Governo planeja a “entrega expressa” dos Correios

Integrar um país das dimensões e das diferenças do Brasil é algo essencial a qualquer projeto nacional de desenvolvimento.

Como não temos mais nenhum projeto para isso, porém, o Governo Bolsonaro escolheu a primeira vítima do sua operação “entregar para não integrar”: vender os Correios, sob a alegação de que “o mundo mudou” e nossa empresa não tem condições de acompanhar tais mudanças.

A metade da verdade, quase sempre, é a pior mentira.

É verdade que todos os serviços de natureza postal mudaram muito, com o comércio via internet.  Mas não é verdade que nossa empresa de Correios não tenha condições de se adaptar aos novos tempos.

De qualquer forma, como o serviço de encomendas entregue por transportadoras não é monopólio dos Correios (há mais de 15 mil empresas no ramo) , reclamações de que são caros, ineficientes e demorados esbarram numa questão: quais são os privados que os oferecem mais baratos, eficientes e rápidos?

Uma pesquisa do ano passado,  “Logística no e-commerce brasileiro” feita pela Associação Brasileira de Comércio Eletrônico mostra que 81% das empresas que fazem e-commerce usam os Correios como transportadora e estes responde por 59% das encomendas remetidas.

Quem mais rejeita os Correios são os “marketplaces” – as grandes lojas hoje funcionam como agregadores de fornecedores menores, ganhando na intermediação – que negociam contratos gigantes ou apertam, em troca do volume, a margem de lucro daqueles fornecedores.

O pequeno e médio empreendedor isolado opera, mesmo, é com os Correios, que não lhe exigem volume e não têm áreas sem entrega.

A segunda questão é o fato de que o serviço postal foi considerado, há 10 anos, pelo Supremo Tribunal Federal, um serviço público, de
competência exclusiva do Estado para provê-lo em todo território nacional, o que pode ser feito diretamente ou por concessão, mas nunca sem uma mudança legal complexa.

Isso se aplica a cartas e outras comunicações assemelhadas, cujo serviço tem de ser provido em todo o território nacional, independente de ser ou não viável ecnômicamente. É algo tão difícil e custoso que só em 2011 os Correios conseguiram atingir 100% de presença em todos os 5.565 municípios brasileiros.

Isso, é claro, nenhuma Amazon ou FedEx quer.

Portanto, do que se fala é privatizar o filé e deixar uma estatal, naturalmente deficitária, para cuidar desta exigência de universalização do serviço postal.

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19 respostas

  1. Uma pesquisa mostra que 81% das empresas que fazem e-commerce usam os Correios como transportadora…
    Ah tá, tem que privatizar para eliminar o concorrente que trabalha melhor e mais barato.

  2. É cruel acreditar na epidemia de imbecilidade que de uns quatro anos pra cá, vem grassando em nosso país. Todos esses serviços essenciais à nação, são estatais nos países de primeiro mundo, como Alemanha, França, Estados Unidos e muitos outros. Aqui não, com essa besta no comando, querem privatizar tudo.

    1. USPS (United States Postal Service) é uma organização comunista no seio dos EUA, terra do liberalismo. Assim falou Olavo de Carvalho, o eremita visionário.

    2. O que é mais ABSURDO é que a maioria das pessoas que defendem esses DESMONTES são até pasmem os próprios FUNCIONÁRIOS, pessoas que sempre precisaram do ESTADO dia e noite noite e dia, o famoso POBRE ASSALARIADO os MAGNATAS defender essas aberrações até é compreensível pela AMBIÇÃO de ROUBAREM e muito nos leilões de privatizações.

  3. Compro pelo MercadoLivre e quase sempre vem pelos Correios antes do prazo.
    Há 2 meses veio algo por transportadora e demorou o dobro dos Correios, e o pior, sem o serviço de rastreamento por aplicativo que mostra o movimento diário da encomenda.
    Dá até pra melhorar , ao contrário do que quer o presidente ANTI BRASIL.

  4. Mesmo nos EUA, que é a meca barrafunda desta gangue, os correios desempenham este papel capilar na distribuição postal.
    As grandes empresas de entrega de encomendas como Fedex e UPS são muito mais caras e não chegam a todos os lugares.
    Aliás, a UPS (que é a maior empresa de entregas nos EUA, em parte por que faz as entregas para a Amazon) tem um contrato com o serviço de correios (USPS – United States Postal Serrvices) para a entrega a domicilio de encomendas que não sejam de entrega acelerada. Funciona assim: a UPS recebe a encomenda em suas lojas e representações, transporta a encomenda até o centro de distribuição mais próximo ao endereço de entrega e então repassa para o servicos de correio que fazem a entrega a domicilio ou endereço comercial.
    Por que a UPS faz isto? A razão é simples, o correio tem a capilaridade e a infra-estrutura para chegar a cada endereço do país e se a UPS quisesse montar uma estrutura paralela não competiria em preço.
    O USPS tem seu próprio serviço de entregas expressas, com muitas opções, inclusive um serviço por volume (não importa se a caixa está cheia de penas ou de chumbo, o preço é o mesmo)
    Como apropriadamente disse Brito, não há monopólio no serviço de entrega expressa no Brasil. E, tal como nos EUA, as empresas de entrega expressa no Brasil não conseguem concorrer com os correios, dada a sua capilaridade. Por isso planejam o assalto para matar o concorrente. Nos EUA tambem volta e meia se assanham para isso, mas a população sai em defesa dos correios. E muita gente (inclusive eu mesmo) não faz pagamentos eletrônicos, preferindo mandar o pagamento pelo correio como uma forma de sustentar a atividade do serviço postal público.

  5. Penso que os funcionários do correio concordam com a privatização visto que a grande maioria deles é bolsonarista.
    É bem possível que também não se importem com cobertura 100%.

    1. No Facebook, vejo bolsominions postando coisas em defesa do bolsoasno e, logo em seguida, postando contra a reforma da previdência, como se esta não tivesse nada a ver com o gorverno que elegeram e defendem.
      Às vezes fico me perguntando se seria um problema de deficiência cognitiva, desonestidade ou as duas coisas.

  6. Se bolsonaro com a sua reconhecida incompetência, que ele mesmo reconhece, resolve o que melhor serve ao país, é por que estamos no pior dos piores.
    Os generais e a mídia que o pariu são os terríveis culpados. E como?

  7. Expliquei a uma pessoa extremamente isso as grandes empresas como as citadas no texto só querem o filé mignon, não entregam em localidades de difícil acesso!!!! E só ai ela caiu na real, de uma empresa com tal responsabilidade social de integração nao ser privatizada!!!

  8. É inacreditável e repugnante que Instituições Públicas mais do que centenárias, que, no conjunto, sempre fizeram bem para o Brasil, estejam sendo ameaçadas por esse governo despreparado e anti-Nacional!….
    Pra cima desses canalhas!…

  9. Um certo país “subdesenvolvido”, bem menor e mais densamente povoado, conhecido como Inglaterra, só foi privatizar os correios há apenas dois anos.

    Mas o ministro da economia do Brasil, “Dona Maria” (é só gastar menos que arrecada), deve saber bem das coisas, não é mesmo?

    Fazer doutorado em economia para quê? É só gastar menos que arrecada. Segundo a Globonews, economia é coisa de papo de boteco, com soluções simplistas mesmo para um país complexo. Keynes era um ébrio que não sabia beber.

  10. Atualmente o Correio possui um portfólio de serviços que ultrapassa o originário serviço postal. Presta serviço de logística integrada, financeiros e eletrônicos, funciona até como banco em municípios de baixa renda, efetua pagamentos do INSS, opera o FGTS, bem como programas relacionados com outras políticas públicas relevantes como, por exemplo, o MCMV. Enfim são mais de 100 produtos e serviços prestados, com presença em todos os municípios do país através de unidades próprias e franqueadas.

  11. Faz tempo isso. O falecido Boechat era um q fazia carga contra os Correios habitualmente. Mas apesar de defensor dos Correios sou obrigado a reclamar tb das tarifas das encomendas q às vezes torna proibitivo comprar algo à distância de baixo valor pois o frete será muito mais caro. Problema q pode ser resolvido sem privatizar obviamente. Mas é aí q o bicho pega. Quem quer o Brasil grande, desenvolvido, sabe q isso nunca será possível sem determinadas estatais. Mas a patuléia só vê os benefícios palpáveis. E assim ela não esta nem aí para uma Petrobras já q o combustível não é barato e muito menos o gás. E não tem argumento nacionalista q os faça mudar de idéia. E ela, patuléia, lembra não sem razão do espírito de corpo de certos funcionários e desses lugares serem cabides de políticos por décadas. É preciso arranjar argumentos, caso contrário essa gente ficará neutra no jogo

  12. E lá vai o governo de palermas vender toda a frota dos Correios pelo preço de meia dúzia de Kombis. E a coxinhada zumbificada balbuciando palavras sem nexo.

  13. Se contratar uma empresa privada pra entregar um pacote numa cidadezinha, provavelmente a empresa vai simplesmente colocar o objeto nos correios.

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