‘Fakenomics” serão a moda do verão?

O discurso da “retomada da economia” foi inaugurado com a chegada de Michel Temer ao poder, em 2016.

E não era só nas colunas dos analistas econômicos, também o “mercado” previa, no início de cada ano, uma expansão do PIB (2,7% em janeiro de 2017 e 2,6% em janeiro desta ano) que foi se concretizar em algo perto de 1%, ao afinal do período.

A realidade era substituída pelos desejos mas os indicadores econômicos permaneciam reais, desmentindo toda as marolas de otimismo que eram ideologicamente construídas.

A crise real, porém, tinha lá a sua utilidade: era utilizada como elemento “terrorista” para legitimar a retirada de direitos sociais: com Temer e com Bolsonaro, a “ameaça” de não pagar os já aposentados para tornar aceitável que não se pagasse, no futuro, aos “novos velhos”.

Tivemos outra onda, nos últimos meses, com a situação “menos pior” que nos levou a liberação de fundos públicos (FGTS e PIS). Improvável que se sustente, pelo baixo apetite de investimentos, pela imensa capacidade ociosa que não os exige, e por uma quase estagnação da renda.

Estão surgindo, porém, sinais de que o “agora a coisa vai” possa estar se transferindo também para os índices da economia.

Começou com o estranhíssimo “esquecimento” de US$ 10 bilhões – bilhões de dólares, mesmo – nas contas de nossas exportações, divulgada pelo Ministério da Economia.

Veio a fuga de capitais estrangeiros em grau recorde (R$ 43 bilhões, até o dia 21) de uma Bolsa de Valores que solta foguetes com níveis de valorização recordes).

Depois, a desatenção com a alta do indicador antecedente dos preços ao consumidor, o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que avançou 2,84% em dezembro, a maior em 16 anos.

Na última live presidencial, ouve-se que “a economia deslanchou”, refletindo o clima criado pela associação de shoppings que disse terem cresci mais de 9% as vendas nominais (o que daria mais de 5% de crescimento real). Logo vieram os comerciantes menores dizer que não foi assim: as vendas de Natal deste ano empataram com 2018, dizem eles e vários, identificando-se, dizem que venderam menos.

Há, portanto, algum temor de que fantasias como a do “motoqueiro incendiário”, o “navio grego”, os “dados errados do Inpe” estejam se formando também nos números da economia, malgrado a capacidade dos órgãos oficiais de aferi-los corretamente.

O verão é, tradicionalmente, uma época de elevação de preços dos alimentos, exceto – ironicamente – a carne bovina, que entra em período de safra no final de novembro. Mais que os corpos na praia, acho que vai ser difícil esconder a alta dos preços que, este ano, fez uma avant-première em dezembro.

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16 respostas

  1. A imprensa tradicional (imprensa sionista) na época da Dilma só divulgava ‘desgraça’ para derrubar a mesma.
    Depois da queda da Dilma, se calaram omitindo a situação que só piorou depois da saída da Dilma.
    E hj, voltamos há 20 anos no tempo com a miséria que era grande….
    Melhorou para os 10% mais ricos, é o pobre ó…

    https://uploads.disquscdn.com/images/dd518e8c54878fc8cf5ae0c09b526a16afbbc1bd4ffe889ad9c76cb6f36889b1.jpg

    1. O tal entrevistado fake, o Henrique, que bomba nas redes sociais, é mais um exemplo do que é nossa imprensa.

  2. Sr.Fernando.Todo o problema da PROPAGANDA,não são os mentirosos,mas os CRÉDULOS.Estes sim,merecem o REINO DOS INFERNOS.

    1. É exatamente isso, Marco. Concordo 100%. Não existe o efeito da propaganda se ninguém acredita nelas e aqueles que acreditam se iludem com as cores e os sons do marketing, a ilusão da felicidade virtual, sem se dar conta da realidade e das mentiras que são contadas.

  3. Mentiras não geram empregos nem põe comida na mesa do povo. Chile vem aí, mas desta vez sem anistia pois anistia é a mãe do próximo golpe.

  4. A economia especulatória de juros baixos (só os do governo né!) joga a inflação a 2,9 % ao mês em Dezembro. Se continuar assim, a inflação de 2020 será de… 34,8% … dos tempos pré real. Assim, não há como a calcular crescimento.

  5. Não se muda a realidade com intenções, nem com torcida. Será que alguém acha que Paulo Guedes entende de economia real? Ele entende de “mercado”, aquele ente que não tem povo na conta.

  6. Há uma urgência de lucidez, de quem fale as línguas do povo, dos jovens, dos pequenos comerciantes, dos servidores públicos mais simples, da gente do campo, das estradas… Educação cotidiana, rotineira, libertadora. Não ta fácil.

  7. Sem anglicismos porque nossa língua sabe muito bem descrever o que for necessário com retoques de sofisticação que só os idiomas mais evoluídos podem conseguir. Assim, esses picaretas, incompetentes, mal intencionados porque são corruptos e que ora ocupam postos de mando neste país, têm a mentira como instrumento de “trabalho”. Quem não mente como eles, é alijado de suas funções. A ciência, a educação, a arte, são atividades perseguidas porque elas não se encaixam nos “dogmas” que esses perturbados querem impor a uma sociedade que se compõe de ladrões esclarecidos e honestos imbecis. Uns ricos e outros de remediados a miseráveis. Como foi possível colocar essa chusma no poder por meio de votos? Não é mistério. Eliminaram por fraude processual o candidato que poderia ganhar no primeiro turno. Encheram a eleição de mentiras, de eventos colaterais de duvidosa veracidade e influíram de maneira fraudulenta nas tais redes sociais de forma a inflar opiniões favoráveis ao degenerado, maluco, desequilibrado, que é fã da ostra brilhante. Um lixo que acabou sendo eleito. Um canalha que está associado ao crime organizado. O Brasil está em mãos de criminosos que querem destruí-lo em proveito próprio. A salvação do Brasil está em seu povo. Governantes bem intencionados podem ajudar.

  8. “Fakeconomics” é realmente uma palavra muito boa. Essa “narrativa” “econômica” parece mais uma espécie de “irrealismo mágico”, mistura bizzarra de literatura autoajuda e manual do IUB, Instituto Universal Brasileiro. O que gosto de chamar de “modo Empiricus” de certa forma veio não a substituir mas a concorrer com os antigos decifradores dessa entidade mágica chamada Mercado. Chega daquele clima bem comportado e familiar das poltronas da Globonews. Chega daquele sorriso conivente e ar de admiração da Miriam Leitão ou do Sardenberg diante de um desses sábios do tucanismo de mercado. As favas escrúpulos de qualquer natureza, são tempos de Golpe e de golpes. São tempos para Paulo Guedes, Paulo Skaf, Flavio Rocha, tiozão da Havan, Instituto Mises, liberais do MBL, Betina da Empiricus.
    O doutor Jekyll e o senhor Hyde são um homem só. Os meninos e meninas da Faria Lima e do Leblon são como os meninos e meninas da Lava Jato, agora são todos escravos das suas mentiras, estão obrigados a trabalhar para elas….mesmo que muitos regiamente pagos. Hoje abro a Folha em quem está lá dando mais uma milionésima entrevista? Mais um tucano de alta plumagem, mas agora já totalmente desplumada, Livres e desimpedida: a ex princesa da corte renascentista pirata, Elena Landau, dando aula de “sofisticação” liberal mas pensando que a finesse não importa en tom ameaçante diz: “Não fui eu quem prometi acabar com essas coisas todas. Eles [o candidato Bolsonari] ganharam a campanha com essa promessa [abertura comercial, a grande privatização, a grande reforma do Estado, a liberação das poupanças compulsórias do trabalhador, o fim do Sistema S e das desonerações prometidas]. Então, cumpram.”. Bem no estilão chefe de botequim a princesa bastante mais envilecida e hipócrita do que na época do Príncipe da Sociologia agora cobra da equipe do Bozo a obra que eles começaram. Os piores bolsomions ainda carregam penas e bico tucano, a diferença é que têm bem menos votos. Não ganham eleição nem na Casa das Garças (estranha fixação em aves tem nossos piratas).

  9. É impressionante a cara de pau do líder lojista que falou de boca cheia no Jornal Nacional para apresentar a fake do crescimento de 9% nas vendas. Podemos nos preparar para todo tipo de enganação sobre números da economia, porque a falta de pudor e de responsabilidade desta gente é total, e porque a economia não vai se mover nem um milímetro que não seja para trás, e não há mais FGTS do povo para mandar torrar no consumo.

  10. Já são quase quatro anos de “retomadas” que nos devolvem a situações muito piores que as anteriores…e os imbecis de plantão acreditando na Rede Esgoto com seus “comentaristas especialistas” e no lixo restante da mídia, escrita, falada e televisionada. Este povo merece o que tem!

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