“Maré Bolsonaro” reflui primeiro nos grandes centros

Daniel Bramatti e Caio Sartori,  no Estadão,  fazem um excelente trabalho ao separar os índices de aprovação de Jair Bolsonaro, por renda, região e características das cidades onde vivem os entrevistados.

Ainda é forte, está  evidente, o rescaldo da maré de ódio que submergiu o Brasil, mas é perceptível como ela se tornou vazante e, como todas as marés políticas, correndo, ao esvaziar-se, das capitais para as periferias e daí para o interior.

Perder mais de um terço do apoio com que contava nas capitais e quase isso, consideradas as cidades com mais de meio milhão de habitantes é sinal inequívoco disto e com menos possibilidade de ser uma distorção estatística, porque são todas elas pesquisadas a cada edição dos levantamento.

As perdas só não são maiores porque, como a comprovar a alienação dos brasileiros mais bem aquinhoados, a queda no prestígio deste governo cai menos entre os de maior renda (-22%, para os entrevistados com renda acima de 5 salários mínimos) e escolarizados (iguais 22% entre os que possuem nível superior).

É impossível, claro, antecipar se este desgaste se aprofundará ao ponto de tornar-se uma parede de rejeição, mas é certo que, pelos dados de hoje, ser “o candidato do Bolsonaro” não será a catapulta de desconhecidos e despreparados como foi nas eleições de outubro passado.

Este vai ser um dado importante na batalha da reforma da Previdência, o cenário dominante da política brasileira até o final do ano, provavelmente. Votar com o governo Bolsonaro neste tema vai tomar, progressivamente, ares de “pena de morte” para os deputados que pretendem entrar na disputa de prefeituras, e não são poucos.

E a razão não é apenas a conquista de uma extensão de mandato político, mas também uma estratégia – que já foi objeto até de estudos acadêmicos – de reforço de imagem e de chances de sucesso para a reeleição para a Câmara.

Não se espere, portanto, que o “Centrão” vá ficar, como declaram alguns, nas “emendas de perfumaria”, que não alterem o potencial de saque da reforma.

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12 respostas

  1. Acho que esses números são bem maiores. Na minha família, por exemplo, de cada 10 pessoas, só um ou dois ainda resistem em reconhecer que a coisa não está bem.

    1. Acabo de notar pelo seu comentário que me desfazer do contato com gente muito bolsonarizada pode ter sido afinal um erro para o meu setor de informações. Mas vou botar na conta da auto-sanidade e me beneficiar de pessoas que podem passar essa informação. É o infalível DataFamília.

    2. Verdade…..Verifico isso entre vizinhos, colegas e conhecidos…A medida que a recessão economica avança, e suas aguas começam a subir e invadir os camarotes das classes médias, a popularidade do governo cai. Gente que perdeu o bom emprego que tinha com carteira assinada, gente que está com seu imóvel vazio sem conseguir alugar, gente que a cada dia nota o sumiço de clientes, gente que sente o baque no bolso cada vez que abastece o carro (ou que não consegue pagar o conserto do mesmo), gente que teve que tirar os filhos do colégio particular etc.. etc…Além da queda no padrão de vida, muitas pessoas começam a perceber que esse empobrecimento pode piorar e que não há nenhuma perspectiva de alteração de rumo…E nem chegamos ao meio do ano.

  2. O problema é que prossegue sem descanso a destruição do estado brasileiro na mesma velocidade que a popularidade desse desgoverno derrete.
    Não vai ter mais Brasil no final desse mandato.

    1. O processo de destruição se iniciou assim que Dilma foi reeleita e ganhou força a partir da eleição de eduardo cunha para a presidência da câmara, acentuou-se tão logo começou o “governo” temer. O “governo” de plantão apenas acelerou o ritmo. O brazil já está, portanto, há mais de 4 anos imerso num processo de destruição. Vai sobrar muito pouco e isto será irreversível.

  3. Este desgaste não está em linha com o que esperam a imprensa, os bolsonaristas e os neoliberais da turma do “privatisa tudo”. É curioso que com todo o esforço da mídia e agora sendo monitorada pela pós-verdade, foi preciso um golpe de força avalisado pelo judiciário para fazer voltar o governo para as mãos do poder econômico. A impressão que passa é que, mesmo o nosso povo sendo meio bobalhão, crente e despolitizado, não dá para acreditar na instituição da mentira e manipulação das opiniões tendo a realidade debaixo do nariz e dentro do bolso. Ainda assim é preciso denunciar a pós-verdade que cria uma território de informação dissociada dos fatos e em linha com os interesses dos poderosos, do capital financeiro e especulativo onde o dinheiro é transformado em mercadoria, a riqueza do pais é saqueada para se transformar em números (antes era em papéis) e sujeita a toda sorte de malandragens para aumentar os lucros dos “investidores”.

    1. A realidade pode ser maquiada por algum tempo, mas, cedo ou tarde, ela se impõe, impiedosamente.
      E essa realidade até o “governo” bozo-miliciano vai ter que encarar mais dia menos dia!

  4. Não existe nada mais patético e insano do que um pobre apoiar Bolsonaro, seja no início do mandato, agora, há vinte anos atrás ou daqui a mil anos. Só no Brasil.

    1. A meu ver, insano é alguém que ganha mais, tem mais estudos, etc. apoiar o Bolsonaro. Moro numa região pobre sem ser miserável (sertão norte baiano). As pessoas são informadas, quando o são, pela TV ou pelas rádios locais, acessando muito poucos a internet para ver política, até mesmo porque, nos blogs progressistas, as matérias são frequentemente muito longas e demandam alguns conhecimentos. As rádios são um horror (na minha região, não conheço nenhuma exceção).

    2. Foram enganados pelos pastores. O sujeito se apresenta de paletó e gravata, fala aos pobres em nome de Deus, ameaça com o demônio, eles têm que acreditar. A classe média tão esclarecida pela Globo não acredita no dentista que cura o câncer com doses de testosterona?

  5. EM SEIS MESES, NO RITMO DE AUTO-DESTRUIÇÃO DA ECONOMIA, POUCO RESTARÁ DO SONHO DO IV REICH FASCISTA DO SUL…
    BOSÓMINIONS AGORA COMEÇAM A SENTIR NO BOLSO E NOS CAIXAS DAS EMPRESAS O RESULTADO DO ÓDIO SEM SENTIDO QUE DESTILARAM DURANTE 4 ANOS…
    E, QUANTO MAIS RÁPIDO MELHOR! ALÉM DISSO, TEREMOS A AJUDA IMENSA DO BOSÓMACRI , O OUTRO IDIOTA FASCISTA ELEITO ALI NA ARGENTINA, E QUE AGORA AFUNDA FEITO UMA PEDRA…
    SAÍDA DE DÓLARES VAI ACELERAR DEVIDO À INTER-DEPENDÊNCIA ECONÔMICA ENTRE AMBOS OS PAÍSES!
    AFUNDA RÁPIDO BRAZZZIL!

  6. Um pequeno comentário sobre o sistema de aposentadoria que a dupla satânica Bozo-Guedes quer implantar no Brasil.
    A coisa é tão desgraçada que eu não desejo esse mal nem mesmo para os eleitores do Bozo (a parte que foi ludibriada; o bolsomínion autêntico bem merece, haja vista sejam eles responsáveis pela beira de abismo em que todo o Brasil se encontra e bem merecm comer o pão que amassaram!)

    https://youtu.be/JE5myCvDuuM

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