Ao ‘Correio Braziliense’, procurador desmonta alegação de Moro

Como se disse logo cedo, quando dezenas de pessoas estão identificadas, uma conversa de grupo de aplicativo não fica sem terstemunhas que as reconheçam.

Ao repórter  Renato Souza, do Correio Braziliente, um dos procuradores mencionados na transcrição de mensagens em grupos do Ministério Público confirmou a autenticidade dos diálogos revelados pelo The Intercept:

Ao Correio, um dos procuradores estava no grupo em que ocorreram as conversas, disse, sob a condição de anonimato, que os trechos divulgados são verdadeiros. “Me recordo dos diálogos com os procuradores apontados pelo site. O grupo não existe mais. No entanto, me lembro do debate em torno do resultado das eleições e da expectativa sobre a ida de Moro para o Ministério da Justiça”, disse.
O integrante do Ministério Público Federal (MPF) também declarou que conseguiu recuperar parte do conteúdo. “Consegui recuperar alguns arquivos no celular. Percebi que os trechos divulgados não são de diálogos completos. Tem mensagens anteriores e posteriores às que foram publicadas. No entanto, realmente ocorreram. Não posso atestar que tudo que foi publicado até agora é real e não sofreu alterações. No entanto, aquelas mensagens que foram publicadas ontem (sexta) são autênticas”, completou.

 A desculpa de Sérgio Moro, Deltan Dallagnol e vergonhosamente assumida pela Associação Nacional de Procuradores da República, que não tinha o direito de falar em nome da categoria, foi demolida, espezinhada e reduzida a pó.

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22 respostas

  1. quando olho a situação dos procuradores que tiveram seus posts em rede de comunicação divulgados pelo The Intercept BR, lembro do popular mata-burros. Uma armadilha óbvia colocada no meio do caminho para impedir a passagem de equinos e bovinos. TIB lançou um mata-burros no caminho dos procuradores. Monique Cheker foi a primeira a cair. O formato das publicações é uma armadilha óbvia. Refutá-las diretamente sem ter a retaguarda necessária é um risco muito elevado.
    Nesse quesito, Moro é mais esperto do que a procuradora. Ele reveza três versões: hacker, adulteração e não há nada demais no conteúdo. E não se compromete com nenhuma em específico.
    O que salva a operação lava-jato é a vontade de manter Lula preso que ainda pulsa forte no coração do sistema de justiça (em minúsculo por mérito), da rede globo e das FFAA. Todos eles comandam um ainda numeroso contingente de cegos por opção que se urram diariamente nas redes sociais.
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    1. As Forças Armadas não estão em boa situação neste período bolsonariano, e nada indica que novos acontecimentos tão arrepiantes quanto o de Sevilha não venham a acontecer novamente. Terão ainda argumentos para não iniciar um mea-culpa sobre princípios, rumos e motivos?

      1. Não penso que estejam preocupadas em fazer mea culpa algum, Alecs. Primeiro, porque temos de ver de que segmento das FFAA estamos falando; o oficialato está mesmo descontente com o mulo desqualificado, mas não detém mais a capacidade de evitar uma sublevação dos praças, logo só aceitaria mudanças se fossem para aumentar seu poder de mando, p.ex. com uma assunção de Mourão. Mexer com o rábula de Maringá não traria vantagem alguma para eles, mas poderia acender uma centelha perigosa nas casernas, por acharem que isto colocaria o poder do mulo desqualificado em xeque. Segundo, porque não há esta “aura” de honestidade atribuída frequentemente às FFAA. Houveram inúmeros casos de contravenções ligados a membros das três armas no passado, nenhum sendo alvo de punição concreta. Há até um termo no jargão militar, “acochambrar”, uma tradução do “dar um jeitinho” civil. Membros das tropas não são diferentes ou melhores que nenhum agrupamento de pessoas, há ovelhas negras em todos eles. A diferença é a percepção de não-punição pela sociedade civil, pois sabem que serão julgados pelos seus pares na maior parte dos casos, com direito a muita “vista grossa”. O reengajamento nas atividades políticas foi o erro; repetirão seus velhos hábitos lá dentro, como o fizeram outrora. Não creio em mea culpa. Saudações!

      2. Eu, como brasileiro e amante do Brasil e não dessa republiqueta colônia e sabuja dos “stêites”, em que calhordas o transformaram, tenho esperanças que na forças armadas ainda existam na ativa, homens de brio, patriotas e não vira latas como esses generalecos de pijamas. Esses generalecos de merda, estupidos que são, nunca irão se achar os cretinos que são, daí a mea culpa nunca virá.

  2. Deus tá vendo quando meu coração cansado rola de rir ao imaginar esse povo que nem formiga depois que atacam o formigueiro. Perdão, Senhor. Perdão e obrigada pela diversão que nos sobrou como consolo.

  3. Há uma nota muito lamentável em tudo isso: A Associação Nacional de Procuradores Federais meteu os dois pés na jaca. É quase inacreditável que os responsáveis por tão honorável instituição não tenham desconfiômetro para perceber que defendiam o indefensável.

    1. Acho que muitos procuradores lá defendiam o indefensável em nome da própria sobrevivência. Sabiam que se manifestassem sua indignação seria o fim de suas carreiras.
      Mas acho que não demora para a maré mudar. Os que eram contra esse absurdo vão se unir e assumr a verdade. E os que eram a favor, vão dizer que também eram contra, para salvar suas imagens.

    2. Gordos salários e inúmeras mordomias, pesam na balança. O profissionalismo, ou seja, reconhecer que o significado de “funcionário público” é servir ao povo e não a meia dúzia de canalhas, que vá pras cucuias.

    3. Isso tem nomes, Alecs: hipocrisia, falta de vergonha na cara e falta de profissionalismo.
      Já faz muito tempo que a JUSTIÇA do Brasil virou JU$$$$TI$$$$A, composta por um grupo de pessoas, majoriatariamente, brancas, retrógradas e com índole da idade média.
      Esses “Procuradores” que atuam por vontade política, se calam ante os crimes praticados por seus colegas, fecham os olhos com as ilegalidades praticadas contra alguns réus e “se defendem” de qualquer suspeita de terem cometidos crimes, com palavras pomposas e sem sentido.
      São os mesmos que denunciam pessoas por peculado, mas recebem “vencimentos” muito acima do teto constitucional, diárias não justificadas, 60 dias de férias por ano, etc….

  4. O Antagonista é o porta voz oficial da lava jato e o Mainardi é tão somente um “agro-jornalista” (plantador de notinhas). Desde humilhante prisão do Lula não tenho mais estômago e fígado para ler, ouvir e assistir antagonista, globo, estadão, jovem pan, Augusto Nunes. Bizarro foi um vazamento ao vivo diante de um “juiz” como aconteceu com o antagonista e o Moro. Lembram? Moro afinou porque no depoimento apenas tinham Judiciário, Ministério Público e Advogado. O advogado denunciou em tempo real o vazamento e o juiz prevaricou. Simples assim. Recordar é viver.

    Diálogo travado entre a defesa de Marcelo Odebrecht e Sergio Moro:

    Defesa de Marcelo Odebrecht — Antes que Vossa Excelência encerre a gravação, estou vendo aqui, no site Antagonista, que o depoimento do senhor Marcelo está sendo transmitido, neste exato momento, em tempo real, de sorte a desrespeitar a determinação de Vossa Excelência do segredo de Justiça. Está aqui. Quer que eu coloque para Vossa Excelência? (…) E só pode ser vazado daqui de dentro. Então, nós estamos numa situação de flagrância. É só entrar no site e ver.

    Juiz Sergio Moro — Tá… Ehhh… A gente trata disso sem precisar da gravação aqui.

    Defesa de Marcelo Odebrecht – Não, não, faço questão que isso fique registrado aqui.

    Juiz Sergio Moro – Não, sim, mas…

    Defesa de Marcelo Odebrecht – Vossa excelência não quer ver a fidelidade da transmissão?

    Juiz Sergio Moro – Sim, doutor. Mas é uma questão pertinente ao interrogatório dele [Marcelo Odebrecht]. Nós tratamos na ata. Pode interromper a gravação.

  5. FICO MEIO DESANIMADO, QUANDO VEJO NOME DE UM PROCURADOR ERRADO E DATA ERRADA (NOVEMBRO DE 2019?)!
    QUAL A EXPLICAÇÃO? E OS ÁUDIOS E VÍDEOS?

  6. Glenn Greenwald está tratando moro e sua quadrilha igual a uma sucuri preparando-se para a jantar um pangaré chucro.
    Primeiro enlaçou o pangaré que escoiceia e tenta correr de um lado para o outro sem desenvencilhar-se da sucuri e quanto mais esperneia mais é enlaçado, imobilizado e perde forças – incapaz de resistir. Os cuscos ladrando na volta mais afligem o pangaré do que assustam a sucuri. Estamos nesta fase.
    A próxima etapa é da subjugação completa, asfixia e destroçamento do esqueleto. Uma etapa em que mesmo que matassem a sucuri, se o pangaré ainda estiver respirando, seria um ato de piedade sacrificá-lo, para abreviar a agonia.
    Por fim a sucuri irá engolir e digerir lentamente o pangaré.
    Tudo isso feito sem sangue, sem violência, apenas com paciência, persistência, tenacidade e força.

  7. Esqueceram do Queiroz ! Como pode esquecer desse laranjal! Nossa esse Queiroz gente precisa aparecer para falar dos negócios com a família Bozo, primeira dama , filhos , e como falou Bozo ele faz ROLO , ele depositou dinheiro na conta da primeira dama ! Meu Deus !

  8. Janio de Freitas, no uol, fala da operação abafa que já começa a proteger moro e dallagnol, com participação ativa do cmp, que arquivou denúncia contra dallagnol. Janio não diz, mas a folha e o uol também estão abafando. simplesmente não há nada sobre os vazamentos na página principal de ambos. Nem mesmo sobre a confirmação do procurador, ao correio braziliense, de que as mensagens são autênticas.

  9. A Globo está num esforço descomunal para defender o Marreco Fraudador.
    E ainda há quem diga que a Globo não exerce a lealdade. É óbvio que exerce.
    Lealdade entre bandidos!

  10. O combate à verdadeira corrupção começa agora com a vaza-jato. Desmacarados os criminosos, e de crime hediondo com o uso da toga e cargos na justiça, teremos a oportunidade de passar realmente o Brasil a limpo. Teremos que começar de novo, mas não será fácil remover tanto canalha do poder. Claro que estão sendo pouco a pouco mostrado, alguns já não podem olhar nos olhos dos filhos, viraram chacotas, outros já não dormem o sono dos justos, sabem que pagarão o preço da falta de dignidade.

  11. Lava Jato e Inquisição – PARTE II
    Política com a Fé.
    Os inquisidores apresentavam-se como tribunal, santo tribunal, santa inquisição, santo ofício.
    O ofício não consistia apenas em julgar mas em inquirir, devassar, “esquadrinhar os segredos das almas” usando uma expressão de Manuel Fernandes Vila Real(*). Nesta inquirição-inquisição alimentavam-se da denúncia, canalizada por uma malha apertada de informações relativas à consciência e aos atos mais secretos, recorrendo indiretamente ao confessionário e expressamente aos locais sagrados, aos objetos de culto e da fé. A prisão à prazo, a tortura, o garrote da condenação à morte sempre suspenso sobre suas cabeças fechavam o ciclo infernal que consumia e fabricava novas vítimas. No que se refere à rede de agentes-informadores destacavam-se, nas principais localidades, os comissários (padres) e os familiares.
    Do ofício dos inquisidores e dos seus agentes resultou um impressionante banco de dados sobre as vítimas e os candidatos a vítimas: repertório alfabético de ausentes ou fugitivos com os seus sinais particulares e seus parentes; lista de condenados; livros de habilitações; livros de denúncias, cadernos do promotor; livros de correspondências; milhares de papéis avulsos; e mais de quatro dezenas de milhares de processos.
    No fecho da inquirição-inquisição, os inquisidores julgavam em segredo e sem apelo nem agravo os processos que eles mesmos instruíam, destruindo física, psicológica e socialmente famílias inteiras (…) talando cidades e vilas com golpes mortais desferidos nos ofícios ricos, na lavoura rica, nos homens de mercancia.
    Das duas sentenças de morte, sagradas pela excomunhão maior, não havia apelo nem para o rei nem para o papa. E se o braço secular hesitasse ou demorasse na execução (…) estranhar-lho-iam gravemente (o juiz podia ser acusado de fautor de hereges e impedidor da atividade e segredo do Santo ofício). E, que se saiba nunca o poder secular ousou protelar ou recusar a sentença.
    (…)
    Ao longo do trabalho apresentamos exemplos de confissões que originavam denúncias. Não se trata de casos pontuais mas de uma verdadeira estrutura de caça à denúncia.
    pp.533-534
    ()Manuel Fernandes nasceu em Lisboa, em 1608, durante a monarquia dual, isto é, quando Portugal e Espanha partilhavam o mesmo rei e as mesmas concepções contra-reformistas de que os reis católicos deviam empenhar-se na tarefa de extirpar as heresias que se apresentavam vindas do livre-exame (religiões protestantes), do judaísmo, da feitiçaria, da adivinhação ou da leitura de livros proibidos. Era um abastado e culto comerciante da comunidade de judeus e cristãos-novos que viviam naquele país. Partidário da causa de D. João IV. nela investiu movendo influências, a pena e o dinheiro, acreditando numa monarquia fundadora de uma ordem política, social, moral e religiosa inteiramente nova que pudesse aproximar Portugal da Europa. Por esse ideal morreu. Foi neste contexto político-religioso que nasceu e morreu Manuel Fernandes, filho e neto de cristãos-novos, naturais de Vila Real, daí a família adoptar o nome da cidade natal, como era uso na época. O pai de Manuel Fernandes Vila Real (ou “de Vila Real” como também assinava as produções literárias), tinha um estabelecimento comercial e exercia actividades financeiras no Alentejo. Membros próximos da família tinham emigrado para o Brasil e para França, onde se dedicavam ao comércio. Não consta que os familiares de Manuel Fernandes Vila Real tivessem sido presos pela Inquisição. Ele próprio foi baptizado na Igreja da Conceição em Lisboa, e, segundo o processo que lhe foi movido pelo Santo Ofício, não foi circundado. Manuel Fernandes Vila Real esteve três anos no cárcere. Cansado, resolveu abjurar de todos os seus erros para atenuar a pena, mas ele estava ali para ser condenado. Foi considerado não arrependido e acusado de não ter indicado cúmplices. Se outros motivos não houvesse, bastava ter descoberto os métodos ilícitos para espiar presos, para não poder sair do cárcere. Foi relaxado à justiça secular que o condenou à morte de garrote e fogueira “sem efusão de sangue”, executada em Auto da Fé no Terreiro do Paço, a 1 de Dezembro de 1652, aos 44 anos, exactamente 12 anos depois da Restauração, para que não se esquecesse do motivo, fundamental, pelo qual morria. “Foram-lhe confiscados todos os bens a favor do fisco e câmara real e nas mais penas em direito contra semelhantes estabelecidas” 6 . A Família Real foi obrigada a assistir, impotente, à morte de um amigo.
    No púlpito os pregadores-visitadores incitavam os fiéis, sob pena de excomunhão maior, a denunciar os casos enumerados pelo Edital da Fé. E quando os crentes, sobretudo mulheres e gente simples, levantavam na confissão dúvidas e escrúpulos sobre si, sobre parentes e conhecidos, os confessores recusavam a absolvição sem primeiro descarregarem a sua consciência perante o comissário ou o inquisidor visitante. O confessado não tinha alternativa. Numa sociedade de confissão e sacramentos obrigatórios, a recusa à denúncia, imposta pelo confessionário, implicava automaticamente o cutelo da excomunhão maior com todas as suas consequências físicas e morais.
    [O clero local e as autoridade] usavam dos locais sagrados e dos objetos de culto.
    pp.533-535
    A Fé salva na proporção da obediência,
    A Inquisição “diabólica” [como a caracterizava o mártir da Conjuração de Beja] atuava como uma verdadeira polícia de investigação, como polícia secreta, mas a estes poderes juntava os poderes de tribunal secreto, tribunal que se erguia acima de todos os outros tribunais e a cuja devassa nada nem ninguém escapava, nem os próprios mortos.
    Mas não visava esta polícia-tribunal apenas matérias ditas de fé? Não exercia investigação-repressão somente sobre as ideias e as práticas que violassem as normas da Igreja Católica Apostólica Romana?
    Matérias de fé. Mas não era a doutrina da Igreja a doutrina oficial e única do Estado? Todo aquele que vacilava nas ideias ou no culto que o Estado sustentava tornava-se automaticamente sujeito de rebelião. As dúvidas ou “crimes” contra o culto único tornavam-se crimes contra o Estado, o tal braço secular do poder eclesial. (…)
    “(…) o grande segredo do regime monárquico, de que o ibérico era então o paradigma, consistia em trazer os “homens” enganados e cobrir sob o nome da religião o medo que deve subjugar os homens para que combatam pela sua servidão como se tratasse da sua salvação”. [A Escritura] “somente exige dos homens obediência e só condena a insubmissão e não a ignorância”. Ou: “a Fé, repetimos, não exige tanto a verdade como a piedade e só é piedosa e produtora de salvação na proporção da obediência” (Espinosa).
    Religião e poder político estavam intimamente associados, daí que as controversas religiosas “se transformariam em sedição” (Espinosa). As cerimônias do culto, obrigatórias e contínuas, constituíam, pois, aos olhos deste filósofo do século XVII, um mecanismo de obediência e submissão.
    (…)
    A ligação entre religião e submissão dos súditos, e a ideia de que a estrutura e ideologia religiosa constituem um mecanismo de obediência leva Bento Espinosa a concluir: “o conhecimento revelado não tem outro objeto senão a obediência e assim é inteiramente distinto do conhecimento natural”. Desta rutura – conhecimento revelado-conhecimento natural – se irá desenvolver a ciência europeia dos séculos XVII e seguintes.
    pp.535-537
    Política e Fé
    Mas a Inquisição portuguesa não se intrometeu apenas com problemas da fé ou não fez somente política usando as armas do Evangelho e da fé. Entrou no terreno especificamente político. Opôs-se, por exemplo, quanto pôde a movimentação política que advogava o perdão dos cristãos-novos e a todas as medidas do Poder que visassem o controle das contas do Fisco real ou que retirassem à Inquisição o sequestro e a expropriação dos bens das suas vítimas. Certamente que usava aqui os artigos do Direito Canônico e brandia somente os raios eclesiásticos, raios que implicavam afinal, como eficácia, o cutelo e o fogo do braço secular.
    [Tudo isso enfim,] mais que problemas religiosos foram problemas de política econômica e problemas políticos.
    (…)
    Razão tem, pois, o inquisidor-geral [que em carta ao rei Filipe III, afirma]: “É o Tribunal do Santo Ofício como um forte baluarte da fé, da qual depende em grande parte a união do reino e fidelidade dos vassalos para com seu rei que é bem e justo que Vossa Majestade favoreça seus ministros”.
    O Santo Ofício fazia política com a fé.

    Inquisidores e aparelho de Estado
    A Igreja participava por direito próprio do Conselho de Estado e no governo, quer diretamente pelos seus membros quer pelos seus doutores, gerados nas suas universidades e colégios, quase todos os clérigos de ordens maiores ou menores. Um cardeal, D. Henrique, o verdadeiro fundador da Inquisição portuguesa, que governou extremosamente durante cerca de 40 anos, subiu ao trono de Portugal. Outro cardeal, arquiduque Alberto (Felipe I (II)) (…) tornou-se vice-rei de Portugal e inquisidor-geral. Os confessores dos reis (…) assumem a liderança. A Junta que discute a criação ou não em 1628 de uma Companhia das Índias Orientais reúne em casa do confessor do rei. A “polícia secreta” que paira sobre os cidadãos prestes a desferir o seu golpe é inteiramente dirigida por clérigos.
    [Cargos muitos cargos] ganhos no santo ofício de inquirir, torturar, condenar (…) prova inteiramente a ligação do Santo Ofício ao aparelho especificamente político do Estado, à chefia da Igreja portuguesa e ao comando da Universidade, que no geral fabricava clérigos de ordens maiores e menores.
    Pastores e beneficiários (de benefícios, rendas) os padres dominavam a vida local (…) controlavam o pensamento, os atos mínimos da conduta, a política do Estado e o próprio Estado.

    Trechos do livro “Inquisição em Évora – 1533 – 1668” de Antonio Borges Coelho

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