Intervenção destrói credibilidade de dados da Saúde

Não existe nada de mais importante em matéria de Saúde Pública que uma base de dados detalhada, contínua e confiável.

É o que orienta políticas que possam influir de maneira sistemática e permanente.

O general-ministro que cumpre, no Ministério, o papel de executor das ordens de Jair Bolsonaro está fazendo muito mais que obter um pífio resultado de “tranquilização” do país com o atraso na divulgação dos dados da pandemia.

Está tirando a credibilidade dos números – já prejudicados pela subnotificação e pela falta de testes – que deveriam retratar a realidade do que está acontecendo na pior catástrofe sanitária do país, que só encontra paralelo na gripe espanhola, de há 100 anos atrás.

Em matéria de volta ao passado, parece que estamos regressando aos anos de chumbo do general Emílio Médici e da “operação abafa” desenvolvida na epidemia de meningite do início da década de 1970, onde se manipulava a informação sobre a doença, o que só seria revertido depois da posse de Ernesto Geisel, que criou a Comissão Nacional de Controle da Meningite, encarregada da ação epidemiológica e que, por registrar os casos escondidos antes, levou a índices altíssimos de detecção da doença (e à vacinação em massa) nos meses seguintes.

A repetição da história, com o Covid 19, se dá em tempos, porém, em que o mundo inteiro está atento aos indicadores de saúde por todo o planeta, ainda mais depois que um simples vírus que se alastrou na remota China foi capaz de causar este abalo em todo o planeta.

E aí é simples compreender porque a desmoralização de nossas dados sanitários vai significar uma – mais uma – discriminação de nosso país no mundo, diante do qual já tem uma imagem rota e desmoralizada.

Mas, reconheça-se, o fizeram com enorme competência, ao ponto de conseguir que o master chief Donald Trump nos passe a citar como exemplo mundial de fracasso.

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2 respostas

  1. O papel do governo já foi levado a cabo. Isto porque, na noite de hoje, a Rede Globo indicou duas coisas: a medida (atrasar os índices) teve por alvo principal o Jornal Nacional (“o JN perdeu matéria”, disse o asno na porta do palácio), e a Globo sinalizou que vai usar seu poderoso departamento de jornalismo para divulgar os números tão logo sejam anunciados, como o faz desde ontem. Assim, podemos imaginar o próximo passo do desgoverno, a “redução” artificial de números para não permitir o uso na “escalada” das manchetes ou como assunto principal. Ocorra ela ou não, a simples chance de acontecer já torna suspeitos todos os números a partir de agora. E isto, infelizmente, em um momento onde seria essencial assegurarmos o adequado conhecimento dos índices de prevalência e mortalidade da Covid-19 diante da malsinada “reabertura” comercial, para podermos detectar precocemente qualquer sinal de falha na contenção da epidemia e agirmos de acordo.
    Muito embora agir de acordo provavelmente nunca venha a estar nos planos deste desgoverno, pois não tenho ilusões sobre qualquer caráter aleatório em relação às ações frente à Covid-19, hoje acredito que há método na loucura e ele passa pela exploração da ignorância técnica maciça pelo poder do interesse econômico. O resto é consequência. Consequência ruim para nós todos.

  2. Só um adendo: ainda não é pacífico que o vírus surgiu na China. Ele foi detectado lá, mas talvez isso tenha ocorrido porque o sistema de saúde local, desde a época do SARS e H1N1 se preparou pra isso.

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