A escolha das palavras é a escolha das ideias

enem

 

Com seu faro de professor, o velho mestre Nílson Lage chama a atenção para a didática imagem espalhada pelo Twitter.

 

Qual está “certa”, qual está “errada”?

 

Todas e nenhuma, dependendo de como o freguês da leitura dos jornais e seus sites tenha simpatia por vê-la, mesmo que não saiba que a tem.

 

É o que o discurso da comunicação faz: a partir de fatos reais, os projeta, como as sombras da caverna do mito platônico, em uma direção constante e em um só sentido.

 

E quando todo as luzes provém de um só polo e apontam uma única direção, é natural que a projeção seja a mesma.

 

Ainda assim, mesmo que com o monopólio da luz – ou para torná-lo mais eficiente – os “donos” da mídia sabem que a realidade está ali, teimosa, fazendo com que as pessoas tenha sua identificações, também ainda que incientes.

 

Em “O Globo”, para a classe média, são “moradores” que “reagem” aos “ônibus”, como se os ônibus e não seus ocupantes fossem a razão do espatifamento  dos vidros.

 

Para o “Extra”, da mesma empresa, já são “gangues da Zona Sul” que  “cercam” os “ônibus na saída da praia”, isto é, os carregados de gente pobre.

 

Uma e outra revelam os sentimentos de uma sociedade que não se reconhece como uma unidade.

 

Os moradores “reagem” à invasão do que julgam só seu, embora público.

 

E o público, o “ônibus na saída da praia”, reage ao sentimento discriminatório como se este se reduzisse às gangues – e é difícil dar outro nome à reunião de marombeiros dispostos a “dar porrada” –  e não contivesse  um fenômeno político de discriminação social (e não raro, racial) que vai além, muito além, daqueles microcéfalos.

 

As três chamadas, inclusive a da Folha – que chama a uns e a outros de “justiceiros” e “suspeitos de assalto” –  estão cheias de simplificações, como está cheia de simplificações idiotas o enfrentamento de um problema de convívio social que, se exige ações de segurança, exige muito mais ações de educação e de fixação de valores.

 

E não apenas do lado dos pobres, porque do outro lado da cerca, não importa de que lado se olhe, haverá sempre o medo, o ódio, a ferocidade.

 

Dá “cliques” , audiência e, lógico, faturamento à mídia vender o ódio.

 

O traço comum de escolhas diferentes de palavras e semelhantes de razões.

 

 

 

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10 respostas

  1. Redundância e uma prática PROPAGANDISTICA,utilizada às cansadas pelos fazedores de PROPAGANDA!Esta é mais uma,mas tem endereço certo,visa levar para a classe social mais abjeta da sociedade,a PEQUENA BURGUESIA, que não tem ideologia em virtude de não serem nenhuma coisa nem outra,meros INTERMEDIÁRIOS inter-classes,e que sempre deram suporte para qualquer tipo de NOVIDADE que a classe dominante lança no mercado,como vitrines de lojas,sempre cheia de olhos curiosos atrás do que lhes mandam achar que seja novo,e se achando o MÁXIMO.Supor que mudem,por sensibilidade,somente sensibilidade do tato,com relação a DINHEIRO!

  2. Texto primoroso.
    F. Brito acerta na mosca com um exemplo lapidar de como age nossa mídia corporativa.
    Lembra Chomsky…

  3. Fico com as palavras do Pomar em seu último artigo, “fascismo não se combate com bons modos” vamos pro pau com esses canalhas, se nos tratam como bichos devoremos todos !

    Outro fato curioso e que demonstra que algo de muito podre ocorre nos corredores de brasília ( minúsculo mesmo ) foram as labaredas no helicóptero da Presidente na última madrugada, vão tentar de tudo para golpear a democracia e esta deve ser defendida , ainda que a bala.

  4. Pra mim todos estão errados neste caso. A polícia, que não quer ter trabalho, é bem mais fácil pra ela impedir as pessoas do subúrbio de irem às praias.Por outro lado, muitos desses jovens que vão à praia realmente vão para roubar e se aproveitam da condição de menores( eu conheço vários deles) e quem mora na zona sul, que acham que do túnel prá lá é tudo deles. Reclamam até da árvore de natal da lagoa. Dizem que o lugar fica cheio. Já ouvi na rádio Tupi um comentarista morador de Copacabana dizer que seria bom se só tivesse show de música clássica na praia, porque as pessoas que vão ao evento são mais selecionadas.
    Pra mim apenas uma punição exemplar para todos os casos acima resolveria o problema. As pessoas tem que saber que se cometerem qualquer delito irão pagar pelos seus atos. Mas no Brasil isso não ocorre. Em maior proporção para os ricos, mas também com os pobres.

    1. Resido na periferia, periferia mesmo, observo de perto a juventude, presto bem atenção como agem, o que querem, o que pensam, seus anseios e angustias, seus desejos. É tudo muito complexo, passando pela educação, família ausente, décadas de abandono passado, publicidade e uma televisão aberta desmedida da realidade, egoísmo classista, não aceitação daquilo que seria seu legado, um nada, um invisível. O que está acontecendo no Brasil não foi da noite para o dia, é resultado de tantos anos de injustiça social, até quando quem era injustiçado não tinha ideia. Os últimos anos de governo de certa forma tirou um pouco essa invisibilidade, agora querem a qualquer preço voltar como antes.

  5. São peões do mesmo xadrez. Galos da mesma rinha. Gladiadores da mesma arena.
    Não vejo a intenção da mídia como sendo de “apenas” atingir a um público e vender notícia como quem vende chuchu na feira.
    As manifestações não foram suficientes pra implantar o caos. Agora é a vez do enfrentamento direto. É preciso que todos se sintam em guerra. E os dois lados (os agentes dos arrastões liderados pelo crime organizado e os agentes das milícias lideradas por grupos fascistas) talvez não saibam que, assim como os manifestantes do “contratudoquetaí” se prestam a reforçar a urgência do golpe e do surgimento de uma liderança capaz de botar um basta. Infelizmente, com a inércia das autoridades, com ambos os lados agressores nas mãos de gente poderosa dentro do próprio Estado, é bem provável que, se não conseguirem, ao menos farão um estrago a mais na democracia.
    Eu não rotularia esta possibilidade como paranoia logo de cara.

  6. A Constituição diz que a segurança é responsabilidade de todos. O cidadão pode capturar um meliante se tiver condições de fazê-lo. O problema é que esses elementos extrapolam e acabam transformando um direito do cidadão em crime hediondo.

  7. 1. Alessandro Molon abandonou o PT para a Rede, ele é:
    a) ingrato e analfabeto político
    b) coxinha e preterido
    c) fascista e casa grande
    d) reacionário
    e) LÚCIDO

    2. Hélio Bicudo, ex-fundador do PT, ingressou com pedido de Impeacment contra Dilma, ele é o quê?
    a) gagá e analfabeto político
    b) tucano
    c) ianque
    d) nazista
    e) LÚCIDO

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