores.

Sobreviveram uns poucos – e bons – escritórios de projeto naval, formado por antigos engenheiros do Ishikawagima – hoje rebatizado de Inhaúma, no Rio, onde está sendo adaptada a P-77 da Petrobras – e  do Emaq.

Também entre os trabalhadores, segundo o estudo da Unicamp, este conhecimento em parte se perdeu. Os trabalhadores com mais de cinco anos de experiência eram 35% em 1995, em 2010, menos de 18%. Os com mais de dez anos de vínculo caíram de 15% para menos de 3%.

Hoje, o problema da indústria naval é o de falta de pessoal. Estima-se que, nos próximos anos, o setor vai exigir 40 mil soldadores, chapeadores, montadores, encanadores e outros profissionais navais, com salários que superam, com os mais experientes, R$ 15 mil mensais.

É disso que o Brasil vai precisar para fazer os 46 navios encomendados pela Petrobras – além de uma centena de embarcações de apoio marítimo – as 20 plataformas de petróleo em construção ou encomendadas e os 28  navios-sonda de águas ultraprofundas.

Mas isso o povo brasileiro não sabe, quando falam a ele sobre a Petrobras.

 

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19 respostas

    1. Foi citada, embora não nominalmente. É a Projemar que vem lá dos tempos do Emaq, na Ilha do Governador, hoje Eisa.

  1. Trabalhei um ano no estaleiro CANECO NO CAJU RIO DE JANEIRO , NO ANO DE 1974 COMO ENCANADOR .Quando retornei no ano de 1994 para solicitar um (SB 40) para minha aposentadoria especial cheguei a lágrimas ao ver o abandono de todo aquele lugar onde trabalhavam milhares de operários . Más como a justiça DIVINA não FALHA , DEUS nos enviou um nordestino do interior de Pernambuco para ressuscitar esta que hoje é a segunda maior indústria naval do mundo. MUITO OBRIGADO PRESIDENTE LULA POR TUDO QUE O SENHOR FEZ POR ESTE POVO E PELO NOSSO QUERIDO BRASIL.

  2. Em tempos de crise economica mundial ,com certeza foi melhor INJETAR DINHEIRO na indústria nacional do que em bancos particulares (como fizeram os países mais atingidos ) ,ainda que falte muito para ela “andar com os próprias pernas” …

    Mas esta situação só será sustentável a longo prazo , se e empresa conseguir oferecer preços competitivos … e esse é o perigo das ESTATAIS… Protegidas da comcorrência , e assediadas por interesses políticos não tem a necessidade de serem tão eficientes quanto as empresas privadas, que para sobreviver ,são obrigadas a GERAR LUCRO .

  3. Em tempos de crise economica mundial ,com certeza foi melhor INJETAR DINHEIRO na indústria nacional do que em bancos particulares (como fizeram os países mais atingidos ) ,ainda que falte muito para ela “andar com os próprias pernas” …
    Mas a situação só é sustentável a longo prazo , se e empresa consegue oferecer preços competitivos … E esse é o perigo das ESTATAIS… Protegidas da concorrência , não tem a necessidade de serem tão eficientes quanto as empresas privadas que, para sobreviver ,são obrigadas a GERAR LUCRO . E assediadas por interesses políticos, tornan-se vitmas de de diretores sem capacidade técnica , nomeados por barganhas políticas e mais facilmente sangradas por toda sorte de corruptos.

  4. Quem dera a presidenta estivesse servida de ministros como o Padilha!!! Será que os outros não se importam por não conseguirem tal façanha? Bem que o governo teria avançado bem mais que já avançou!! Também com ministros que só ocupam cadeiras e espaço inoperante!!!!

  5. Quem dera a presidenta estivesse servida de ministros como o Padilha!!! Será que os outros não se importam por não conseguirem tal façanha? Bem que o governo teria avançado bem mais que já avançou!! Também com ministros que só ocupam cadeiras e espaço inoperante!!!!

  6. “Por fim, está reafirmando o convencionado na Convenção Interamericana de Direitos Humanos e dizendo que o Brasil, na linha do que havia proposto Luís Roberto Barroso, tem de se adaptar ao que pactuou externamente. Ou seja, o reexame de toda e qualquer decisão judicial.
    Há um silêncio constrangido diante do decano do STF. Não há como refutá-lo.”

    Num momento como esse eu me pergunto: Já que é prova cabal de despreparo de quem votou contra. O que podemos fazer para pedir o cargo destes funcionários públicos. Nada acontece? Quem os julga?

  7. Se merdal Ataulfo pereira que em 1989 já era subordinado à família marinho é contra a atitude da PRESIDENTE DILMA então é uma coisa boa para o Brasil, pois ele aprova só o que é contra nosso país.

  8. Nâo percamos tempo com mais esse canalha entreguista. Um vassalo dos poderosos nunca vai entender
    o que um gigante como o Brasil pode ser no mapa mundial!!!

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