A gambiarra de Bolsonaro

No dia em que a perícia revela que foi uma “gambiarra” elétrica a causa do terrível incêndio do Museu Nacional, assistiu-se à instalação de uma “gambiarra” política no Palácio do Planalto.

Os encontros entre Jair Bolsonaro e os líderes dos partidos do Centrão é daqueles em que se poderia dizer: “fiz a ligação, mas não garanto que vá aguentar”.

Para aprovar a reforma na Comissão de Constituição e Justiça, algo mais rápido e de baixa tensão, é possível e até provável que aguente.

Mas todo mundo sabe que para a alta tensão e os dois meses, quase, da Comissão Especial da Previdência, os fios emendados depois de xingamentos e, sobretudo, da exclusão daqueles partidos da montagem do governo (exceção ao DEM, que é de uma cepa resistente a quase tudo) não suportam a carga.

O deputado Arthur Maia, do DEM e relator da tentativa de reforma de Michel Temer disse a Miriam Leitão que há uma conta presente na cabeça dos parlamentares: “dos 23 deputados que votaram a favor da proposta na Comissão Especial em 2017, só quatro foram reeleitos, dos 14 que votaram contra, 10 voltaram”. Um dos quatro que voltaram foi ele próprio, ainda assim perdendo votos em relação a 2014.

Isso, claro, importa muito mais que posições “de princípio”. E os parlamentares sabem que é preciso ter com que compensar o desgaste que sofrerão. E não será com a popularidade de Bolsonaro, que segue caindo e é das mais baixas  já registrada para um presidente na fase inaugural de seu mandato.

Essa história de que “conselhos políticos” e “diálogo” vão suprir as garantias de participação do Centrão no governo é como aquela velha frase de parachoques de caminhão: “Amor é lorota; o que manda é a nota“.

Pois isso, a declaração do presidente de que “caiu do cavalo” quem esperava que houvesse cargos neste entendimento é uma advertência a ele próprio, que cairá do cavalo se achar que abraços e sorrisos são o suficiente para garantir o circuito que pensa ter montado para ter apoio parlamentar.

Bernardo Mello Franco, em O Globo, diz que há problemas de confiança graves, pelos ataques que Bolsonaro fez aos representantes da “velha política” a quem fez salamaleques ontem: “o presidente inverteu o poema de Augusto dos Anjos: a mão que apedrejou é a mesma que afaga”, e que ninguem sabe o que essa mão fará amanhã.

Talvez, Bernardo, valesse lembrar outro dos versos de Augusto dos Anjos nos mesmos Versos Íntimos: “O beijo, amigo, é a véspera do escarro”.

É isso que assombra os deputados, assim que entregarem seus votos.

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7 respostas

  1. Segundo Twitter de seu filho Carluxo, o pai não é boneco de VENTRÍCULO (sic). Ventrículo esquerdo, nem pensar!

  2. Acho que estão sendo colocadas demasiadas esperanças nos eternos ladrões do dinheiro público.
    Esses lixos expôstos na imagem tem uma moral subterrânea ,ontem cuspiam-se na cara ,amanhã e dependendo do dinheiro estarão afundando o bando de trouxas que neles acreditam.
    .
    Nem a porcaría de oposição que temos é capaz de iniciar uma campanha ao alcance do povão por meio de outdoors,camisetas,blogs,redes sociais com perguntas bem simples ,por exemplo:
    SE A PREVIDÊNCIA DA PERDA ,PORQUE OS BANCOS QUEREM ADMINISTRA-LA? SAIBA POR QUE
    SE A PREVIDÊNCIA DA PERDA PORQUE SÓ OS TRABALHADORES PERDERÃO DIREITOS? SAIBA POR QUE
    ETC
    ETC
    Não estou errado cuando digo que neste país NÃO EXISTE ESQUERDA, só um bando de burguesses falando “bonito” e acomodando a bunda em suas confortáveis cadeiras..

  3. O simbolismo de um abraço . Neste abraço está o rodrigo Maia , A rede globo , a folha , o estadão , o STF , o STJ , A lava Jato , os grandes empresários nacionais e outros e outros . Todos eles protegendo o qué deles . Os demais que se f……………

  4. O simbolismo de um abraço . Neste abraço está o rodrigo Maia , A rede globo , a folha , o estadão , o STF , o STJ , A lava Jato , os grandes empresários nacionais e outros e outros . Todos eles protegendo o qué deles . Os demais que se f……………

  5. Os mercenários do Vem Pra Rua, involuntariamente, vão produzir algo de útil para os trabalhadores brasileiros. Anunciaram o mapeamento dos políticos que apoiam a extinção da previdência pública. Isto facilitará o nosso trabalho de publicar os nomes e as fotos deles, para que ninguém esqueça quem quer desgraçar a vida do povo.
    Esse voto vai custar caro.

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