Canalha da Odebrecht que acusa Brizola mente descaradamente

sambod

Um canalha de nome Pedro Augusto Ribeiro Novis, ex-presidente do Grupo Odebrecht, disse em sua delação, segundo O Globo, que a empresa pagava “vantagens indevidas” a Leonel Brizola, em seu primeiro governo no Rio de Janeiro, pelo “Sambódromo” da Marquês de Sapucaí.

O senhor Novis ou está, levianamente, repetindo o que recebeu de orelhada – coisa que não falta nestas delações – ou está, simplesmente, inventando mentiras .

Primeiro, porque ele só entrou na Odebrecht – bem jovem (30 anos) e fora de qualquer posição de comando – em 1985, como mostra seu currículo na Bloomberg.

O Sambódromo, como se sabe, foi inaugurado  em 1984.

Segundo, porque a empreiteira líder da construção, em prazo recorde, foi a Mendes Junior, não a Odebrecht, como pode ser visto no portfólio da empreiteira. Se a Odebrecht foi subempreitada ou se responsabilizou por alguma parte da obra, não recordo, mas não era a coordenadora do projeto.

A construção do Sambódromo, sob a mais violenta campanha de mídia que já se fez até esta que, agora, fazem contra Lula, foi uma epopeia que tive a honra de viver e de ser testemunha do quanto se apertou os construtores para que tudo saísse a tempo, bom e barato, como, há três anos, contei aqui.

E repito, com orgulho de uma obra que todos os cariocas sabem que foi feita justamente para acabar com a corrupção do monta e desmonta arquibancada, aquilo sim um espetáculo de corrupção de governantes.

30 anos do Sambódromo. Vi essa peleja, e o que vou contar você talvez não acredite. Mas é tudo verdade

Só quem tem de 50 anos para cima é que lembra do que vou contar.

Anos a fio, a avenida Marquês de Sapucaí em setembro-outubro começava a receber as arquibancadas para o Carnaval.

Eram feitas de tubos, se não me engano sempre com uma empresa chamada Mills.

Depois, até abril, seguia-se o desmonte.

Anos a fio, milhões e milhões gastos no monta-desmonta.

Brizola tinha assumido o Governo do Rio de Janeiro em março de 1983.

E, óbvio, a menor  de suas preocupações era o carnaval de 1984.

O Estado estava falido, e o governador biônico anterior tinha deixado uma bomba-relógio: a paridade dos aposentados, que até então recebiam muito menos do que os servidores da ativa.

Paridade que começava – já adivinharam quando? – justamente no primeiro mês de governo do primeiro governador eleito pelo voto depois da ditadura…

O baque e tanto na folha de pagamentos, resolvido com a criatividade possível: o pagamento, que era no início do mês passou para o final e os cargos comissionados – perto de 15 mil – a seres preenchidos, ficava retidos na burocracia real e na inventada, porque Brizola passou a só nomear  quando o indicado tinha currículo completo, inclusive com foto 3×4, o que adiava, adiava…e economizava um ou dois salários.

Não bastasse isso, o Banco do Estado tinha acabado – dias antes da posse de Brizola – de ser forçado a assumir o aval dos empréstimos – impagáveis – feitos para construir o Metrô do Rio de Janeiro.

E como desgraça pouca é bobagem, ainda nos víamos às voltas com uma onda de saques, feita por provocadores e alastrada com as condições de extrema miséria do nosso povão. Não apenas aqui, mas também em São Paulo, onde botaram abaixo as grades do Palácio dos Bandeirantes.

Agosto e setembro chegaram e os preparativos do carnaval seguinte estavam no seguinte impasse: ou reeditávamos a insana roubalheira de anos ou…ou nada,porque  que diabos íamos fazer com um evento daquele porte?

O máximo que sabíamos fazer era comício…

Aí é que entraram a maluquice genial de Darcy Ribeiro, a ousadia insana de Brizola, a genialidade de Oscar Niemeyer e o low-profile de um engenheiro calculista chamado José Carlos Sussekind, que era quem tinha de fazer acontecer os delírios da trinca.

Ele, uma vez, me contou que o “Doutor Oscar”, como ele e todos chamávamos o velho, projetou um hangar de concreto, com um vão livre aparentemente inviável. “Mas Doutor Oscar, este vão é grande demais…” “Isso é problema seu , Sussekind”…

Brizola, algumas vezes, descreveu aquilo: “Olha, Brito, se quatro anos atrás, no exílio, algum camarada me dissesse que eu iria ser governador do Rio de Janeiro, eu já despachava o índio como sonhador. Mas se me dissessem que eu ia ser governador do Rio de Janeiro e minha primeira grande obra ia ser uma passarela de carnaval, eu chamava alguém de lado e dizia: interna, porque este índio é muito louco…”

Mas o índio não era tão louco, não é?

A Passarela do Samba foi da maquete à realidade em exatos 110 dias.

Sabe Deus como, porque o final do ano foi chuvoso e atrapalhou demais a fase das fundações, já complexa porque o terreno era pouco sólido e, ali em baixo, passava um rio.

Mas como a maioria das estruturas era pré-moldada, fora dali, e apenas os suportes laterais e intermediários eram concretados no local, as coisas de fato aconteceram.

No dia a dia – ainda não havia essa preocupação com nepotismo – quem tocava a obra era o arquiteto João Otávio Brizola, turrão e marrento, sob a orientação – e de vez em quando os gentilíssimos trancos – de Sussekind, que apertava as empreiteiras onde lhes doía: nos pagamentos, que não saíam sem a obra andar.

Mas o desafio de engenharia não era nada  perto do desafio político.

Brizola passou a ser tratado como um louco pela mídia, a obra não iria sair e era uma inutilidade.

A charge aí em cima, publicada pelo O Globo, era apenas um pequeno retrato da sabotagem.

Brizola era o Odorico Paraguassu e o Sambódromo o cemitério de Sucupira, jamais inaugurado por falta de mortos, como mostra a imagem da primeira página do jornal, guardada pelo querido amigo Ápio Gomes.

A passarela ia cair.

Quando não caiu, disseram que ninguém conseguiria ouvir o samba, por causa do eco.

Que a pista ia afundar, porque havia – e há – um rio passando abaixo.

E, pasmem, a Globo abriu mão dos direitos de transmissão. O Carnaval do Rio não ia passar na TV.

Os ingressos encalharam, acredite se quiser.

Brizola, então,convocou todos os secretários, presidentes de empresas públicas, assessores  e maçanetes de todo o calibre para uma reunião, no auditório do Instituto de educação, na Tijuca.

E transformou todos em vendedores de ingressos.

Cada um tinha uma cota para vender, senão, rua.

E a coisa andou. A recém criada TV Manchete assumiu a transmissão, seu maior sucesso de público.

Às vésperas do Carnaval, perguntaram ao senhor Carlos Átila, então porta-voz do General João Figueiredo, o que ele achava da Passarela do Samba.

Átila não respondeu, mas cantarolou uma velha marchinha de Emilinha Borba, dos anos 50: “tomara que chova, três dias sem parar”.

Não choveu, a Passarela lotou e o povo desceu das arquibancadas em delírio, desfilando com a Mangueira o  seu inesquecível “Yes, nós temos Braguinha” e o seu “é no balancê-balancê”…

30 anos depois, os Sambódromos se espalharam pelo país, um sucesso.

Onde não tem, pululam as falcatruas feito o banheiro de ouro do Dudu.

Nenhum deles, porém, com a generosidade de, fora do carnaval, abrigarem salas de aula de uma escola para cinco mil crianças.

Generosidade que,, tenho a impressão, tiraram do Sambódromo  do Brizola, do Darcy e do Niemeyer, porque eles não gostam de escola pública.

Eu gosto, foi ela que me trouxe aqui.

Fui apenas duas vezes ao sambódromo, por dever profissional.

Não gosto de carnaval, mas embora doente do pé não sou ruim da cabeça e sob toda a exploração comercial do carnaval, sei da alegria autêntica daquelas centenas de milhares de pessoas que, nas arquibancadas ou na pista, desfila por ali.

Já escrevi sobre isso hoje: sem alegria e improvisação, não vamos a lugar nenhum.

Não que seriedade e planejamento não sejam importantíssimos, essenciais.

Mas é preciso ter sempre, dentro da gente, um índio louco, muito louco, destes de internar.

Porque não haverá no mundo – perguntem ao Sussekind – engenheiro capaz e transformar sonho em realidade se não houver a massa etérea do sonho como matéria- prima do concreto.

Quando nos tornamos idiotas da objetividade, já matamos os melhor de nós.

Eles tentam sempre fazer isso conosco.

Que jamais os ajudemos.

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19 respostas

  1. Boa noite,

    como dizem, quem tá F… dispara contra todos até os já falecido o que diga D. Marisa! O que vemos hoje é uma mistura de mentiras que tenta levar todos para o mesmo saco. Onde esse saco todos gatos são iguais, só muda a pinta! Dê agora em diante vamos ver um festival de acusação contra Lula. O que diga a globo que noticiou 11 deputados do PT como sendo o partido mais corrupto dentre os demais. Não podemos ir nessa onda e saber pegar as noticias e filtrar. Se tiver alguém do PT envolvido tem que pagar como qualquer outro, mas não podemos ir como boi ao abate.

    1. Esse post do FB , discorrendo sobre o índio louco,me remeteu ao filme “Um estranho no ninho”…

      Nosso hospício é a telinha da Gloebbels.

  2. Como o velho Briza não está mais aqui para se defender, ainda bem que temos FB para dar este testemunho para desmascarar este sabujo…

  3. Incrível a blindagem que a grande mídia, principalmente a Globo, colocou em volta de José Serra. O maior de todos os corruptos, o mais rico, o que se tem mais conhecimento de contas no exterior, valores e etc. A repatriação dos 23 milhões depositados na suíça por Ronaldo Cezar Coelho esquentando o dinheiro foi a maior vergonha da história deste País…Qual a moral que esta turma tem para pedir a cabeça de quem quer quer que seja? O grande câncer do Brasil é a mídia. Ponto.

  4. Acho que essas delações da Odebrecht são meio fantasiosas. Enfim, que investiguem e que forneçam provas. Não podem condenar alguém sem provas. Espero.

  5. FB, esses dementes estão sempre perseguindo tudo que foge à mediocridade que lhes caracteriza. Brizola ficou na história com H maiúsculo enquanto esses canalhas golpistas voltarão para o esgoto. Viva Brizola !

  6. “Delações” de uma turma de corruptos,vagabundos desesperados, e preocupados em sair por cima (a farsa-jato propicia isso enquanto os pts sejam os que vão em cana ) não podem ser assumidas como verdadeiras.O estágio em que o processo se encontra permite todo tipo de JOGO POLÍTICO dos condutores do mesmo,Janot,stf,pf,mpf,moro ,ALGUÉM CONFIA NESSA TURMA ????????????????ÓBVIO QUE NÃO.
    Depois se dirá que as “denúncias” não foram comprovadas ,que bla,bla,bla,mas o dano já estará feito.
    Construir a honra leva toda a vida e é um trabalho diário.Para destrui-la um boato,uma fofoca,um fdp basta,e aí refaze-la será um esforço imenso.
    ISTO VALE PARA TODOS ,ATÉ PRO MINEIRINHO

  7. A lista é muito terrível para os fãs da santidade dos tucanos. Precisava ser contrabalançada por mentiras diversas, que de alguma maneira fizessem bater de satisfação o coração dos coxinhas. A mentira dos 13 (treze – o número já entrega a canalhice) milhões do Lula parecia ser o auge da patifaria. Mas essa envolvendo o nome do Brizola é mesmo o cúmulo da canalhice, uma canalhice que parece feita de encomenda para o gozo televisivo de seus arqui-inimigos da Rede Globo.

  8. Merece o troféu “Chapéu de Jumento”, que deveria ser entregue pelos “3 Patetas” da globo.

  9. A tática de Rodrigo Janot (o cérebral), Sérgio Moro (o medíocre) e da Rede Globo (preposto midiático dos EUA) é enlamear todo o sistema político para inviabilizar as eleições. Para isso, os seus patrões estadunidenses vão precisar usar aquela força naval que não deu um tiro em 1964 (os navios estavam apenas um pouco adiante da linha do horizonte, na Baía de Guanabara, prontos para atacar) pois não houve significativa resistência ao Golpe. Agora, seria muito diferente pois o povo já sente na carne as conseqüências do cenário de “terra arrasada” imposto pelos golpistas. A “doutrina de choque” não está sendo suficientemente “chocante” para impedir qualquer reflexão às pessoas. Ela, a reflexão, é “intoxicada” pelos ruídos de comunicação da mídia golpista, mas existe. Ou o povo resiste ou o futuro do país estará irremediavelmente comprometido.

  10. O canalha disse que não lembra quem pediu para comprar o terreno do Instituto Lula. Disse que comprou e depois vendeu. Vendeu por que? Não era para o ILILS? Que juiz condenaria alguém com uma lorota dessas? Que tipo de tortura o Marcelo sofreu na Guantánamo Curitibana?

  11. DAVID MARQUES: para não dizer mais bobagens, leia o que disse o Marcelo Odebrecht, desmentindo o que o teu blog preferido, “O ANTagoniza” publicou em primeira “de mão”. Leia e não volte mais aqui para encher nosso saco:

    https://youtu.be/wPW4Xm21hg8

  12. Everaldo Lopes quem liga para o Jornal Nacional? Só trouxas como você! Até o Boechat desconfiou dessas delações da Odebrecht. Mané!

  13. Senhor Fernando.Belas rememorações.Contudo devo afirmar-lhe que,todas essas delações,de pessoas presas e torturadas pela prisão ,não passam de FANTASIAS PARA EMBASBACAR UMA PARCELA DE NÉSCIOS QUE PULULAM PELO PAÍS AFORA,nutridos vez ou outra,por COVARDÕES,escondidos em siglas de partidos que nem existem,senão para constar,inclusive alguns desses COVARDÕES,escondem sua covardia,legando aos BÓSTO-NAROS da vida,dizer coisas que eles não tem CULHÕES para dizer, e que esse diz,por impune.Mas são DEDURAÇÕES circenses,com o único intuito,de confundir e distrair os trouxas.A LAVA A JATO,é a arma do JUDICIÁRIO,no GOLPE DE ESTADO,que presenciamos,alguns indignados e manifestando suas indignações,com os limites impostos pela censura ,as manifestações dos membros do POVÃO, que só lhes sobram para protestar,as ruas.Mas o resto é MATERIAL CIRCENSE .Passou-se da DITADURA DA IMPRENSA,até a DITADURA DO JUDICIÁRIO,que submete o congresso nacional e o executivo,ambos com OUTORGA,pelo poder dos que NEM OUTORGA TEM.Um verdadeiro CIRCO.Até porque,sr.Fernando,se colocarem qualquer um ser humano,preso e submetido a torturas,instigando-o a DEDURAR PARA FICAR LIVRE,acho difícil encontrar alguém que não caia nesse conto do VIGÁRIO.E deduram,até suas mamães.Curioso nisso tudo,é não constar nas tais “DELAÇÕES”,já observado por alguém do judiciário,nenhuma alusão as EMPRESAS DE TELECOMUNICAÇÕES E MEMBROS DO JUDICIÁRIO,nos colóquios dos presos com o HERÓI DE CURITIBA.São todos esses,acima de qualquer suspeita?

  14. Caro Fernando Brito,
    É triste ,muito triste mesmo constatar que um pulha tenha o desplante de acusar o o ex- governador Leonel Brizola.
    Parabéns pelo texto.

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