A conta em Luxemburgo é o nó górdio do Caso Siemens. E Primo, o que sabe de tudo

primo

Está cada vez mais nítido que o acordo de delação premiada que se deve fazer para esclarecer o pagamento de propinas pela Siemens no Brasil não é com a empresa, mas com seu ex-presidente, Adilson Primo.

Presidiu a empresa por toda a primeira década de 200 e sabe de tudo o que se passava ali.

Seu advogado, o espertíssimo Antonio Cláudio Mariz de Oliveira,  sabe que essa história de que ele assinou sem ler os papéis da conta em Luxemburgo, que a própria empresa quis fazer desaparecer sem deixar pistas, não vai colar nem com SuperBonder.

Primo jamais iria usar os serviços da própria Siemens para abrir uma conta se estivesse roubando a própria Siemens.

E muito menos a Siemens alemã despejaria dinheiro nela, se não fosse com alguma finalidade negocial.

Se fosse um desvio pessoal de dinheiro não se mobilizaria um trinca – dois dirigentes da empresa e um advogado internacional, para mandar Sergio de Bonna, controller da Siemens, colher uma simples rubrica numa ficha de encerramento de conta, como publica hoje o Estadão.

A história é inverossímil, de cabo a rabo.

Está evidente que a Siemens quer enfiar esta patranha nas costas de pessoas físicas.

E a imprensa está aceitando este jogo, porque não quer ver que a grande beneficiária de negócios ilícitos não é a figura de Primo nem os operadores das consultorias offshore contratadas pela empresa.

É a Siemens, que abiscoitou contratos de bilhões.

E, claro, quem os concedeu por propina.

A Justiça da Alemanha e a dos EUA, que não são “bobinhas” como a imprensa brasileira não livrou a empresa por lá, embora tenha também apurado a responsabilidade criminal dos agentes de sua corrupção.

A conta em Luxemburgo é “troco”, com seus US$ 7 ou 8 milhões.

Pode até ser “comissão”, mas não é o bolo.

O trem pagador andou por outros trilhos e Adílson Primo sabe em que estações ele parou.

Por mais que tenham pingado uns trocados – trocados de milhões – para ele, quem comeu o bolo foram outros, os que concediam vantagens à empresa.

Primo vai ter de escolher e seu advogado sabe disso.

Ou entrega o esquema em troca de uma delação premiada – o que a Siemens está tentando fazer contra ele, com o acordo de leinência com o Cade –  ou vai confraternizar com o ex-colega de faculdade José Roberto Arruda no xilindró.

E porque Primo não fala?

Ele está esperando para ver o que o peso político das gares onde parou o trensalão da Siemens consegue fazer.

Se o Ministro Marco Aurélio Mello mandar devolver o inquérito a São Paulo, fica mais fácil desarmar o homem-bomba.

 

 

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4 respostas

  1. Com esta justiça leniente com os seus pares, duvido que seja plenamente investigado e chegue aos verdadeiros corruptos e corruptores.
    O sistema está devidamente aparelhado.

  2. A punição de grandes figuras políticas, até os dias de hoje, se deu primeiramente com a imagem deste, via mídia.

    Considerando a cooptação da mídia pelo PSDB (partido quadrilhado com a Siemens), não confio em punição para as “grandes figuras políticas” informadas, tampouco os “figurões econômicos” que suportam os “políticos”.

  3. Com a justiça que temos, muito bem conhecida no “mentirão”, nada vai acontecer aos tucanos.

  4. PF pede documentos aos EUA para investigar cartel tucano

    03 jan 2014/0 Comentários/ destaque /Por Equipe do Blog
    Deu no Painel político da Folha de S.Paulo hoje: a Polícia Federal (PF) prepara pedido de documentos aos Estados Unidos para apurar o cartel nos transportes públicos no metrô e na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), montado e que, pelo que indicam as investigações até agora, deu prejuízo de até R$ 1 bi ao Estado (pagamento de propina, aditivos contratuais, contratos superfaturados…) e operou a pleno vapor nos governos tucanos de Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra.

    A PF quer documentos de um processo em que a Siemens foi condenada por fraude fiscal e distribuição de propinas naquele país para consolidar as investigações a formação do cartel, com participação da multinacional alemã, nos contratos do metrô e trens nos governos tucanos paulistas. A Siemens, lembra o Painel da folha, foi condenada nos EUA pela mesma acusação que sofreu na Suíça, de onde se originou o inquérito em curso no Brasil.

    Os investigadores brasileiros do escândalo do tucanato esperam que as informações do processo americano ajudem a revelar detalhes sobre a triangulação do dinheiro que teria sido usado pelo cartel para corrupção no Brasil. Para a PF a movimentação financeira pode ter sido feita em paraísos fiscais como as Ilhas Virgens Britânicas, onde estão empresas já arroladas no inquérito brasileiro.

    E a Folha hein!!! Como não se esquece de apontar o ex-ministro José Dirceu, dá as notas a respeito do pedido da PF e do cartel tucano no seu velho estilo: sem citar os tucanos, patronos do cartel já que pelas dimensões em dinheiro e pelo seu tempo de duração, o esquema não teria funcionado sem a anuência e a participação de agentes públicos do governo e do PSDB paulistas. Mas, a Folha noticia como se os governos em que o cartel funcionou não tivessem partido, não fossem tucanos.

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