A ameaça do óbvio

A nota do presidente da República, usando o “copia e cola” de trechos da Constituição, parte das premissas legais para ameaçar com uma ilegalidade.

Que as Forças Armadas estão sob “a autoridade suprema do Presidente da República” ou que se destinam “à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais” e, “da lei e da ordem” não é senão isso, a repetição do óbvio, o que, claro, é uma espécie de vestibular por onde se acede ao absurdo.

E o absurdo vem em seguir, ao enunciar-se que “”As FFAA do Brasil não cumprem ordens absurdas, como p. ex. a tomada de Poder. Também não aceitam tentativas de tomada de Poder por outro Poder da República, ao arrepio das Leis, ou por conta de julgamentos políticos”.

Qual é a ordem que as Forças Armadas receberam? O que poderia haver de “absurdo”? Qual é a “tentativa de tomada de Poder por outro Poder da República”?

Não há sinais de que o Judiciário esteja a caminho ou tentando “tomar” o Poder Executivo. Segue, como é seu papel, tendo uma postura de agir somente quando provocado e o que fez, ao dizer que não é, como evidente, papel das Forças Armadas serem “poder moderador” da República, nada além de ler a Constituição, onde não existe esta expressão ou sequer esta ideia.

A ideia de ‘poder moderador” instituído não tem abrigo na concepção de República, porque é uma ideia (aliás, do positivista Benjamin Constant) de que este poder pertencesse ao rei ou, no caso do Brasil, ao Imperador. Na República, a composição – e desarmada – dos conflitos é do Judiciário, desde a primeira constituição republicana, aliás feita sob a égide de um governo de militares.

A nota, se não acrescenta nada pelo conteúdo, tem assinaturas que significam muito, porque ameaçam, ao fazer-se o Ministro da Defesa subscrever um texto de evidente confrontação à Justiça.

Nenhum presidente (ou presidenta) confrontado por processos judiciais ou legislativos jamais usou o expediente de acenar com que as Forças Aramadas estavam sob seu poder.

Quem faz isso, e isso inclui os três signatários da nota, só pelo “lembrete nem tão amigo” já merecem o nome de golpistas.

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7 respostas

  1. Desmantelado o acampamento dos 300 em Brasília pela PM. Não tinha mais que 20 pessoas ao todo e 7 barracas pequenas. Mas Sara Winter exigiu que o bozo reagisse. Ótima ideia. Não vai reagir “Presidente Bolsonaro”? Reage vamos! Pegue os seus filhos que são tão valentões… Um deles ontem foi escrachado num shopping em Brasília e ficou calado. Foi o fôfo do Caluxo. Comentários aqui em baixo instam os militares e o governo a reagirem, a cumprirem logo o que ameaçam! É isso mesmo. Cachorro que late não morde. Vamos lá valentões! Estão esperando o que para fazer valer a autoridade das “Forças Armadas”? Vamos ver quem vocês são realmente, além do blefe que já todo mundo está percebendo. Não vão sair por aí batendo nos brasileiros que sustentam esta estas inúteis FFAA?

  2. O golpismo é um câncer que só acabará no dia que houver uma tentativa e o povo for para as ruas e derrotá-lo.

  3. Qual é a ordem que as Forças Armadas receberam?
    O incompetente que preside o anti governo deve estar se referindo a uma previsível ordem absurda de um presidente que manda prender quem cassou seu mandato com base na lei.

  4. Que estmaos sob um governo militar e autoritário, nã resta a menro dúvida. Falta saber até quando as instituições republicanas e democráticas serão toleradas. Diante desta nota, nota-se que é questão de tempo, e pouco…

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