Não, Bolsonaro, não queremos ser ‘normais’ como você

O senhor tem razão, sr. Presidente, nós da esquerda, não somos normais, se o “normal” é, para o você ser como você mesmo é.

Não achamos que as pessoas não devem ter direitos.

Nem que quase 12 milhões e brasileiros desempregados e dezenas de milhares que estão nas ruas sejam “vagabundos”.

Nem que os que têm emprego devam trabalhar 40 anos para ter uma aposentadoria sem tantas perdas.

Muito menos achamos certo alguém se aposentar aos 33 anos, como o senhor acha.

Não achamos que se eve sonegar tudo o que se puder, nem que tenha-se de “matar uns 30 mil” brasileiros para consertar a política.

Ou que as crianças pequenas possam ficar soltas no banco de trás do carro.

Também não cremos que todo mundo possa andar com uma pistola ou um revólver na cinta, menos ainda que tenhamos de fuzilar os bolsonaristas do Acre e sumir, na ponta da praia, com os discípulos de Olavo de Carvalho.

Nossos filhos não estão treinando tiros de pistola e de fuzil em Santa Catarina e e não preferimos que um deles mora se descobrir-se gay.

Aliás, preferimos até do que se contorçam numa bipolaridade de quem é e não pode assumi-lo, pelo “bom-nome” da família.

Igualmente não achamos “energúmeno” que dá a vida pela educação, não achamos que o Leonardo Di Caprio esteja financiando a queima da Amazônia, nem que o Greenpeace esteja jogando óleo no mar.

Também está na nossa “anormalidade” não bater continência para a bandeira norte-americana, porque somos brasileiros e, porque brasileiros, defendemos as riquezas do país, a começar pela Petrobras.

Também não queremos “bamburrar” ouro como o senhor fazia quando era militar e, quando somos militares, não planejamos explodir bombas nos quartéis.

Não queremos guerra com a Venezuela nem com o Irã, não achincalhamos os argentinos. Ou quase nunca, deve ter havido uma partida de futebol ou outra em que o tenhamos feito, admito.

Somos diferentes e, se o senhor é seu próprio modelo de normalidade, somos anormais, porque queremos saber quem matou Marielle e Anderson, onde está Queiroz, como funcionava a rachadinha que o seu amigo de longa data arrecadava, até porque para emprestar R$ 40 mil “de boca” tem de ser amigo, muito amigo mesmo.

Ah, sim, e não condecoramos milicianos e não estupramos ninguém por princípio, não por feiúra.

Falando nisso, alguém já lhe disse que o senhor está com aquele olhar do Jack Nicholson em “Um Estranho no Ninho”? É um pendor natural?

Tá bom, eu sei que o senhor não assistiu, como não assistiu o filme da Petra Costa que o senhor desancou ontem.

Então, dou-lhe uma referência mais fácil, a do saudoso Francisco Milani, naquele personagem que gritava: “eu sou normal!!!!”

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17 respostas

  1. E que texto, hein, Fernando! Parabéns! Queremos ser anormais mesmo pela métrica de Bolsonaro.

  2. Não há dúvida que é um elogio que esse jumento demente, faz aos que não são como ele.
    Ainda bem,estamos do outro lado, e ele (imbecil que é) acha que isso é um defeito.

  3. Quem gritava “eu sou normal” era o personagem do Benvindo Siqueira. Aliás atualíssimo este.

  4. Caro Fernando, parabéns e obrigado pelo texto.
    Um único reparo: o dono do bordão “eu sou normal!!!!” era o ator (e grande comediante) Francisco Milani (e não Fernando).
    Abraço.

  5. Se o Jair Bolsonaro pode ser considerado uma pessoa normal, então eu estou completamente louco, me internem!

  6. Excelente, entretanto acho melhor procurar o caminho do humor ou ironia, onde se fala o que se quer, sem medo de ser processado pelo capachildo do Moro. Ele processou até o presidente da OAB, mas graças a Deus caiu na mão de um Juiz com jota maiúsculo, e não deu em nada. Com fascistas todo cuidado é pouco. até o judiciário está contaminado.

  7. O olhar dele lembra mais o psicopata Norman Bates, do filme “Psicose”, de A. Hitchcock. Grande atuação de Anthony Perkins.

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