Disparada do dólar: alguem “se deu bem” com fala de Guedes e “erro” na balança?

O comentário de Luís Nassif sobre o que ele teme seja a volta de trambiques milionários praticados à base de informações privilegiadas – o insider information – agora com possíveis negócios feitos com a alta do dólar provocado pelas inexplicáveis declarações de Paulo Guedes que que era bom “já ir se acostumando” com o dólar mais caro.

Nassif registra a notícia da Folha de que o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, de que a declaração causou imensos prejuízos ao país:

O Ministério Público de Contas, que atua perante o TCU (Tribunal de Contas da União), pediu à corte que apure possíveis prejuízos ao país decorrentes de declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, com reflexos na cotação do dólar.
Em representação apresentada nesta quinta (28), o subprocurador Lucas Rocha Furtado sustenta haver “fortes indícios” de que há responsabilidade direta do ministro na “alta extraordinária” da moeda americana nos últimos dias.
Para ele, houve perdas ao Banco Central e ao Tesouro Nacional porque foi necessário intervir no mercado para conter a subida da cotação.

Eu não havia lido a matéria, publicada ontem à noite mas, assim que vi, pousou um hipopótamo atrás de minha orelha.

É que no mesmo dia em que Guedes dava a entrevista desastrosa, a Secretaria de Comércio Exterior de seu ministério divulgava dados desastrosos sobre a balança comercial brasileira, apontando um déficit de US$ 1,1 bilhão, contra um superavit de US$ 4 bilhões um ano antes.

Ontem, corrigiu-se, dizendo que “esqueceu” de processar algumas exportações, coisa de como 30% do total. Uma situação que jamais aconteceu nas décadas de operação deste controle e chocante por ter sido um “lapso” de “apenas” US$ 4 bilhões.

O fato é que, em dois dias – produziu-se um salto na moeda norte-americana. Quem comprou a R$ 4,18/ 4,19 na segunda-feira pôde vender na quarta a R$ 4,26 e até R$ 4,27 ou mais, um belíssimo negócio para grandes operadores, que negociam na casa das dezenas e centenas de milhões.

Como Nassif reportou, é fácil saber quem se beneficiou desta operação “compra e vende” – e grande parte disso ao Banco Central, que entrou pesado no mercado para conter a disparada do dólar. “Basta conferir quem adquiriu dólares de forma expressiva antes das declarações de Guedes e vendeu imediatamente ao BC”.

Será que, como suspeita o procurador, tem caroço no angu do Guedes?

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15 respostas

  1. O calcanhar de Aquiles do governo bolsonaro é a economia que não destrava e seu titular é um fantoche ( ou seria uma liderança??) do sistema financeiro. Suas falas atrapalhadas parecem ser de propósito, inclusive aquela estupidez do AI 5. Nessa angu realmente deve ter muito caroço grande e está na hora de apurar. Enquanto isso a informalidade está em 25 milhões de pessoa e o desemprego em 12,5 milhões. A propósito na corrida do R$5,00 quem chega primeiro o US$ ou a gasolina?

    1. Torçamos para que Guedes tenha lesado algum poderoso. Quem sabe esse hipotético ‘otário’ se sinta traído o suficiente para mexer alguns pauzinhos em Brasília…

    2. Não tem como “apurar”. Nossos sistemas de controle e justiça estão totalmente corrompidos. “Com STF e tudo.”

  2. Meu vô ,um anarquista italiano diría ” nada que uma bala não resolva” , eu respondería ” os tempos são outros ,os homens hoje são diferentes “,são “pacifistas”.

  3. Guedes é um escroque profissional com décadas de atuação. Vide o esquema criminoso que criou contra fundos de pensão – estatais, é claro, jamais faria algo para enfurecer “colegas”. Não duvido nada que tenha tido orgasmos apenas imaginando o que poderia fazer com o poder que agora tem…

  4. A ilusão de fazer como no Chile se espatifou e o guedes está perdido. O Chile provou que tirar, melhor, roubar dinheiro de pobre na previdência e cestas só destrói o país.
    As vezes acho que o Guedes quer mesmo é destruir. Este é o caminho que ele traça: destruição.

  5. Porra Brito e demais camaradas: Esse projeto de desconstruir o que já foi feito para incluir a sociedade como um todo é célera. Não temos tempo para tervergisar, como fazem as instituições, até porque estas fazem parte deste projeto.Precisamos de uma agenda consistente que una os movimentos populares e nos coloque na rua permanente.

  6. “Basta conferir quem adquiriu dólares de forma expressiva antes das declarações de Guedes e vendeu imediatamente ao BC”. Será que ainda há jornalistas investigativos no Brasil, capazes e com disposição e meios para realizar esse trabalho imprescindível?

  7. Basta lembrar da maxidesvalorizacao de 1999 que provavelmente enriqueceu muita gente e nunca foi investigada.

  8. Análises, lógica, moral, princípios… Ora, não se consegue nada com essa oratória quando se lida com bandidos. Pratiquemos então a ilicitude contra eles, que saberão entender, desde que tenhamos os respectivos excludentes. Mas para isso, há que ir falar com o maia, o ao colubre e solicitar uma pequi que reze: “doravante, excluídos os avantes a ré, todo cidadão será excluído de ilicitude desde que a pratique com o excludente emitido pela autoridade com petente. Se a autoridade for sem petente, far-se-á um requerimento especial que custará os olhos da cara. Se o requerente não tiver olhos na cara, haverá que procurar olhos em outro lugar de sua anatomia. Achados estes ou este, e pagas as taxas da lei, o excludente estará livre para excluir sem ilicitude ad libitum”. Que delícia. A ilicitude lícita para todos. Perspectivas sem fim para a imaginação. O Brasil estará salvo.

  9. Essas desconfianças trazem uma baita insegurança generalizada ao mundo dos negócios, que é maior e mais complexo do que o conceito usual de “mercado”. Todos passam a desconfiar de todos, e o melhor é se afastar de tudo. Sabe-se lá o que a nova filosofia anti-globalista dos grupos no poder considera como sendo lícito e possível de ser praticado sem qualquer pejo, embora fuja de modo gritante aos regramentos institucionais? O que este povo será capaz de fazer, sem que lhes bata a passarinha? E agora, quem garante que não há, entre outras coisas arrepiantes, voraz especulação assegurada por atestados interna corporis de exclusão de culpabilidade?

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