Nada de novo sob o sol escuro de Bolsonaro

Passe os olhos pelos jornais e verá que parece generalizada a impressão de que Jair Bolsonaro deixou passar a imensa oportunidade que teve ontem de mostrar que o país viveria alguma mudança profunda.

Exceto na grosseria e nos delírios extremistas – “vou libertar o Brasil do socialismo!” – não produziu coisa alguma, senão desconforto na mídia, mesmo a simpática a ele.

Diz bem Bruno Boghossian, na Folha, que Bolsonaro busca fantasma da esquerda para se alimentar no poder, e assustar com fantasmas só dura mais que segundos com crianças pequenas.

O mais suave com ele foi – e podia deixar de ser? – Merval Pereira, ainda assim com elogios que, francamente, não é muito agradável receber, como o de dizer que o ex-capitão é “o erro novo, contra a possibilidade de o PT, o erro antigo, voltar ao governo.”

Nos demais, a sensação dominante é de que não foi capaz de oferecer mais do que declarações de intenção vagas ou belicosas, como a que citei e outras do mesmo tom delirante.

De tristemente objetivo, só a ex-novidade da liberação da posse de armas e a volta do “licença para matar” para policiais (e militares?).

Nos sites, agora cedo, só a Folha acha alguma promessa que dê manchete, a de que  Guedes tem pronta MP que revê regras da Previdência e acena com um economia de R$ 50 bilhões. Quando se vai ler, além de ser promessa sem ações especificadas, vê-se que é em 10 anos…

O segundo dia de Bolsonaro, portanto, por falta de assuntos que tomem a atenção do país com mudanças concretas, possivelmente será marcado pelas demonstrações de ódio do segundo escalão, no diapasão soado ontem pelo “chefe”.

Claro, alimentará o ódio furibundo de sua trupe, na base do “agora vai”, porque a característica do covarde é ser feroz com os fracos e dócil aos fortes.

Será, como disse, esta a tônica do dia, talvez – apenas talvez – com exceções para Sérgio Moro e Paulo Guedes, os cardeais da moral e do dinheiro, que precisam que todos saibam que estão na cozinha, preparando bolo que o chefe vai servir.

 

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11 respostas

  1. Hoje os bolsonários recebem instrução da matriz de como hostilizar Cuba, Nicaragua e Venezuela. Coloquemos os pingos nos is. As grandes nações (eua, Rússia, China e algumas outras europeias) não querem guerra, mas somente um estado de guerra que serve para justificar os investimentos nas empresas fabricantes de armas (quase metade da economia dos eua está ligada à indústria bélica). Custa muito fabricar equipamentos, aviões, navios, bombas e mísseis e custa mais ainda manter tudo isto sem ação. Bombas tem prazo muito curto de validade e é caríssimo e muito perigoso mante-las estocadas. Por isso é preciso utilizar, mas só um pouquinho, para fixar na cabeça do povo regularmente idiota, que estão correndo riscos e precisam ser defendidos. Uma guerra de fato bloqueia os investimentos futuros. Só a espectativa dá lucros. Dito isto, gostaria de ver o Brasil cumprir seu ideal, ou seja: meter-se a besta, e guerrear contra a Venezuela, que é o objeto de desejo dos eua. Iria levar a maior refrega. As nossas FFAA sairiam derrotadas e mais desmoralizadas do que já estão. E toca bolsomínions aplaudindo as iniciativas machistas, vulgares e burras do governo.

  2. Hahahaha… Os fantasmas e as crianças pequenas. Pois é, parece que os eleitores do Troço, acreditam em fantasmas, super- heróis, constroem mitos, adoram ver cores das bandeiras, acreditam no bicho- papão Lula, e acham que vão para o céu e que o diabo é o socialismo. Ah, detalhe, acreditam nos bispos que arracam o fruto do suor do seu trabalho.

  3. Eu entendo que o eleitor médio esteja convencido de que o erro novo é melhor do que o erro velho e que finja que socialismo e corrupção sejam sinônimos. O que está extremamente irritante agora é a enxurrada de “ai, eu não votei nele, mas não precisa torcer contra, né?” (engraçado, ninguém votou nele!), como se em 2014 tivessem aceitado a vontade do povo com resignação.

    Por outro lado – e isso é importante – a má vontade gigantesca com que eu encaro qualquer movimento vindouro explica para mim mesma porque o eleitor médio teve, no longo prazo retroativo, tanta má vontade com tudo que veio do petê e está nessa onda de desforra sem fim. O fantasma – que é herdeiro imediato do fantasma de 64 – é mais poderoso do que parece.

  4. O Brasil vai sim, viver uma grande mudança. Vai voltar a ser o mesmo país da Velha República que vigorou desde o início do século vinte até o início dos anos 30, quando Getúlio fez sua revolução e acabou com esta ditadura cruel do bico-de-pena, que enriqueceu São Paulo e jogou o resto do país na Idade Média por mais de três décadas.

  5. Estamos no 2º dia do ano e percebemos, com tristeza, que continuamos afundando. Já agpra, celeremente. Vamos chegar mais rápido ao fundo…

  6. MP da Previdência? Deve ser um erro. A reforma da Previdência é basicamente constitucional, necessita de uma Emenda Constitucional para ser implementada. Só o Congresso Nacional pode votar propostas de emenda constitucional, que uma vez aprovadas nas duas casas e em dois turnos, são outorgadas sem passar pela análise presidencial. Neste caso não existe possibilidade de veto ou sanção presidencial.

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