A “prisão” de Bolsonaro foi a que ele mesmo construiu

Rodrigo Maia, em mais um de suas entrevistas diárias, volta a espicaçar Jair Bolsonaro, desta vez em O Globo:

— O presidente ganhou a eleição com uma narrativa. Ele não pode da noite para o dia dizer que aquela narrativa estava errada. Ele está imobilizado nesta narrativa.

O ‘pequeno problema’ de Jair Bolsonaro é que a “narrativa” de sua campanha, que ele próprio construiu, é a de que os males do país são a corrupção e os políticos, além de corruptos, fisiológicos.

Não teve e não tem – salvo a reforma da Previdência – nenhum projeto econômico e social para o país. E nem esse é dele, mas imposto pelo  “mercado”.

Certos ou errados, conforme a visão, os dois Fernandos, Lula (e seu continuidade com Dilma, no primeiro mandato) tinham.

Além da “arminha”, há algo mais? Nada, talquei?

Maia pediu que Bolsonaro fosse às redes impulsionar as suas falanges para apoiar a reforma. O resultado é que foram seus opositores quem passaram a distribuir o Jair da “narrativa” e os filhos a vociferarem contra ela.

Mesmo que fique no “hilário”, é o Bolsonaro que não cumpre o que diz, como desde antes da posse é o Bolsonaro que tem problemas com as suspeitas sobre o filho, sobre o laranjal do PSL e que foi pego na mentira no caso Gustavo Bebianno.

O famoso “efeito tefal”, que não deixa grudar nada em quem se legitima pelo voto, tal como ocorre com a panela, não suporta tanto desgaste, por longo tempo.

É por isso que Maia não lhe dá descanso. Não vai bastar o presidente ceder cargos e verbas para os parlamentares, é preciso que ele faça isso quase ostensivamente, para se desprender da “narrativa de campanha” e, portanto, daquilo que lhe deu apoio para se eleger.

O presidente da Câmara sabe que só com a faca da reforma no pescoço existirá o Bolsonaro que cede e negocia e, para que não volte “o outro”, é preciso destruir este e enfraquecer publicamente aquele.

O que não é o mesmo mas é igual a fortalecer-se como o “dono da reforma”.

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10 respostas

  1. Perguntas que nenhum blogueiro ou jornalista dito progressista fez até agora:

    Sendo o sucessor do gângster Eduardo Cunha e o que presidiu a Câmara Federal nas votações que desmontaram o Brasil, degolaram os direitos dos trabalhadores e dos pobres, promoveu o saque, a rapina e a desnacionalização das riquezas e setores estratégicos do Brasil, é crível que Rodrigo Maia tenha tido votos para renovar o mandato de deputado federal no RJ? Ou a fraude usada para eleger esses milicianos do clã Bozo, assim como esse a que hoje chamam governador do RJ, também foi usada pra manter o “Botafogo” não só com a vaga na Câmara Federal, mas com o bastão de presidir a Casa Parlamentar, para terminar o serviço imundo?

    1. Verdade. Enquanto isso, os resultados de vários favoritos nas pesquisas deram mais “zebras” que na África.

  2. “(…)a ‘narrativa’ de sua campanha, que ele próprio construiu, é a de que os males do país são a corrupção e os políticos(…)”

    Há em sua narrativa males ainda maiores: comunismo, bolivarianismo, socialismo.

    Do nosso lado, sabemos que um dos males do Boçal Nato é o olavismo.

    1. E de que a esquerda é inimiga dos valores familiares por definição. (Minha menor veio chocada me contar que alguém disse na escola que G. Alckmin não era bom “porque defende direitos humanos”) o.O

  3. Quero aproveitar esta oportunidade para dizer ao excelentíssimo senhor presidente autoproclamado do Brasil José de Abreu que estou inteiramente às suas ordens.

  4. Pura verdade, o grande problema desse governo é a “falta de um projeto para governar o país”. Tudo que houve na campanha eleitoral foi a “agenda do contra” (contra a corrupção, contra os políticos, contra o PT, contra os esquerdistas, contra os comunistas, contra tudo isso que tá aí, contra os gays, contra as feministas etc..etcc..). Agora que a campanha acabou, se constata que não existe NADA além disso. Uma mínima idéia sequer do que fazer para administrar a Nação e seus inúmeros desafios. Estamos perdidos.

  5. A gente pode medir a qualificação do jornalista quando, sem academicismo empolado e pretensioso, ele coloca em seu texto pequenas citações como brilhantinhos no leito de um riacho. Esta da “Pequeña Serenata Diurna”, do Sílvio Rodríguez, foi deliciosa. Pena que não possamos mais dizer, como em idos tempos, soy feliz, soy un hombre feliz… . Até isto nos foi roubado. Resta o enlevo com tais pequenas lembranças sob forma escrita. Parabéns!

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