A lama é o rejeito da voracidade capitalista

Evidente que nenhuma pessoa responsável pode apontar as causas diretas do horrível rompimento da barragem de rejeitos de mineração da Vale em Brumadinho.

Não há, sequer, informações precisas sobre o número e a gravidade das vítimas do acidente.

Embora, sendo a segunda catástrofe ambiental e humana em três anos de mineração, a palavra acidente já deva ser vista com certa reserva.

A privatização fez crescer muito a produção de minério de ferro, que dobrou desde o fim do controle estatal e mineração é uma indústria que deixa rejeitos e devastação por onde passa. Mesmo com programas de recuperação ambiental, o custo é certamente enorme.

Mas há outro fator que deve entrar nas preocupações de quem cuida da segurança desta atividade: os picos de produção que, em função do preço do minério, a extração alcança.

Ano passado, a Vale extraiu  390 milhões de toneladas de minério,  um aumento de cerca de 6,5 % ante 2017. Mas, daqueles 390 milhões, 220 milhões foram apenas no segundo semestre, ou 60%. Não tenho dados das minas da região de Brumadinho, mas é provável que não tenham ficado fora do esforço geral que levou a um aumento de 25% em nossas exportações de minério de  ferro.

Foram 394,24 milhões de toneladas, frente a  314,37 milhões de toneladas exportadas em 2017.

Não é implausível, para usar a palavra da vez, que isso tenha se dado sem o correspondente aumento das estruturas, porque mais minérios igual a mais rejeitos.

Se tivéssemos tido dois desastres ambientais como este nos campos de petróleo, a esta altura já estariam chamando a Petrobras de criminosa.

O fato é  que está evidente que, ao contrário do que diz o atual presidente, a fiscalização do Estado tem que ser posta “no cangote” das mineradoras, que ganham fortunas.

E que, além da corrupção – quem vai bater de frente com eles, o prefeito de Brumadinho? – produzem, como se está vendo, outros mares de lama.

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16 respostas

    1. Em outro momento eu acreditaria em acidente, em descaso do estado. Hoje esse negócio me cheira a 11/09. Operação “Vamos Salvar a Águia de Davos e o 01”.

  1. A causa real dessas tragédias: o neoliberalismo irresponsável.
    Empresas estrangeiras compram nossas riquezas naturais e estratégicas por preços ridículos, obviamente subfaturados.
    As empresas estrangeiras obtêm lucros altíssimos à custa dessas nossas riquezas naturais, que são finitas.
    Os lucros são potencializados, por conta da mão de obra brasileira, barata e sem direitos.
    Os altos lucros vão aquecer a economia dos países de primeiro mundo, onde estão sediadas as empresas estrangeiras que se apropriaram do nosso patrimônio.
    Para o Brasil sobra uma merreca do lucro e O RISCO AMBIENTAL, QUE NÃO HÁ DINHEIRO QUE PAGUE.
    É assim com a Vale, como já foi comprovado, e será assim com todo o resto do nosso patrimônio, se o povo brasileiro não acordar a tempo para o crime de lesa pátria que é entregar para os estrangeiros nossas riquezas naturais, finitas e estratégicas.

    PS: Desnecessário dizer onde e com quem fica a diferença entre o valor efetivamente pago e o valor faturado das empresas privatizadas.

    1. Por oportuno:
      Corrupção é crime grave e deve ser combatido com rigor.
      Mas está longe, muito longe, de ser o mais grave problema do Brasil.
      A corrupção está apenas sendo usada como cortina de fumaça para distrair a população brasileira, enquanto o país inteiro está se transformando em propriedade privada da plutocracia internacional. Incluindo nossa mão de obra, transformada em escravos de um neoliberalismo fundamentalista. Os escravos de hoje não passam pela dor e pela humilhação dos castigos e abusos físicos e psicológicos dos escravos de antigamente, mas em compensação quando não têm trabalho, também não têm comida, nem casa, nem remédio, nem nada.

    2. Bravíssima Emilia! E os imbecis repetem alto: privatizem tudo! Se o estado não intervir na economia com força e autoridade, vamos para a barbárie total. Mas com esta gente no comando, estamos ferrados

  2. Mas diziam que o capitalismo e a privatização iriam consertar tudo, ou consertar tudo é destruir e matar os pobres? Quando será que esse povinho acomodado vai chegar no ano de 1789??? Está demorando muito!!!

  3. O grave…Zema queria a ampliação da mineradora e facilitação de licenças ambientais, vai vendo o PARTIDO NOVO….Já não cabe impeachment? Vale financiou as campanhas de Zema e Bozo….tá na cara….

  4. É apenas a natureza reconquistando o que é seu. 2030 é o ano final que a ONU colocou como para fazer algo antes que a mudança climatica seja completamente irreversível, mas pelos “presidentes” que temos, parece que não vai ter nada de concreto até lá. Comecem a estudar herbalismo, jardinagem, agricultura, costura, pois depois de 2030, os filmes estilo Mad Max começarão a ser documentários.

  5. Quando a barragem de Mariana rompeu, antes houve um abalo sísmico de 2,8 graus na escala Richter. Eu gostaria muito de saber se houve alguma coisa do tipo desta vez também. Não posso explicar o porquê da minha dúvida. Mas seria conveniente a turma que trabalha com os sismógrafos verificar.

    1. quando vc lida com VIDAS não existe margem de erro.deveriam ser previstas para suportar um 10 da escala Richter ( logaritmica) ! mas,isso é mais caro,viú que o problema não é o tremor???

  6. Isto é só o começo. Com o pré-sal em liquidação, as praias da costa brasileira que aguardem.
    Desculpem, mas isto é o que o povo quer.
    Depois assistam na Globo uma jornalista (?) pungida com a dor dos que tiveram parentes assassinados.

  7. discordo frontalmente do Britto,PODE SIM DIZER CUAL FOI A CAUSA,——NEGLIGÊNCIA—– QUEM TRABALHOU COM TÉCNICA E CÁLCULO TODA SUA VIDA COMO EU SABE QUE NÃO EXISTE ACIDENTE ,DEVERIA SER BANIDA ESSA PALAVRA.
    SEMPRE EXISTE UMA CAUSA PARA UM EFEITO DETERMINADO E NUNCA É O ACASO.
    FOSSEM PUNIDOS SEVERAMENTE COM CADEIA PARA OS LIBERAIS —-ESTADO MÍNIMO—– DE SEMPRE NO CASO DE MARIANA,ISTO NÃO TERIA ACONTECIDO.
    JUSTIÇA DE MERDA ,RÁPIDA PARA CONDENAR UM LÍDER POPULAR SEM PROVAS ,—CÚMPLICE —DESTE DESASTRE.

  8. Não houve acidente, houve crime ambiental e de homicidio coletivo, gerados pela ganância capitalista.
    Daqui a um ano, quando as otoridade disserem que vão “estar apurando as causas do acidente”, podem pegar este artigo do Brito como laudo.

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