Bolsonaro cai? Não parece provável. Não agora

Haverá, é certo, alguma perda de apoio na classe média, mas não é de crer que a demissão de Sérgio Moro vá reduzir de forma significativa o apoio remanescente a Jair Bolsonaro.

Perde, é verdade, na classe média, mas neste grupo o seu prestígio já estava bastante abalado e os danos, pode-se assim dizer, foram perda sobre perda. Menores, portanto.

Mas que não se subestime o efeito que a distribuição da renda emergencial que o choque da pandemia do novo coronavírus obrigou o governo a fazer não vá provocar efeitos positivos sobre a popularidade do presidente, o que é natural dado o estado de miséria em que se encontra boa parte do país.

Aliás, faz tanto efeito que Donald Trump, nos EUA, fez questão de ter seu nome impresso do cheque da ajuda humanitária que se deu nos EUA, em situação bem melhor que a nossa.

A questão é quanto tempo dura uma medida em favor da população em um governo que é contra ela.

O que acontece quando este auxílio for cortado – quando e como o será – é bomba temporizada para explodir depois e talvez seja, se durar até lá, o golpe fatal na permanência de Paulo Guedes na pasta da economia.

O fato concreto é que o bolsonarismo minguante depende como nunca das falanges que, durante este período de ruas e praças vazias, teimam em manter o aguerrimento de seus simpatizantes, agarrando-se ao impulso assassino da retomada da normalidade.

Bolsonaro, é provável, vai escapar do impeachment, mesmo estropiado e ferido, por falta de condições de formação de uma ampla coalizão contra ele, num primeiro momento e pela inexpressividade política de seu vice, que só lhe tomará o lugar se isso for – aparece que não é – o veredito do grupo militar que segue agregado ao presidente.

Moro, que vive seu momento “fogo de palha” assoprado pela Globo, também não se afigura com horizontes políticos eleitorais promissores.

A crise da economia, que durará muito mais que a da pandemia, é o grande ponto de interrogação colocado diante das forças populares. Como a iremos confrontar, o que poderemos fazer para que o país volte a almejar algum futuro, e a maneira pela qual seremos capazes de articular alianças políticas com a porção da política que resiste ao projeto autoritário no poder é o que vai definir a saída deste caminho de morte, loucura e dor em que nosso país foi lançado.

 

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16 respostas

  1. Já dizia o poeta do morro rei da malandragem sadia que malandro é malandro e Mané é Mané.
    A família bolsonaro é uma família de Manés,isso devido a imensidão de crimes e as impagáveis marcas de seus cascos de jegue deixados como pistas.
    Foram primários em seus feitos que qualquer investigador iniciante colheria provas suficientes para enjaula-los.
    O pai deu dezenas de motivos para ter sido cassado no primeiro mandato de deputado mas foi em frente desafiando um congresso conivente.
    Os filhos,criminosos natos, devido a carrada de genes, herança do DNA, seguiram o mesmo caminho certamente assessorados,orientados pelo pai bandido.
    Mas cá estão aterrorizando impunemente todo um País passando como um retroescavadeira por sobre as leis,desafiando o que resta de coragem e vergonha na cara das instituições falidas pelo ódio ideológico.
    Isso posto,verificasse que só são Manés livres,leves e soltos porque somos uma Nação de Manézões dependentes de instituições malandras no pior sentido da palavra.

  2. A frase de Marx continua atual: “a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”. Que não se espere nenhuma atitude a favor do povo dos grupos militares, do STF, do Congresso ou do MPF. Como disse Romero Jucá, o golpe foi “com STF, com tudo”. E os acontecimentos provaram que ele estava certíssimo.
    A esquerda está a reboque do centrão que, por sua vez, lança olhares lânguidos para o capitão. Haverá explosões populares selvagens, e o povo não poderá contar com essa esquerda para liderá-lo.

  3. Sr.Fernando.Lembra-se o senhor,da década de 60 ,pós golpe de estado,quando a população,que chamam alguns,de povo,foi pras ruas apoiar a MILICADA GOLPISTA? Àquela época,como a de hoje em dia,conta hoje e contava há época,com a LEAL E VALEROSA PEQUENA BURGUESIA,que não passam de pessoas,cuja único sentimento que possuem,é UM CIÚME DOENTIO PELO SUCESSO DOS BURGUESES,SEUS SENHORES,e que, como não chegarão aos lugares que seus mestres proíbem,investem todas as suas frustração,em devotar ao POVÃO,o seu ódio de classes,pois sabem que não chegando aos lugares socialmente almejados,despejam suas frustrações,nos de baixo.E essa classe,colocada pelos BURGUESES,em pontos estratégicos da escala social,tem em BÓSTA-ONAROS das suas vidas mal cheirosas,o instrumento para expressarem suas derrotas cotidianas.E como foram lá colocados taticamente,para o embate social,vigiam quaisquer manifestações,que ponha em risco a sua normalidade sociológica.Então,com um POVINHO,também de “M!” que temos,basta uns joguinhos de futebol,para manterem tudo como esta.Sr.Fernando,não vamos nos iludir,como outrora,com meia dúzia de “GATOS PINGADOS”,que são,em ultima analise,os que se opõe ao que esta se vivendo no Brasil.

  4. Bolsonaro tem lá seus 30, 35% de seguidores incondicionais. Nada os demove, seja por sua ignorância ou analfabetismo funcional, seja por seu maucaratismo. Duvido que os perca por qualquer motivo que não seja sua morte (do seguidor, porque Bolsonaro é seu Mito, vivo ou morto).
    O efeito do escândalo Moro-Bolsonaro será o mesmo que teve a vaza-jato na popularidade de Moro, ou seja, nenhum.

  5. Quem elege, é a classe baixa por serem maioria. E Guedes disse que poderia continuar com esse auxílio, após a pandemia – o que acho pouco provável. Moro é mais autoritário que Bolsonaro, mas choca com alguns pontos dessa direita raivosa, que é o aborto e o desarmamento.

  6. “As esquerdas só se unem na cadeia'”. Até quando o projeto pessoal será maior que o projeto de país? Até quando?

  7. Embora o campeonato ainda demore, este jogo está perto de acabar. Está naquela fase em que um time faz uma cesta e passa o adversário por um ponto, e logo em seguida o adversário faz outra e coloca um ponto a mais no marcador. Nestes últimos segundos, quem fizer uma cesta de três pontos, ganha o jogo. Se Bolsonaro ganhar, poderemos ter duas espécies de governo: Ou ele vai implantar seu reinado familiar e reforçar a agressividade de suas coortes, tentando transformá-las em legiões para respaldar a agenda olavista de destruição completa do Brasil, ou vai se render às diretrizes desenvolvimentistas do Braga Netto. E se o outro lado, que envolve STF, Congresso e boa parte da mídia empresarial ganhar, poderemos ter outras duas espécies de governo: Ou um governo de reconciliação e reconstrução nacional no qual se procure dialogar com todos sem imposição de dogmas liberais, ou um governo neo-neoliberal e até subserviente, mas com uma aparência mais civilizada.

    1. Independente da situação o importante é que o JUIZ LADRÃO seja preso !!! Depois vemos os cenários …

  8. no meu ver a saida do moro é que foi um grande ganho pra o BRASIL e os brasileiros. O bolsonaro uma hora sai, mas se o moro fosse para o STF era um escroto que iamos ter que aguentar até que ele completasse 70anos.

  9. Infelizmente Bolsonaro nâo vai cair não. Ele ainda tem muito apoio do povo brasileiro, além disso, o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, não vai dar de forma alguma continuidade no processo de impeachment.

  10. Fernando, a resposta para a proposta do post voce mesmo a deu:
    “A questão é quanto tempo dura uma medida em favor da população em um governo que é contra ela.”
    A população mais necessitada, em um primeiro, irá apoiar quem deu dinheiro a ela, sem ela ter feito nada.
    Mas, depois, ela irá querer mais e mais, e não terá.
    O apreço virará desprezo, e o apoio populista irá ruir assim como o apelo pelo mito surgiu.

  11. Só uma fato poderia deixar o Bozo sem saída: a revelação completa dos crimes que envolvem o clã com a milícia. Seria insustentável até para os militares – que por hora resistem para não perderem as suas boquinhas, fingindo que é pela pátria amada, cambada de cínicos.

    A horda de fanáticos ira pra rua em sua defesa, fariam estragos, mas seriam contidos. Isso não vem á tona porque ainda há uma grande insegurança dos donos do dinheiro quanto ao day after. MAs esse embate será, mais cedo ou mais tarde, inevitável.

  12. A esquerda poderia anular toda essa vantagem de gado e mercado. A esquerda poderia varrer do mapa o Bozo, seus filhos e seu gado coprófago.
    Poderia… Mas duvido que QUEIRA. A expectativa de que o Bozo sangre até 2022 dá ânimo eleitoral a setores da esquerda. Este erro é o mesmo que cometeram os tucanos durante o mensalão. Eles aguardaram o Lula sangrar e ele comeu pelas beiradas elegendo Dilma.
    As lideranças de esquerda deveriam sentar e discutir esta questão. Estamos perdendo o país inteiro e cada dia que passa o prejuízo é enorme.

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