Bolsonaro e a lambança no Senado

O governo Bolsonaro produziu o mais difícil: criou uma situação de atrito na casa parlamentar que lhe é mais – disparadamente, aliás – favorável: o Senado Federal.

Errou de todas as formas que podia errar e só escapou de uma derrota – derrota que seria a vitória de seu projeto original – por conta de uma manobra regimental pela qual, ao pedir verificação nominal na votação da matéria principal, impediu-se que isso fosse feito na votação do destaque que manteria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) com Sérgio Moro.

À lista dos sete erros de Jair Bolsonaro:

1- Incluir o Coaf na MP da reforma admnistrativa dos ministérios, quando poderia ter usado o art. 84 da Constituição que lhe permite “dispor, mediante decreto, sobre a  organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos”;

2 – Não aceitar, quando percebeu a tendência majortitária da Câmara para devolver o Coaf ao Ministério da Economia, um acordo e insuflar seus parlamentares a tentar reverter a decisão;

3- Deixar que Moro se envolvesse pessoalmente na sedução de deputados e senadores para que votassem a favor da permanência do órgão no MJ: ministro fala em nome do presidente, isso é regra básica;

4-  Transformar o caso Coaf numa das pautas das suas falanges no domingo;

5- Oferecer a aceitação da devolução do Coaf como moeda de troca na tentativa de acordo com Câmara e Senado na reunião de hoje cedo e

6 – Aceitar a situaçao humilhante de mandar (veja na imagem) uma carta ao Senado – onde se lembrou, com propriedade, que a última vez que um presidente fez isso foi Jânio, em sua renúncia – admitindo que não tem poder de orientar sua própria bancada pela conversa, sendo forçado a assumir, com assinatura e tudo, uma “nota promissória” inaudita.

Mas eu falei em sete erros e o sétimo não sei se foi erro ou ação de caso pensado.

Refiro-me ao fato de ter obrigado Sérgio Moro – bem como Paulo Guedes e Ônyx Lorenzoni, embora este assine qualquer coisa e ninguém ligue – a assinar a carta de desistência do Coaf.

Moro, claro, assinou, porque quer conservar-se no cargo e conservar, sobretudo, a promessa de vaga no STF.

Mas se apequenou não apenas entre os parlamentares a quem pediu, em fila, os votos, mas em relação à turba que o inflou como “Super-Homem” em Brasília.

Agregou mais um belo sapo a engolir ao brejo que coleciona desde que se subordinou a Bolsonaro, que passa a ser, cada dia mais, senhor de seu destino.

Mas para produzir esta humilhação foi necessário a Bolsonaro humilhar-se: desde quando um presidente da República precisa obrigar ministros a subscreverem seus compromissos?

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18 respostas

  1. Em 08/11/1995, o canalha FHC também enviou carta ao congresso para liquidar o monopólio da Petrobras na pesquisa, lavra, refino e transporte do petróleo e gás natural, que mantinha desde sua criação, há 54 anos.

  2. Pra ter os comentários publicados aqui nesse blog tem que esquerdar bastante é? Pq até agira NENHUM dos meus comentários foi aprovado. É censura que chama né?

    1. Depende parça. Olha, o tal de Augusto Nunes fez exatamente isso comigo lá na Veja. Até pior, mutilou meus comentários até se tornarem incompreensíveis, e tacava sempre uma ofensa que incluía a palavra ‘miliciano’. Injusto, não? Talvez o que o 24/7 esteja fazendo contigo seja apenas o outro lado da moeda. Uma reação, e não uma ação. Você não seria tratado assim se a direita não tivesse começado a dar murros embaixo da cintura para ganhar a guerra a qualquer preço. As consequências, como demonstram os fatos, são catastróficas. Seus comentários acrescentam fatos ou você está só ofendendo? Você quer debater ou irritar? Em um cenário normal, antes do início da guerra semiótica em 2003, eu te defenderia, mas vocês ganharam traindo e jogando sujo. E até sair o Grande Pacto que salvará esse país, por favor atenha-se ao seu nicho, como nós progressistas fazemos. Dói menos. Abs.

      1. Digo sempre que não tenho o menor interesse em ouvir comentários da direita. Olhe o que está acontecendo com O Cafezinho. E não acredito ser possível democracia com esse pessoal.

    2. É. É censura nua e crua. Bolsominions não são bem vindos. Tenta o blog do Dando Moura ou do ANTAgonista. Lá eles aceitam comentários de jumentos.

  3. tudo que falaram de Dilma vejo se concretizar em Bolsonaro – da burrice à incapacidade politica

    1. …e a ex-presidente tem uma bola de cristal… não vai mesmo ficar pedra sobre pedra… impressionante. Se bem que quem conhece os agentes que hoje estão no poder não erraria essa, imaginando-os com a faca e o queijo na mão. Como agora.

    2. A Dilma é uma das figuras mais injustiçadas e nossa história , inclusive por enormes parcelas da esquerda

  4. :
    : * * * * 04:13 * * * * * Ouvindo A(s) Voz(es) do BraSil e postando no Tijolaço :

    Viva Lula 2019 ! ! ! ! !

    #LulaLivre

    #AssangeLivre #FreeAssange

    #Lula2019

    #MasORTEparaadireitaeseussabujossujos

    :.:

  5. Erros, casos pensados, patranhas inadmissíveis faz nos hoje admitir que um fio desencapado governaria melhor o país!

  6. “…desde quando um presidente da República precisa obrigar ministros a subscreverem seus compromissos?” A resposta é simples. Jair Messias Bolsonaro não é o presidente efetivo do Brasil. Ele é um títere. Quem puxa as cordinhas? Boa pergunta.

  7. O que existe de provas contra a família laranjal (presidente, ministros , filhos, empresários) é o suficiente para decretar prisão preventiva de todos.

  8. Se apequenou diante da turba? Acho que não, esses fanáticos não raciocinam minimamente, não têm a menor noção dessas minúcias, é só “hur, dur, mito!”, “Hur, dur, Super Moro Caçador de Corruptos!”.

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